30 dezembro, 2007
Sozinho no meio da multidão, em Estocolmo.
Precisando viajar até Estocolmo, eu levara só uma mochila, mas sentia-me como que carregando um fardo e totalmente por fora daquele ambiente festivo. O motivo que me levara até a linda cidade me deixava inseguro principalmente com relação ao futuro próximo. Contrastando com o que via ao meu redor, sentia-me em meio a nuvens frias de dúvidas e desânimo. O assunto que me levara a Estocolmo estava encerrado e eu precisava "fazer hora" até a partida do navio que me levaria de volta à ilha de Åland, entre a Suécia e a Finlândia, onde vivíamos.
Sentei-me então em um degrau de uma imensa escadaria onde centenas de pessoas faziam o mesmo. Sozinho na multidão - triste experiência! - nada era familiar naquele momento em que eu precisava como nunca de um ombro amigo. Então, de repente - bendito instante! - ouvi o som de um órgão tocando estranhamente não uma música moderna para combinar com a multidão, mas um antigo hino muito familiar para mim. Feliz coincidência?
Falei-lhe, um tanto emocionado, que fora atraído pelo som de seu órgão e que conhecia em português o hino que tocava. Com um sorriso, falou-me: "Então cante-o em português!" Naquele momento as centenas de pessoas na grande praça ouviram nossa língua ao cantar aquelas palavras que vinham direto ao meu coração, trazendo-me encorajamento, esperança e ânimo para enfrentar a nova página que teria de virar na minha vida.
Aflito e triste coração, Deus cuidará de ti; por ti opera a Sua mão, Deus cuidará de ti.
Deus cuidará de ti, em cada dia proverá; sim, cuidará de ti, Deus cuidará de ti.
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Na dor cruel, na provação, Deus cuidará de ti; socorro dá e salvação, pois cuidará de ti.
A tua fé Deus quer provar, mas cuidará de ti; o teu amor quer aumentar, e cuidará de ti.
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O que é mister te pode dar Quem cuidará de ti; nos braços Seus te sustentar, pois cuidará de ti.
Precisei retirar-me do local, mas o fiz de cabeça erguida, certo de que "Aquele que cuida dos pequenos pardais" também cuidaria de mim. E isso de fato aconteceu.
Voltei ao local no verão de 2008 e o fotografei, na foto deserto ao contrário da ocasião quando me senti sozinho no meio da multidão.
Isso pode acontecer também a você, querido leitor, neste final de ano ou mesmo em qualquer momento ou circunstância difícil que lhe traga o novo ano. Basta somente deixar ligadas as antenas de sua fé em Deus, e perceba o milagre do livramento de que você tanto precisa!
Link:
O hino, em versão em português:
http://www.youtube.com/watch?v=VvZKSkMxFsI
27 dezembro, 2007
A palavra AMÉM e seu forte significado
17 dezembro, 2007
Aos amigos, meus "cartões de Natal".
O espírito do Natal - que é Paz
O coracão do Natal - que é Amor
Parabéns, Aaron, pelo teu primeiro Natal como pai, neste ano de 2007! E aí vai a tua foto aos dois anos, quando caiste no sono no hall de entrada do Moody Institute, em Chicago, em dezembro 1981.
Anneli não se considera uma fotógrafa, mas olhem a foto que ela tirou logo após o Natal de 1981, viajando com nossos filhos e com seu irmão, pastor Markku Hämäläinen, e família, pelo sul do Canadá! Foto de concurso, não acham?
Irmão Pedro Franke, guardo sempre este bonito cartão de Natal que tu me mandaste quando eu fui para São Paulo em 1964, o primeiro irmão a sair de casa. E que saudade do meu chão distante eu sentia!
O CAMELO disse... nada de mim tinha para dar ao Menino nascido em Belém. Então transportei os magos que seguiam o caminho da estrêla. Dei meu fôlego ao Menino. E o boi disse: o frio na noite santa era tão áspero que entrei no local da manjedoura para me aquecer. Mas vi lá um Menino com frio, e sua mãe e seu pai... e não pensei mais em mim. Aqueci-O com o que tinha de meu: meu pobre alento. A cabra falou pouco: eu lhe dei do leite de meu filho. A ovelha disse: nada lhe podia dar e me deitei aconchegada ao Menino para aquecê-lO na noite álgida. Dei-lhe muito pouco: dei-lhe apenas meu calor. Um jumento: quando o rei Herodes mandou decapitar criancas, eu O levei na fuga para o Egito. Veio o peixe e disse: eu saltei para o barco de Pedro. Eu lhe dei a fé. O grão de trigo falou: eu me multipliquei quando Ele m'o pediu. Dei-lhe a ceia. A água: eu me transformei em vinho. Dei-lhe o meu sangue. E veio o homem, o homem sábio, único entre os animais que possui o segredo da eternidade. O homem que é rei da criacão e proprietário do livre-arbítrio. E o homem disse: EU LHE DEI A CRUZ.
Foto que tirei do Campos dos Pastores em Belém, Israel, 1986.
"O LOUVOR, E A GLÓRIA, E A SABEDORIA, E AS ACÕES DE GRACAS, E A HONRA, E O PODER, E A FORCA, SEJAM AO NOSSO DEUS PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS. AMÉM" (Apocalípse 7:12)
12 dezembro, 2007
Você sabe o significado de sua decoracão de Natal?
Coroa do Advento - costuma ser usada desde o primeiro domingo do Advento, como sinal de esperanca da vida nova que o Natal traz.
Presentes - são símbolos do presente que Deus deu à humanidade: Seu Filho Jesus Cristo. Nossos presentes deveriam simbolizar nosso amor pelos semelhantes.
Ceia - é o símbolo do banquete eterno para o qual devemos estar sempre preparados pela nossa íntima comunhão com Deus.
Estrela - além de lembrar a estrela que guiou os magos até Belém, simboliza também os filhos de Deus, que são como as estrelas do céu.
Vela - lembra ao cristão sua responsabilidade como luz do mundo, a espalhar seu brilho entre os homens. A tradicão diz que Martinho Lutero foi a primeira pessoa a colocar velas na árvore de Natal.
Sinos - falam da alegria que deve acompanhar o cristão durante toda a sua vida até chegar às portas do céu, que o Salvador nos abriu.
Lacos e enfeites vermelhos - lembram-nos, com essa cor de sangue, da Encarnacão que se operou no Natal.
Meias na lareira - ao entregar presentes aos pobres, o bispo de Mira, na Ásia Menor (hoje Turquia), deixou cair pela chaminé de uma casa uma sacola cheia de preciosidades que caiu por acidente dentro de uma meia que secava diante da lareira. Nicolau, seu nome, inspirou o "Papai Noel".
Presépio - faz-nos sentir a beleza da cena que se passou na gruta de Belém, verdadeira licão de humildade, simplicidade e amor. "E o Filho de Deus se fez homem e habitou entre nós."
NOTA - Esta é a primeira parte do meu "cartão de Natal" aos caros leitores do meu blog; nos dias que antecedem à festa magna da cristandade outras postagens serão feitas.
Já vem perto o Natal; canta o verde pinhal,
Há sons festivos no ar, vibram acordes no lar.
***
Cessem prantos e dor, vence as mágoas o amor
Do meigo infante Jesus, que muda as trevas em luz.
***
Folga o meu coracão; ouve a doce oracão
Da multidão celestial: "Já está perto o Natal!"
08 dezembro, 2007
A igreja da minha infância e início da juventude
O belo templo em estilo gótico da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil em Pelotas, RS, de proporções grandiosas para a época, foi dedicado no dia 17 de outubro de 1909, embora a igreja já estivesse estabelecida na cidade desde 1892, sendo o seu primeiro pároco o americano reverendo John Gaw Meem. No ano de 1956, o filho de John Gaw Meem, com sua esposa e filha vieram dos Estados Unidos visitar a igreja, ocasião da qual me recordo muito bem.
Uma característica marcante do templo é a chamada hera (na verdade, "videira americana... selvagem", classificacão botânica correta) que cobre as paredes externas e a torre, dando um colorido variado que vai do verde ao cinza, passando pelo vermelho e o roxo, de acordo com a estação do ano, bem mais definidas do sul. Em 1989 foi instalada como Catedral a até então Igreja do Redentor.
O ministério do Reverendo José Del Nero (1912-1970) - casado com a americana D. Elizabeth, e que tinham duas filhas, Marcelina e Agnes - por ter abrangido a década de 50, é o de que mais me lembro. Hoje leio em um livro sobre a igreja que Del Nero era "um teólogo, missionário, ecumênico, contestador e um tanto polêmico". Criança e depois adolescente, eu não percebia essas características no pároco de quem meu pai muito gostava e a quem admirava. De alguma forma eu também gostava dele. Apesar de ser um homem sério, sempre me dirigia uma palavra, dando-me a forte impressão de que gostava de mim. Hoje, lendo sobre seu ministério, penso se não herdei algumas de suas características... De uma coisa me recordo: eu não me limitava a assistir ao culto matutino, ocasião em que minha família, pais e 5 filhos, ocupava praticamente um banco da igreja, mas era o filho que muitas vezes acompanhava meu pai ao culto vespertino. Éramos então os dois no nosso Austin A-40, chegando bem cedo para ouvir o Rev. Del Nero tocar no órgão elétrico Hammond músicas de Johann Sebastian Bach, de quem era intérprete excelente, como que dando um recital e assim atraindo pessoas da igreja ou não ao culto que viria a seguir.
Certa vez visitou nossa família um simpático reverendo que chegara à cidade para também trabalhar na obra do Senhor, Reverendo Albino Winkler, casado com D. Georgeta, e que se faziam acompanhar de seus filhos, Eliezer e Edna. Naquela visita fiz amizade com Eliezer, amizade que perdura até hoje. Na década de 60 este meu amigo casou-se com Adiles, uma prima em terceiro grau, filha também de fiéis membros da igreja, Franciso de Paula e Ruth Barum Macedo, ela prima em primeiro-grau de meu pai, um casal saudoso que irradiava a luz de Jesus em suas vidas.
Embora no ano de 1962 tenha ingressado no Exército de Salvação, sempre mantive boas relações com a igreja da minha infância e início da minha juventude, visitando-a praticamente a cada vez que ia em férias a minha cidade natal. Quando completei 50 anos, visitei-a e fotografei o livro de batismos na página onde meu nome estava registrado. Embora tivesse nascido em outubro de 1943, fui batizado no dia do aniversário de minha irmã mais velha, em 13 de fevereiro do ano seguinte. Norma, como se chama, conheceu seu esposo, o saudoso cunhado Adroaldo Nebel, nas atividades da igreja, e de toda a família é quem permanece até hoje como membro, idem sua filha Luciana, a quem com minha outra irmã, Neiva, levei à pia batismal da igreja.
Na mesma ocasião em que fotografei o livro de batismos, na vestiaria da igreja, fotografei também um vitral do mesmo lugar (abaixo), com o significativo versículo de Provérbios 8:17, em versão antiga: "Os que de madrugada me buscam me acharão". Associei-o naquele momento ao inciar de nossa vida (a madrugada), quando pelos nossos pais fomos encaminhados à fé.
Os textos abaixo, em itálico, foram extraídos do livro de meditações "Edificação Diária", que Deus me deu a oportunidade de escrever. Em algumas meditações a igreja é mencionada.
Comecei a cantar no coral - regido por D. Eunice Lamego, sua fundadora, e tendo como organista D. Eloísa Duval da Silva, ambas de saudosa memória - no ano de 1959, quase no seu início.
Recordo-me das noites frias do sul quando nos reuníamos para ensaiar no templo iluminado somente na galeria. Algum tempo depois, no templo totalmente iluminado disfarçávamos a nossa insegurança ao apresentarmo-nos publicamente pela primeira vez. Pouco a pouco o nosso repertório foi sendo acrescido de consagrados hinos evangélicos, de "negro spirituals", de cantochões do século IV, cantados a capela ou com o acompanhamento do órgão. O número dos componentes aumentou. Éramos então citados no jornal local por um músico eminente que muito apreciara a nossa primeira apresentação. As audições especiais de Natal eram sempre um acontecimento marcante, acentuado pela beleza do grande pinheiro enfeitado. Ainda que daquele coral só restem lembranças e nenhuma gravação, penso que todo o louvor que subiu até o santo trono de Deus está, de alguma forma, arquivado cuidadosamente por Ele. Então, um dia, quando estivermos novamente juntos, na glória do céu, faremos parte do grande coral de vozes celestiais, de acordo com um hino que fazia parte de nosso repertório natalino: "... E quando enfim reinar a paz dos salvos pelo amor, o coro imenso então será e santo o seu louvor".
O hinário evangélico mais antigo do Brasil, o "Salmos e Hinos", era o usado pela igreja na década de 50 e nas anteriores. Na foto acima, pode-se ler, junto com a assinatura de meu saudoso pai, a data de 3 de setembro de 1933, quando tinha 20 anos. Assim, por muitos anos meu pai o abriu para louvar a Deus com sua forte voz. Hoje, examinando o hinário, percebo que, devido ao uso contínuo, seu dedo ficou como que impresso na parte inferior, onde é comum segurar-se um hinário aberto. As páginas do papel de boa qualidade hoje estão amareladas, mas as marcas ainda assim estão nítidas, como que atestando o valor daqueles hinos também à fé e à vida de meu pai. A propósito de marcas, impressões, influências, exemplos, alguém assim se expressou: "Palavras emocionam, exemplos arrastam". Que como pais possamos deixar marcas da nossa influência espiritual nos nossos familiares, arrastando-os não compulsoriamente porém espontânea e de todo o coração a Deus. Então, quando o verde do verão se tornar avermelhado pelo outono da vida, lembrando as diversas colorações da hera que reveste a igreja, o Senhor continuará a ser o "Castelo forte" - hino da Reforma que muito cantávamos na década de 50 - como foi aos nossos pais terrenos, é o nosso e o será de nossos descendentes.
O grande coral do Congresso, dirigido pelo Rev. Jaci Corrêa Maraschin.
Muitas mulheres episcopalianas são muito ativas nas atividades da igreja. Minhas primas Adiles e Marília - esta última que partiu em anos recentes para estar com o Senhor, sendo "transferida da igreja militante para a igreja triunfante", lindas palavras as quais me falou e que gravei na mente - foram atuantes na preparação da Festa das Flores, que tem trazido centenas de visitantes ao templo. Adiles continua liderando o grupo de mulheres nesse evento.
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Minha querida, bondosa e saudosa mãe, que tinha o nome escandinavo Ida, participava ativamente dos chás promovidos a cada mês pela então Sociedade Auxiliadora de Senhoras.
Como esquecer os tradicionais chás daquele grupo? Alguns rapazes cujas mães estavam envolvidas naquela atividade, entrávamos "de penetra" geralmente no final da festa com tempo de ainda saborear doces e salgados e de conferir se certas mocinhas estariam presentes... E na lembrança que mais e mais se distancia, muitas mulheres bem trajadas e, no ar, uma mistura de vozes altas, entusiasmadas e cheiros de doce, chá e perfume. E os resultados financeiros desses bazares eram na maioria das vezes revertidos em prol do Orfanato Reverendo Severo, da igreja. Meus quatro irmãos estudaram no Colégio Santa Margarida, pertencente também à igreja, no tempo em que o dia escolar se iniciava com um culto no salão nobre.
Em 1986, passando pela Quinta Avenida em New York, quando morávamos em New Jersey, não pude deixar de fotografar a Igreja Episcopal de St. Thomas, fundada em 1823 e desde 1913 no local da foto. Entrei, fiz minha oração, admirei seus lindos vitrais e comprei um postal de seu imponente altar.
Por ocasião de minha primeira viagem à Europa, em 1973, fiquei altamente satisfeito no dia em que o programa do curso de oficiais salvacionistas a que assistia assinalava uma turnê à cidade de Canterbury (Cantuária), com visita ao interior da famosa Catedral, berço do Anglicanismo. E em 1999, ano em que fomos tranferidos para a Finlândia, tive satisfação semelhante em fazer parte do grupo que representava o Exército de Salvação durante a visita do então Arcebispo de Cantuária, Primaz da Igreja Anglicana, Dom George Carey, à Igreja Anglicana de São Paulo, no bairro de Santo Amaro.
E enfim, ao recordar-me de tantas pessoas maravilhosas que já partiram desta vida e que foram ligadas ao nosso passado, a saudade infiltra-se no coração e temos que cuidá-la para não se tranformar em tristeza. A "igreja da hera verde", no entanto, nos fala de esperança, também da esperança da vida eterna prometida por Jesus Cristo. Nessa mesma linha de pensamento, incluo aqui a ilustração que Dom George Carey inseriu em seu entusiático sermão naquele dia:
Preocupado com tantas mortes que vinham ocorrendo entre os membros de sua igreja, certo pastor encontrou dificuldade em visitar principalmente uma das mulheres mais fiéis de sua congregação que se encontrava com uma doenca terminal. Percebendo o seu embaraço, a mulher exclamou: "Reverendo, por que todo este constrangimento? Eu estou apenas morrendo!"
E no mesmo exemplar do jornal em que era editor ao deixar o Brasil - onde publiquei a foto e ilustração acima - dou com os olhos neste momento em um curto poema impresso na mesma página, oportuno para o término desta postagem que, confesso, me deu tanto satisfação quanto emoção, tanto inspiração quanto transpiração:
Eu quero viver nesse consolo, nessa paz que exclui o choro, nos braços de Jesus.
Eu quero viver em sã consciência, do Senhor na dependência, ser santo por Jesus.
Eu quero viver nessa esfera, nessa luz, nessa espera da volta de Jesus.
Nota - Ainda que meu pai tivesse sido um anglicano, suas raízes vêm da Alemanha, de uma cidade próxima a Eisleben (Lutherstadt), onde nasceu e morreu Lutero, portanto descendemos de luteranos, dos primeiros alemães que vieram para o Brasil (São Leopoldo-RS), em 1825, e que estabeleceram a Igreja Luterana em nosso país. Leia a respeito e veja também um fac-símile da partitura original do hino aqui mencionado, "Castelo Forte" (Ein Feste Burg), o Hino da Reforma, escrita por Lutero, no tópico "Minhas Raízes nas Cidades de Lutero", postado em julho 2006, conforme o índice, ou clicando o link abaixo:
http://paulofranke.blogspot.com/2006/07/minhas-razes-i.html
06 dezembro, 2007
Visita à casa de Sir Winston Churchill
1874 - 1965
"Visita a Chartwell", o lugar não me dizia muita coisa, mas era o que assinalava o programa do curso para oficiais do Exército de Salvacão que eu fazia em Londres, representando o Brasil, naquele verão europeu de 1973. Nosso ônibus especial entrou no vilarejo tipicamente inglês, chamado Westerham, e logo estávamos perto da mansão denominada Chartwell, que à distância parecia uma casa mal-assombrada. Impressão precipitada, pois de fato era a bem-conservada casa do guerreiro que expulsara, sim, os fantasmas da Europa e limpara os céus do continente após a Segunda Guerra Mundial, renovando a fé do mundo na superioridade da democracia. Seu nome? Winston Churchill.
Meu saudoso pai sempre citava seu nome com grande admiracão quando falava sobre a guerra, e de alguns episódios ligados a ela eu me lembrava. Churchill demonstrara uma vontade inquebrantável de derrotar a Alemanha hitlerista e colaborara energicamente com o estado-maior norte-americano para o êxito do desembarque na Normandia, sendo uma das pessoas-chaves da vitória ocorrida em maio de 1945. Seu sinal V feito com os dedos o caracterizava.
Respiramos paz e tranquilidade ao adentramos a mansão, hoje museu, preservada como ele e sua esposa a deixaram. E ali vimos seus uniformes, suas medalhas, seus chapéus e cartolas, sua biblioteca e o estúdio onde pintava seus quadros. Entretanto, o que mais me atraiu a atencão foi, no lindo e bem-cuidado jardim da mansão, a cadeira onde Churchill costumava sentar-se e admirar os seus peixes dourados (foto), ocasiões por certo mais frequentes no final de sua vida.
É sua a célebre frase pronunciada durante a guerra: "Eu nada tenho a oferecer a não ser sangue, dureza, suor e lágrimas", mas por outro lado ele dizia: "Um dia longe de Chartwell é um dia desperdicado" (A day away from Chartwell is a day wasted), tal a renovacão de forcas e energia que ganhava naquele magnífico lugar.
Sir Winston Churchill foi o Primeiro-Ministro do Reino Unido de 1940 a 1945 e de 1951 a 1955.
Filho de pai inglês e mãe americana, foi enterrado em Bladon, no pequeno cemitério da Igreja Anglicana perto de Blenheim Palace, seu lugar de nascimento.
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São célebres as citacões deste grande homem que recebeu em 1953 o Prêmio Nobel de Literatura (muitas citacões suas são mencionadas no Google.com), sendo uma das que mais gosto a seguinte:
Por que essa preocupacão em conciliar religião e ciência? Se você recebe uma mensagem que alegra o seu coracão e fortifica a sua alma, que lhe promete o reencontro com aqueles que você amou, em um mundo de maiores oportunidades e harmonia mais ampla, por que deveria você se preocupar com o formato ou com a cor de um envelope manchado em seu percurso de viagem, ver se está com os selos necessários ou não, ou mesmo ver se a data do carimbo está correta?
Um prato comemorativo à vitória dos aliados na Segunda Guerra, onde aparecem Churchill e Roosevelt e as bandeiras americana e britânica.
01 dezembro, 2007
Ele emitiu passaportes suecos aos judeus
Passaporte original emitido pelo diplomata, e abaixo cópia de sua carta de motorista húngara no Museu Judáico em Estocolmo.
Enquanto monumentos e homenagens lhe foram dedicados em muitos países do mundo, intensas buscas também foram feitas por aqueles que criam que ainda estivesse vivo.
Em 2001, um memorial foi criado em Estocolmo em honra a Wallenberg. Foi inaugurado pelo rei Carl Gustaf XVI em uma cerimônia na qual estiveram presentes o então-Secretário Geral das Nacões Unidas, Kofi Annan, e sua esposa, Nane Maria Lagergren, sobrinha de Wallenberg.
Há diversos locais que o homenageiam em Budapeste, entre eles o Raoul Wallenberg Memorial Park , perto da preservada Embaixada da Suécia em 1945. Em Nova York, em frente ao edifício das Nacões Unidas, há um monumento dedicado a ele consistindo de uma réplica de sua pasta, de sua caneta esferográfica e cinco pilares de granito preto, além de pedras de pavimentacão trazidas das ruas do gueto judeu em Budapeste. Um filme está sendo produzido pelo cinema sueco em sua homenagem.
Raoul Wallenberg foi fiel ao que registra Provérbios 24:11: Livra os que estão sendo levados para a morte, e salva os que cambaleiam indo para serem mortos.
Enquanto os nazistas emitiam "passaportes para a morte", Wallenberg emitia "passaportes para a vida", provando, através de seu grande amor pelo povo judeu, demostrado por sua imensa coragem, a veracidade das palavras bíblicas: O perfeito amor lanca fora o medo (1 João 4:18).
Ela concedeu vistos brasileiros aos judeus
Ela era paranaense e foi morar com uma tia na Alemanha, após a sua separacão matrimonial. Por dominar o idioma alemão, o inglês e o francês, fácil lhe foi conseguir uma nomeacão para o consulado brasileiro em Hamburgo. Acabou sendo encarregada da secão de vistos. No ano de 1938, entrou em vigor no Brasil a célebre circular secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. É aí que se revela o coracão humanitário de Aracy. Ela resolveu ignorar a circular que proibia a concessão de vistos a judeus. Por sua conta e risco, à revelia das ordens do Itamaraty, continuou a preparar os processos devistos a judeus. Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas.
Quantas vidas terá salvo das garras nazistas? Quantos descendentes de judeus andarão pelo nosso país, na atualidade, desconhecedores de que devem sua vida a essa extraordinária mulher? Cônsul adjunto na época, seu futuro segundo marido, João Guimarães Rosa, não era responsável pelos vistos. Mas sabia o que ela fazia e a apoiava.
Em Israel, no Museu do Holocausto, há uma placa em homenagem a essa excepcional brasileira. Fica no bosque que tem o nome de Jardim dos Justos entre as Nacões. O nome dela consta da relacão de 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus durante a Segunda Guerra.
Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher nesta lista. Uma mulher fascinante, corajosa, moderna, humanista, uma brasileira de valor, uma verdadeira cidadã do mundo, que lutou contra o que é de mais perverso, uma mulher que deveria ter seu nome entre os heróis dos nossos livros de História e até mesmo figurar como nome de rua ou de escola. Essa mulher, quando é lembrada, é citada apenas como esposa do grande escritor Guimarães Rosa.
- Texto, incompleto, inspirado no artigo "Uma certa Aracy, um certo João", de René Daniel Decol, publicado na Revista Gol, de bordo, de agosto 2007.