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02 outubro, 2012

Meu serviço militar (1962-2012)...há 50 anos!!


Inicio homenageando alguém que não conheci, mas que gostaria muito de ter conhecido: meu avô materno Pradelino da Costa Medeiros
Ele não foi um militar, mas minha mãe guardou com carinho um certificado militar que pertenceu a seu pai. Herdei dela este precioso documento cujo teor transcrevo abaixo:


O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil.

Faço saber, ao que esta Carta Patente virem, que, por decreto de 18 de julho de 1904, foi nomeado Pradelino da Costa Medeiros para o posto de Alferes da 4a Companhia do 110o Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional da comarca de Bagé, no Estado do Rio Grande do Sul, e como tal gozará de todas as honras e direitos inerentes ao posto; pelo que mando à autoridade competente que lhe dê posse depois de prestada a solene promessa de bem servir aos Oficiais Superiores que o reconheçam, e a todos os seus subalternos que lhe obedecam e guardem as suas ordens. Para lhe servir de título, lhe mandei passar a presente carta, por mim assinada, e que se cumprirá depois de selada com o selo das Armas da República.
Palácio da Presidência no Rio de Janeiro, em vinte e seis de dezembro de mil novecentos e quatro, décimo sexto da República.

Francisco de Paula Rodrigues Alves



Não poderia deixar passar em branco a data... Aqui, meu pai e eu quando servimos no mesmo regimento.


Na recente foto de Cleuza Pino da Rosa, o Nono Regimento de Infantaria, de Pelotas-RS, como era chamado no ano de 1962, e por muitos anos. O prédio é ainda pintado da mesma cor. Por 9 meses adentrei este portão e algumas vezes fui guarda em uma destas guaritas.



Algo interessante... um dos soldados da foto do dia em que demos baixa encontrou-me através da Internet. Ele foi esperar-me no aeroporto em Porto Alegre em anos recentes, depois de quase 50 anos! Mas nossos caminhos já haviam se cruzado bem antes! Foi meu "coleguinha" do grupo escolar Dom Joaquim Ferreira de Mello e, por termos a mesma idade, fizemos juntos o serviço militar. Hoje "matamos a saudade" e recordamos o passado pela Internet. 


Ainda que quase todos estejam sorrindo, inclusive eu ao lado do amigo, lembro-me de que para mim este não foi um dia alegre. Nove meses de convivência diária com os rapazes foi uma experiência bastante enriquecedora. Hoje, soube pelo amigo (leia o que me escreveu, nos comentários, ao final desta postagem), que alguns já faleceram, de outros ele não sabe notícias, e fico pensando... quantos ainda estarão vivos ou como estarão?


Como já tenho contado, no mesmo ano de 1962, em que me tornei soldado da Pátria, tornei-me também soldado do Exército de Salvação. No primeiro, peguei nas armas, espingarda, mosquetão e revólver, que me lembre, no segundo, peguei na "espada" como é chamada a Bíblia. Na foto, estou ensinando crianças na escola dominical do Corpo de Pelotas em uma manhã fria do inverno de 1962. Muitas crianças e pouco espaço no salão... minha turminha teve que ir para o pátio. Estou de uniforme militar, o que naquela época era obrigatório usar mesmo aos domingos. O uniforme salvacionista vesti com orgulho tão logo dei baixa do primeiro exército.

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ooooooooooooo
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Outros recuerdos...

Ir para o quartel de bicicleta, muitas vezes pedalando sobre geada forte que caíra na noite anterior.
Um dos poucos evangélicos no regimento, enquanto que hoje há reuniões para eles em salão lotado, como tive oportunidade de pregar em uma dessas reuniões já em 1994.
O coral de quase 900 vozes masculinas que cantava e marchava a cada manhã, belo som que ressoa aos ouvidos até hoje.
Ao ouvir o video da Banda dos Fuzileiros Navais em sua apresentação em Edimburgo, Escócia, nossas paradas matutinas foram lembradas quando a banda citada canta Qual cisne branco em noite de lua, vai navegando no mar imenso..., hinos das Forças Armadas que aprendíamos a cantar.

E vou parar por aqui antes de ter de pegar não um cisne, mas um lenço branco... Nos traz saudade da Patria amada, da Pátria minha em que tanto penso.

http://www.youtube.com/watch?v=w82RmfGedbU

Leia a outra postagem que escrevi sobre meu serviço militar - praticamente uma continuação desta - quando conto coisas pitorestas que hoje me fazem com saudade lembrar... e corar, por exemplo:

- o que Elvis Presley e eu tivemos em comum - fui um "cabo de meia tijela" - o vexame que meio que passei diante de centenas de soldados...
etc.-

e mais:

... quando o som da banda sumiu e foi trocado pelo som dos passos pesados dos soldados em marcha, o que acontece na nossa vida, 
e
o emocionante poema que o soldado escreveu para Deus antes de morrer.

http://paulofranke.blogspot.fi/2009/01/servico-militar.html

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Próxima postagem:



2 comentários:

  1. Paulo, quando posso e estou por lá, sempre passo pelo velho Nono Regimento.
    Anos passados, quando da minha aposentadoria, estive no quartel buscando uns documentos e, incrível, estava tudo lá, bonitinho, arquivado, etc. Tinha até um elogio para mim que eu não me lembro de ter recebido.
    Um detalhe que me deixou orgulhoso, foi o seguinte fato: Fui lá com meu filho menor e solicitei licença ao oficial-de-dia para visitar o quartel. Ele me olhou e perguntou: Você serviu aqui? Diante da minha resposta ele me disse; não preciso designar ninguém, a casa é sua!
    Fiz um passeio por todo o quartel, e me detive na CC2, nossa companhia. Não era mais usada como companhia e sim como um depósito de colchões. É a vida... O quartel hoje tem pouca gente e até mudou de nome.

    Sergio

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  2. Caro amigo como é bom revivermos algumas lembranças relacionadas a nossa vida não é mesmo?
    Como é bom reencontrarmos pessoas de outros tempos de nossa vida!
    Destaco a semelhança entre você e seu pai(muito grande mesmo!).
    Um abraço!

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