Paulo Franke

01 abril, 2022

RevendO - Sermão do saudoso SIDNEY DE BARROS CAMPOS - "Perseguição"


"Perseguição"

Textos:
João 15:16-20
João 17:13-18

José A. era um pobre coitado que vivia na cidade de Jacutinga, sul de Minas, durante os anos de 1954-58. Era macumbeiro mas também sacristão e... alcoolista. Briguento de marca maior, volta e meia estava na cadeia. Sua esposa e filhos viviam a esmolar porque o que José ganhava gastava na bebida, ou perdia ou alguém o roubava. Mesmo assim, era uma pessoa querida na pequena cidade.

Certo dia, em uma das reuniões do Exército de Salvação, ele aceitou o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador.

Que mudança ocorreu na sua aparência, no seu comportamento, no seu lar!

Quando souberam que ele estava frequentando o Exército de Salvação, despediram-no do emprego. Novamente, ele com sua família começaram a passar necessidade.

Durante esse mesmo período, eu estava frequentando o ginásio na cidade e pela simples razão de pertencermos ao Exército de Salvação, muitas vezes tivemos nossas notas escolares "cortadas ao meio".

Não tínhamos quase possibilidade de participar nas competições esportivas. Éramos deixados de lado por sermos evangélicos.

E mais, tivemos oportunidade de ser perseguidos literalmente, com apedrejamento e ameaça de morte.

Nesta mesma cidade, uma outra colega que administrava o Lar de crianças não obstante todo o serviço que prestava à comunidade, sentia que as meninas abrigadas eram perseguidas na escola.

Na cidade mineira de Borda da Mata, um pastor presbiteriano para fugir da perseguição precisou ficar escondido na torre de sua igreja por três dias.

Viver esta vida de separação envolve: 
Sacrifício,
Incompreensão, 
Sofrimento e talvez 
Completa Rejeição.

3 de Hebreus 11... Levando o seu vitupério (isto diz respeito à perseguição que devemos compartilhar).

Não devemos nos conformar com as injustiças da sociedade, nem com os costumes morais que ferem a santidade de Deus.

Durante Sua vida e ministério terrestres, nosso Senhor foi mal-entendido, esquecido e finalmete rejeitado.

A palavra "vitupério" é muito forte. É uma palavra que estigmatiza e se refere ao desprezo, abuso e vergonha que Ele suportou por nós e que, como Seus seguidores, somos convidados a levar, enfrentar e identificarmo-nos com Ele na Sua rejeição.

Portanto, se somos fiéis e leais a Jesus, não podemos esperar um tempo fácil.

Olhemos o que a Bíblia nos diz:

Mateus 5:11-12: Bem aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.

João 16:33: Estas cousas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo passais por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Filipenses 1:29: Porque vos foi cocedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele.

2 Timóteo 3:12: Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.

1 Pedro 4:12-14: Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós destinado a provar-vos, como se cousa extraordinária vos estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrai-vos na medida que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando. Se pelo nome de Cristo sois injuriados, bem-aventurados sois.

Lucas 9:23-26 (uma outra tradução): Depois ele disse a todos: Todo aquele que quiser me seguir deve por de lado os seus próprios desejos e conveniências e carregar sua cruz consigo cada dia, e conservar-se junto de mim. Quem perder sua vida por minha causa, a salvará, mas quem insistir em conservar a sua vida, a perderá.
E que proveito há em ganhar o mundo inteiro quando isto signifique perder-se a si mesmo? 
Quando eu, o Homem da Glória, vier a minha glória e na glória do Pai e dos santos anjos, eu me envergonharei de todos aqueles que agora se envergonham de mim e das minhas palavras.

Na medida que vivemos separadamente, devemos manter o lar celestial em vista.

Esta verdade tiramos do verso 14: Mas buscamos a que há de vir.

Ilustração: 

Walter Scott narra a história de uma criança nobre que foi roubada por ciganos. Conduzida a uma terra distante e desconhecida, ali cresceu ignorando sua nobre origem.

Herdeira de grandes propriedades, vivia partindo lenha, carregando água e fazendo outros serviços pesados.

Porém, às vezes, algumas memórias fugitivas do passado, adormecidas no seu íntimo, embalavam-lhe o coração. Sonhava que um anjo, de rosto muito bonito, se inclinava sobre ela e carinhosamente mostrava em sonhos casas muito lindas e um suntuoso palácio que lhe parecia muito familiar. 

O estímulo dessas visões se tornou tão forte que a impeliu a libertar-se do cativeiro, fugindo secretamente daqueles que a exploravam.

Aplicação:

O mesmo se dá com respeito à alma humana. Ela é de origem divina e, mesmo lutando contra as limitações, oposições, contra o pecado que a escraviza, os vestígios de sua origem celestial não se conforma com a escravidão.

Nós temos conhecimento da nossa origem, sabemos que somos peregrinos e que Deus nos tem preparado um lar no país celestial onde iremos encontrar o Senhor.

Esta é a razão porque temos que viver como peregrinos e não sentados como se "aqui fosse nosso lar".

Devemos ser como Abraão (Hebreus 11:8-10):

Abraão confiou em Deus, e quando Deus lhe disse que deixasse sua pátria e fosse para longe, a uma outra terra que Ele prometera dar-lhe, Abraão abedeceu. E foi embora sem saber para onde ia. E mesmo depois que chegou à terra prometida por Deus, morou em tendas como um simples hóspede, como fizeram Isaque e Jacó a quem Deus fez a mesma promessa. Abraão fez isso porque estava esperando confiadamente que Deus o levasse àquela forte cidade celestial, cujo arquiteto e construtor é Deus.

E também os patriarcas fizeram o mesmo (Hebreus 11-13-16)

Esses homens de fé que eu mencionei morreram sem jamais terem recebido tudo quanto Deus lhes prometeu; mas viram tudo esperando-os adiante deles, e ficaram contentes, pois concordavam que esta terra não era a sua verdadeira pátria, mas que eles eram forasteiros de visita aqui em baixo.
E muito logicamente, quando eles falavam assim, estavam com os olhos postos na sua verdadeira pátria no céu. 
Se eles tivessem desejado, poderiam ter voltado às coisas boas deste mundo. Mas não quiseram. Eles estavam vivendo para o céu. E agora Deus não se envergonha de ser chamado seu Deus, pois fez uma cidade celestial para eles.

Se nós vivemos para a eternidade, esta é a nossa atitude correta.

Conclusão:

Devemos viver à luz desta esperança, e se assim o fazemos, ganhamos um verdadeiro senso de valores.

Devemos ter o nosso "passaporte" para o céu em dia, com nosso "visto de entrada" preparado.

Agora, o fato de sermos de origem celestial, e que vivemos tendo em vista o lar que nos está preparado, não significa que não temos responsabilidades durante nossa jornada.

Em outras palavras, devemos ter nossa mente tão celestial que não sirva para o uso terreno.

O serviço sacrifical torna-se um duplo privilégio, pois nos une tanto a Deus quanto aos homens.

Somos covidados a cada dia a oferecer um sacrifício de louvor a Deus.

Somos convidados a cada dia a oferecer um sacrifício de serviço aos homens.

Está você vivendo para esta vida ou para a eternidade?

Está você vivendo como se hoje fosse o seu último dia?

Lembre-se de que a eternidade para você pode começar hoje.



O adolescente Sidney está na foto diante do Lar de Jacutinga, com seus pais, Ozias e Maria de Lourdes Campos, irmãos Dulcinéia e Wagner, e a Capitã Margit Eriksson (foto cedida por Wagner).

Nota do dono do blog:

- Sidney, meu primeiro oficial dirigente (pastor) no Corpo de Pelotas-RS, contava-nos muitas experiências que tivera em Jacutinga-MG. Também cantava solos de lindos hinos que aprendeu naquela cidade com irmãos pentecostais, dos quais me lembro até hoje.
- Anneli e eu também dirigimos o Lar de Jacutinga, no final dos anos 80 (foto abaixo), mas o cenário de perseguição havia passado. O único problema que enfrentamos foi quando abrigamos´no Lar duas meninas que haviam visto o pai matar a mãe com um machado. Os católicos da cidade se opuseram a isso e fizeram de tudo para transferi-las de nosso orfanato evangélico para um católico, ao 
que não nos opusemos.






Sra.Brigadeiro Silva, mais tarde Effer, também dirigiu o Lar de Jacutinga, nas fotos com seus filhos.




 Nota 1 - As mensagens do saudoso Sidney Barros Campos, enviadas por Doreen Shaw Campos, foram doadas ao Centro de Heranca Salvacionista, no Quartel Nacional.

Nota 2 - Na minha próxima postagem no blog, conto de nossa nomeacao em Jacutinga... De Nova York ao sul de Minas e Paisagens privilegiadas x Dramas infantis.

1 Comments:

  • Benedita Nitsche Recupero

    Obrigada meu irmão, este sermão me trouxe muitas lembranças, um dia escreverei para que complete sua postagem, creio que devo ter fotos daquela época quando sofri muita perseguição com a maçonaria naquela cidade. Se não estou enganada, a cor rosa foi do meu tempo (não estou certas) fizemos algumas grandes obras em cinco anos, a reforma do telhado, da cozinha, elétrica, pintura e o mais importante foi na escola das crianças que eram discriminadas por pertencerem a Instituição. Mudamos este quadro e quando saí de lá já havia mocinhas até trabalhando nas malharias. A estafa foi tão grande que saí de lá para o hospital tamanho foi o meu desgaste, mas viveria tudo de novo se fosse preciso. A guerra espiritual era tamanha, que até arrasto de correntes ouvíamos no teto da casa (não só eu), mas tive o privilégio de receber como estagiária a Verônica e a filha dos D'Avila quando solteiras, tempo gostoso e abençoado. Até hoje as meninas (que já são senhoras) me encontram nas redes sociais e ficam felizes por poder conversar, uma delas é a Madalena, a minha mais velha que reside em Campinas. Obrigada por postar um pouco da minha história ministerial

    By Blogger paulofranke, at sexta-feira, abril 01, 2022 10:57:00 AM  

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