Paulo Franke

24 novembro, 2014

4 Curtas historias - nem por isso leves! - ligadas ao Holocausto.




Samuel Klein havia completado 91 anos em 15 de novembro. Judeu polonês naturalizado brasileiro, deixou a Europa durante a Segunda Guerra Mundial e se estabeleceu em São Caetano do Sul, no ABC.

Nascido em Lublin, ele era o terceiro de nove irmãos. Chegou a ser preso aos 19 anos pelos nazistas e enviado com o pai para o campo de concentração em Majdanek, na Polônia, enquanto a mãe e os cinco irmãos foram exterminados no campo de Treblinka.

Ele relatava que, no campo de trabalhos forçados, sobreviveu graças às habilidades de carpinteiro. Samuel conseguiu fugir durante uma transferência de presos em 1944. Depois, foi para Munique em busca do pai. Após um período vendendo artigo para as tropas aliadas, mudou-se em 1951 para a América do Sul.

Seu primeiro destino no continente foi a Bolívia. Ao Brasil, chegou em 1952 trazendo a mulher Ana e o filho Michael, então com dois anos e que tinha nascido na Alemanha. Começou a atuar como mascate revendendo roupas de cama, mesa e banho de porta em porta usando uma charrtete.

À época, segundo relato da família, já adotava a possibilidade de pagamentos parcelados, cuja contabilidade era executada pela mulher. (Google)
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"Fui me escondendendo e entrando no trigal cada vez mais. Não sei para onde

 estava indo, mas tinha certeza de me afastar do grupo."
Dessa forma, o jovem Samuel Klein escapou de uma das "marchas da morte", nos arredores do rio Vístula, em 1944. Antes, Samuel fora enviado, com seu pai, ao campo de extermínio nazista de Majdanek.
Sobrivente do Holocausto e fundador das Casas Bahia, faleceu nesta quinta-feira, 20/11/2014, aos 91 anos, em São Paulo.
Nosso abraço a toda a família e amigos. Sua história de resistência e reconstrução continuará sendo contada. Ela não foi em vão. 
(Eduardo Nicolau)

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Nota do Dono do Blog:

Estive recentemente em Lublin, onde nasceu o Sr. Samuel Klein. Tendo 

visitado somente o Campo de Extermínio de Sobibor, na fronteira com a 

Ucrânia, planejo voltar para visitar Majdanek.

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L i n k s: (basta clicar):

 12. LUBLIN, Hotel-Sinagoga Ilan**** (um oásis!)......

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Quem assistiu ao filme "O Egípcio" ou leu o livro do finlandês Mika Valtari, no qual foi baseado (veja link) não esquecerá de Bella Darvi, que interpresou a mulher que destruiu a vida do egípcio. Tendo assistido ao filme na década de 50, recordo-me de "ter ficado indignado com o papel cruel da atriz". Em anos recentes, porém, sabendo da história da judia Bella Darvi fiquei penalizado e sentindo-me um tanto culpado por não ter apreciado o seu desempenho. Em outras palavras, ela escapou das câmaras de gas no Holocausto, mas acabou sua vida sendo vitimada, propositalmente, pelo gas de seu apartamento.


A polonesa Bayla Wegie (1928-1971)r, cujo nome artístico foi Bella Darvi, atuou em 15 filmes, destacando-se em “Tormenta sob os Mares/Hell and High Water” (1954), “O Egípcio/The Egyptian” (1954) e “Caminhos sem Volta/The Racers” (1955), mas o sotaque carregado e alguns escândalos abortaram rapidamente sua carreira. O produtor Darryl F. Zanuck a levou a Hollywood para transformá-la em estrela, mas ela bebia muito, gastava ainda mais e era viciada em bacará e roleta. Sua vida foi cheia de infortúnios: sobreviveu de um campo de concentração nazista na Segunda Guerra Mundial e dissipou tudo o que tinha nos cassinos de Mônaco. Nos anos 60 sua carreira havia terminado. Endividada, tentou o suicídio várias vezes, até que o conseguiu em 1971, ao abrir o gás de seu apartamento em Monte Carlo. Tinha apenas 43 anos e já nada restava de sua beleza, como a mulher que interpretou em "O Egípcio".

L i n k s:

http://paulofranke.blogspot.fi/2010/08/valtari-o-egipcio-purdom-tierney.html

8. Principado de MÔNACO e Cannes, famosa dos Festi...

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De uma postagem mais antiga do meu blog:

É  F O R T E  o que vai ler abaixo... o que aconteceu com este filho judeu (não gosto e não uso, mas não é à toa a origem da palavra "judiaria"):


É o depoimento de uma sobrevivente que viveu no Brasil, prestado à revista Manchete na década de 60 (foto):

"Nós, os mais fortes, éramos obrigados a cavar extensas covas. À beira dessas, colocam-se, em fileiras, os doentes, os velhos, as crianças e as mulheres incapacitadas para o trabalho. Rajadas de metralhadoras iam fazendo os coitados tombarem, às dezenas, dentro da sepultura. Mortos, quase todos. Alguns, porém, agonizantes. Assim mesmo, escutando os gemidos e os rogos, tínhamos de cobri-los de terra. Há um episódio de que não consigo esquecer. O rapaz que trabalhava ao meu lado, quando ia atirar a primeira pá, ouviu sair do montão de corpos o apelo desesperado na voz de sua mãe: 'Não jogue, meu filho, pois eu ainda estou viva!' Ele se deteve, hesitante. Imediatamente o soldado nazista lhe encostou às costas o cano da metralhadora: 'Jogue, ou morre também'. Do fundo da cova subiu, num soluço, outro apelo da mulher. 'Jogue, então, meu filho'. Ele jogou."

L i n k s:

O dia sombrio em que fui a Treblinka:

http://paulofranke.blogspot.fi/2010/10/7-o-dia-escuro-em-que-fui-treblinka.html


Nota: No "Índice de todos os meus tópicos" (abaixo), use as palavras-chaves... Bergen-Belsen, Auschwitz-Birkenau, Terezin etc. para localizar as postagens de minhas visitas a outros campos de concentração, idem ao Museu Anne Frank em Amsterdam, Museu Yad Vashem em Jerusalém, Museu-Fábrica de Schindler, na Cracóvia etc.

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Disse um famoso violinista judeu que, no passado, tão logo um menino pudesse aguentar um violino nos seus pequenos ombros, suas mães já os iniciavam na música, como um passaporte para o mundo livre, daí tantos judeus tocarem esplendidamente o instrumento.


foto de autor desconhecido

O judeu Amnon Weinstein não faz concertos, mas sim consertos em violinos que foram de músicos judeus que tocavam no Holocausto para sobreviverem... por um tempo, pois logo depois a maioria não era poupada e ia para as câmaras de gas.

Sua história é contada neste magnífico video em inglês, mas quem sabe o leitor, através do Google, poderá encontrar textos sobre sua vida e belo trabalho em português.

https://www.youtube.com/watch?v=ZwSPgERkvoc

L i n k s:

Itznak Perlman ao violino... "A lista de Schindler":

https://www.youtube.com/watch?v=ueWVV_GnRIA

Minha postagem sobre o musical "O Violinista no Telhado":

http://paulofranke.blogspot.fi/2009/03/o-violinista-no-telhado-fiddler-on-roof.html

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Basta clicar:

http://paulofranke.blogspot.fi/2014/11/indice-de-todos-os-meus-topicos.html

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Próxima postagem:


" Professores brasileiros estagiando em Hämeenlinna, nossa cidade."


3 Comments:

  • Triste, mas interessante o contra ponto entre as 2 histórias, do Samuel Klein, e da atriz. Ambos tiveram a oportunidade da sobrevivência, uma rara 2a chance, o Samuel optou pelo trabalho, a família e alem de deixar um grande legado, teve uma vida longeva, já a atriz, cuja história não conhecia, jogou fora seu 2° "bilhete" para a vida. Belas e tristes lições...

    By Anonymous Francisco S V F°, at segunda-feira, novembro 24, 2014 11:11:00 AM  

  • Blima Lorber

    O Sr. Samuel Klein era amigo de longa data de meu pai. Ambos não deixaram que as tristes memórias do passado, embora nunca esquecidas, impedissem de se reerguerem. Muitos, no entanto, não tiveram essa força interior

    By Blogger paulofranke, at segunda-feira, novembro 24, 2014 1:37:00 PM  

  • - A história de Samuel Klein sempre me vem a memória quando a bordo do avião, avisto o imenso deposito das Casas Bahia! Impossível não notar o nome no teto do gigantesco galpão e, foi assim sua gigantesca coragem de empreendedor que, mesmo tendo vindo de tão aviltante sofrimento, não se deixou abater e venceu!
    - Conheço pessoas muito próximas que apesar de terem recebido sua segunda chance, a desperdiçaram e por mais que sejam alertadas, continuam indiferentes e surdas com quem pretende ajuda-las, deve ter sido assim com a linda atriz que se foi tão cedo!
    -"Meu nome era A-27547" Não me atrevo comentar ... realmente muito forte!

    By Blogger Yara, at quarta-feira, novembro 26, 2014 3:24:00 PM  

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