Paulo Franke

14 março, 2013

O Poema no Bolso do Soldado Morto





Nesta semana tive a alegria de receber, inesperadamente, a foto de um antepassado, Johannes Ebling, casado com Katharine Scherer, pais de minha bisavó pelo lado paterno, Adolphine Scherer Ebling Franke, que cheguei a conhecer quando criança e de quem me lembro muito bem. 
A tristeza, no entanto, veio por conta da legenda da foto: "Morto no campo de batalha da Guerra do Paraguai, aos 23 anos"... Minha bisavó perdeu seu pai quando tinha 1 ano e meio e sua mãe quando tinha 3 anos e 4 meses, informação que veio junto com a foto.

Aproveitando-me da preciosa foto de meu trisavô, publico um emocionante poema, encontrado no bolso da jaqueta de um soldado desconhecido completamente estraçalhado por uma granada durante a Primeira Guerra Mundial, não necessariamente a experiência de meu trisavô, que era de família luterana do sul do Brasil, mas que encontrou a morte em circunstância quem sabe semelhante à do autor do emocionante poema.

JAMAIS FALEI CONTIGO

 Ouve-me, Deus... jamais falei contigo...
Hoje quero saudar-Te. Como vais?
Sabes, disseram-me que não existias
E eu, tolo, acreditei que era verdade!

Nunca em Tua obra reparei...
Ontem à noite, da trincheira aberta
por granadas, vi Teu céu estrelado
e compreendi que me enganaram.

Não sei se estreitarás a minha mão...
Vou explicar e me compreenderás...
Muito curioso: neste inferno horrível
Encontrei uma luz para ver Tua face!

Faremos a ofensiva à meia-noite,
Porém não temo, pois sei que me vigias.
O sinal! Bem, tenho que me forçar a ir.
Apeguei-me a Ti... Quero dizer:

Talvez esta noite chamarei à Tua porta;
Não fomos muito amigos...
Mas... vou poder entrar se a Ti eu chegar?
(Deus, bem vês que estou chorando...)

... Vês, Deus meu!
Ocorre-me que já não sou tão mau...
Bem, Deus, preciso ir - boa sorte é raro,
Porém agora já não temo mais a morte.


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Poema publicado em antigas edições de o "Brado de Guerra - contra todo o mal", órgão oficial do Exército de Salvação, atualmente revista RUMO.

Divulgue-o!


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Próxima postagem:

"Abrindo o velho livro de poesias" (3),

poesias quem sabe a serem utilizadas

 em sua igreja ou escola

na passagem de mais uma Semana Santa.

4 Comments:

  • Seu trisavô, que foto preciosa!
    Que poema emocionante!
    Fez-me lembrar que, de maneira bastante simples podemos intimamente falar com o Pai e, com que satisfação ELE deve ter ouvido e recebido esse soldado nos Seus braços. Se um filho amado se dirigi dessa forma para nós, humanos, nos comove até as lágrimas, que dirá o Pai que nos ama de forma profusa!

    By Blogger Yara, at quinta-feira, março 14, 2013 8:20:00 PM  

  • Hmmm, emocionante!!!! Pq ando tão sensivel???? Agora tudo me emociona, deve ser a idade hehe.... Muito bom ver essas fotos dos parentes!!!Bjos Paulo

    By Anonymous Clarisse Franke Avila, at sexta-feira, março 15, 2013 12:27:00 AM  

  • Que bilhete comovente! Olha...!!! Você encontra cada coisa!!!
    E essa foto!!!... É dificil saber os sentimentos que afloram. E você parece muito sensivel a estas coisas.
    Vi também as fotos dos campos de concentração. Sem palavras...
    M.Cotting

    By Blogger paulofranke, at segunda-feira, março 18, 2013 4:23:00 PM  

  • Parabéns pelo trisavó...isso sim é uma relíquia de família.

    By Anonymous Robson Albuquerque, at sábado, junho 29, 2013 12:58:00 PM  

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