ReveR - Dois Judeus... um Salvacionista, outro Batista
Dois Judeus, um Salvacionista e outro Batista.
Postagem original de 15/07/2012
HEINRICH ISRAEL POLACK
Um judeu salvacionista
Quando, há poucas semanas, recebemos a revista STRIDSROPET ("Brado de Guerra" em língua sueca) e nela uma reportagem sobre HEINRICH ISRAEL POLLACK, acendeu-se em mim o interesse em saber mais a respeito desse homem de Deus, "colega" que trabalhou na Redação do nosso jornal na Suécia. Nisso, um ponto de identificação comigo, que amo os judeus e que por nove anos trabalhei na mesma função preparando o BRADO DE GUERRA contra todo o mal - em época diferente da dele - na nossa sede nacional em São Paulo. E lá no fundo de seu escritório uma máquina de escrever semelhante à que tanto usei! (Foto que me foi cedida pelos arquivos do ES (Frälsningsarmén) na Suécia)
Que interessante saber: Heinrich, hoje com 98 anos de idade, escapou das garras do nazismo graças aos esforços do teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer e da igreja subterrânea na Alemanha. Na primeira visita que fiz a Berlim, em 2001, fui às ruínas da Gestapo e na foto estou junto ao poster de Dietrich, um dos mártires que por lá passou antes de ser aprisionado e mais tarde executado (ver link abaixo).
A Sinagora de Berlim, que na guerra foi quase totalmente destruida.
"Eu não nasci com o nome 'Israel', mas foi-me dado pelo Dr. Goebbels e eu decidi mantê-lo", cita Heinrich, explicando que os nazistas acrescentaram Israel a nomes judeus, para certificarem-se de que a pessoa seria assim identificada com a raça judaica. "É um nome de honra, um nome bíblico", orgulha-se Heinrich. (Internet)
Judeus berlinenses.
Henrich Israel Pollack é hoje interno no Lar Ebenezer, na cidade de Haifa, em Israel. Fundado em 1976, o projeto foi liderado pelo ministério da Igreja Luterana da Noruega, com a participação de organizações e de indivíduos que compartilhavam a mesma visão. A necessidade surgiu não apenas para ajudar os sobreviventes mais velhos do Holocausto, mas também para atender a árabes cristãos e a não-judeus evangélicos de Israel. No momento há 25 residentes, que falam diversas línguas, sendo atendidos por voluntários luteranos na área de enfermagem, cozinha e manutenção do Lar. (Internet)
Na placa à entrada do Lar Ebenezer:
"Tomou então Samuel uma pedra e a pôs entre Mispa e Sem e lhe chamou Ebenezer, e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor."
1 Samuel 7:12
A reportagem no Stridsropet gira em torno da visita que dois salvacionistas suecos fizeram a Henrich, hoje cego mas com uma mente aberta e que demonstou muita alegria em recebê-los. O ancião tem esperanças com relação à paz entre judeus e árabes. Recebendo satisfeito as saudações dos salvacionistas suecos, acrescentou com um sorriso luminoso que crê que há um futuro maravilhoso para o Exército de Salvação.
Fotos da fachada do Lar e de seu interno Henrich: Stridsropet
Fotos da fachada do Lar e de seu interno Henrich: Stridsropet
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SALOMÃO L. GINSBURG
Um judeu batista...
... que traduziu hinos.
Talentoso, punha tempero bem brasileiro na tradução dos hinos. Desde longa data, portanto, são cantados no Brasil com amor, consagração e fervor evangelístico.
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O Cantor Cristão é um hinário (um livro contendo um conjunto de hinos, músicas cristãs tradicionais de várias épocas), da Igreja Batista, publicado pela Juerp (Junta de Educação Religiosa e Publicações/criada pela CBB - Convenção Batista Brasileira, em 1907). Em sua totalidade o Cantor Cristão contém 581 hinos de edificação a Deus. Hinário das Igrejas Batistas do Brasil - Cantor Cristão é uma rica herança pertencente aos batistas brasileiros. O hinário, o segundo dos evangélicos brasileiros (o primeiro, "Salmos e Hinos" foi publicado em 1861), publicado em 1891 e a sua edição inicial continha somente 16 hinos, compilados por Salomão Luiz Ginsburg. As edições se sucederam, sendo sempre acrescidas de hinos novos. Em 1921 saiu a 17ª edição do hinário, já com 571 hinos, dos quais 102 eram tradução de Salomão.. Desde que Ginsburg editou o Cantor Cristão em 1891, muitas outras pessoas ilustres têm prestado a sua colaboração: Willian Edwin Entzminger (72 hinos), Henri Maxwell Wright (61 hinos), Manoel Avelino de Souza (29 hinos) e Ricardo Pitrowsky (23 hinos), os que mais letras ou traduções fizeram no atual Cantor Cristão. A pintura a óleo de Salomão Ginsburg é da autoria do Pastor José Souza Marques.
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Transcrevo abaixo, com agradecimentos, ao
site Embaixadores do Rei - um serviço real, com texto do
Pr. Isaías Gomes Coelho, pastor, conselheiro de ER e ex-coordenador de DC ER, membro da Igreja Batista de Nova Vida/ DF
Salomão Ginsburg: um homem chamado por Deus
Salomão Ginsburg era judeu de origem, filho de um rabino, nascido na Polônia em 6 de agosto de 1867. Nessa época a Polônia era dominada pela Rússia. Com problemas por causa de um casamento arranjado, fugiu para a Inglaterra.
Salomão Ginsburg era judeu de origem, filho de um rabino, nascido na Polônia em 6 de agosto de 1867. Nessa época a Polônia era dominada pela Rússia. Com problemas por causa de um casamento arranjado, fugiu para a Inglaterra.
Desde cedo, Salomão tinha uma curiosidade: entender o capítulo 53 de Isaías. Em sua casa, nunca havia conseguido do pai uma explicação para o texto; ao contrário, levou uma bofetada por sua insistência.
Em Londres, ficou sabendo de um pregador que estava disposto a falar sobre esse texto. Foi assim que, tendo conversado com um pregador do Evangelho, o jovem Salomão teve o seu primeiro contato com a mensagem salvadora de Cristo. Tempos depois, converteu-se à fé cristã.
Todas as pessoas que passam a conhecer a mensagem salvadora de Cristo e abrem o seu coração são transformados, e fazem a diferença no mundo em que vivem.
Após a sua conversão, Salomão sofreu muitas humilhações, pois sua família seguia as tradições judaicas. Sofreu também nas mãos dos judeus que moravam em Londres. Mas aqueles que verdadeiramente se convertem ao Evangelho resistem a tudo em nome de Jesus.
Salomão Ginsburg: um homem guiado por Deus
Quando estamos sujeitos à vontade de Deus, Ele começa a dirigir as nossas vidas, e isso faz toda a diferença. Foi assim que Deus agiu na vida de Salomão. Os cristãos londrinos o ajudaram, colocando-o em uma casa para judeus convertidos e nessa casa ele aprendeu a arte da tipografia. O aprendizado fez grande diferença em sua vida de missionário.
Quando estamos sujeitos à vontade de Deus, Ele começa a dirigir as nossas vidas, e isso faz toda a diferença. Foi assim que Deus agiu na vida de Salomão. Os cristãos londrinos o ajudaram, colocando-o em uma casa para judeus convertidos e nessa casa ele aprendeu a arte da tipografia. O aprendizado fez grande diferença em sua vida de missionário.
O chamado missionário logo se fez presente na sua vida, pois quem é resgatado por Cristo tem este desejo de anunciar a outros a descoberta desta grande verdade. Logo Salomão seguiu para um seminário e, aos 23 anos, tendo concluído seu curso, foi ordenado ao ministério.
Salomão Ginsburg aceitou o desafio de anunciar a Jesus no Brasil através do apelo feito pela Sra. Sarah Kalley, fundadora, com o Dr. Kalley, do trabalho Congregacional no Brasil.
Ele aprendeu a língua portuguesa em Portugal. Sua estratégia era a de aprender 100 novas palavras por dia e assim, ao final de 1 mês de estudo, conseguiu produzir um folheto chamado: “São Pedro nunca foi Papa”.
Salomão ainda produziu outro folheto chamado: “Religião de trapos, ossos e farinha” criticando com duras palavras o catolicismo em Portugal. Esse folheto desagradou as autoridades portuguesas e ele teve que deixar as terras portuguesas rumo ao Brasil, onde chegou em junho de 1890.
Salomão Ginsburg: um homem transformado por Deus
Salomão começou o seu trabalho missionário no Rio de Janeiro entre os Congregacionais, dos quais muitos se converteram ouvindo suas mensagens. Foi contemporâneo de alguns dos missionários que estudamos em nossos manuais: o Casal Bagby e o casal Taylor.
Em certa ocasião, Salomão travou um grande debate com o Dr. Bagby sobre a forma dos batistas de aplicar o batismo. Esse debate o levou a estudar o assunto, pois buscava conteúdo para escrever um folheto contrário a forma de batismo dos batistas. Em busca de subsídios, entrevistou Zacarias Taylor. Essa conversa o convenceu de que a forma bíblica do batismo só podia ser a imersão. Com este novo entendimento, não demorou muito e Salomão Ginsburg juntou-se aos batistas brasileiros.
Salomão Ginsburg: um homem que trabalhou pelo Evangelho no Brasil
Todo crente em Cristo precisa trabalhar pelo Evangelho. Uma coisa admirável na vida desse homem foi que ele trabalhou incansavelmente para o crescimento do trabalho batista no Brasil e para que os brasileiros conhecessem a Jesus.
Vou contar mais mais algumas coisas que ele fez:
- Em 1894 fundou uma tipografia e publicou o primeiro número de “As Boas Novas”.
- Foi o primeiro a batizar na Amazônia e foi o pioneiro do trabalho batista no estado de Goiás.
- Reeditou o “Cantor Cristão”, a primeira coleção de hinos dos batistas brasileiros, além de ter sido autor ou tradutor de mais de 102 desses hinos – o que o fez tornar-se conhecido como o “pai do Cantor Cristão”.
- Por causa da pregação do evangelho em São Fidélis-RJ, Salomão foi muito perseguido, tendo ficado preso por 10 dias.
Mas não foi só no Rio de Janeiro que Salomão Ginsburg sofreu perseguições por causa de seu trabalho. Em Pernambuco, um frade católico chamado Frei Celestino, inconformado com o crescimento dos evangélicos, criou uma liga antiprotestante, que tinha como metas queimar as Bíblias distribuídas pelos evangélicos por serem “falsas” e que as empresas locais demitissem todos os funcionários que fossem evangélicos.
Os planos de Frei Celestino planos falharam e, por fim, contratou um cangaceiro chamado Antônio Silva para matar Salomão, mas este plano também falhou, pois o cangaceiro ouviu uma mensagem e ficou tão impressionado com a pregação, que nada fez ao missionário.
Conclusão
Você poderá saber mais da história e das lutas desse missionário nos campos brasileiros lendo a sua autobiografia, chamada: “Um judeu errante no Brasil”.
Termino este estudo desejando que você, embaixador, trabalhe pela evangelização do Brasil. Use todos os talentos e dons que Deus te deu e, a exemplo de Salomão Ginsburg, faça bom uso deles pregando o Evangelho. A nossa coroa fala sobre estudo missionário justamente para que olhemos para essas vidas e façamos delas um modelo para a nossa vida.
Nota: Faleceu em São Paulo, em 31.03.1927, quando tinha 60 anos de idade.
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Salomão Luiz Ginsburg em sua autobiografia - "Um judeu errante no Brasil" - fez questão de relatar um importante episódio de sua vida, ligado ao naufrágio do TITANIC.
Em 08 de abril de 1902, em Maceió (AL), traduziu o hino "Uma barca naufragando, quem lhe valerá?" ("Cantor Cristão", n° 325); dez anos depois, exatamente, passou por impressionante e extraordinária experiência.
Em 1912, chegando a Londres, procedente de Lisboa, logo reservou passagem para Nova Iorque. Algumas viagens foram suprimidas, restando a Ginsburg optar: viajar no "Majestic", no dia 02 de abril, ou no "Titanic", escalado para o dia 10 desse mês.
Conta Ginsburg que o desejo de embarcar no "Titanic" era grande, mas resolveu antecipar sua ida para Nova Iorque. Viajando num navio bem modesto, Ginsburg chegou a Nova Iorque naquele domingo trágico; tivesse demorado em Lisboa uma semana, teria sido forçado a viajar no "Titanic" (O JORNAL BATISTA, 14 junho 1992, pag.2) .
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No Cancioneiro Salvacionista são estes os hinos de Salomão Luiz Ginsburg, há décadas usados com permissão do Cantor Cristão, da Igreja Batista:
015 - Ao Deus de amor e de imensa bondade
127 - Buscou-me com ternura, Jesus
133 - Eu, perdido pecador, longe
178 - Ó corações considerai... por que não já?
191 - Queres o teu vil pecado vencer?
202 - Do teu pecado te queres livrar?
213 - Escuta a voz do meu Jesus: vem, segue-Me
229 - Aviva-nos, Senho, eis nossa petição
234 - Tudo a Ti, Jesus, consagro... tudo entregarei
240 - Cada momento me guia o Senhor
249 - Dá tempo à tua alma, não deixes de orar
293 - Chuvas de bênçãos teremos
316 - Em Jesus confiar, Sua lei observar
318 - Aflito e triste coração, Deus cuidará de ti
412 - Povo de Deus, cumpri o vosso encargo
422 - No serviço do meu Rei eu sou feliz
423 - Espalhemos, todos, a semente santa
426 - Oh! onde os obreiros a trabalhar?
435 - Oh, sim, há de ser glória pra mim
- Uma barca naufragando
- Em Teus braços, eu me escondo
Os dois últimos bem conhecidos no ES.
que conta a história por trás de conhecidos hinos evangélicos:
www.paulofranke-historiasdoshinos.blogspot.com
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LINK:
Poemas do teólogo-mártir luterano, Dietrich Bonhoeffer.
Capa do filme da Comev sobre sua vida.
Capa do filme da Comev sobre sua vida.
5 Comments:
Fico a imaginar com os meus botões...
O teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer quando foi a Berlim certa vez impressionou-se com o congresso do ES, que era levado a efeito sob a lideranca do General Bramwell Booth, filho do Fundador. Essa simpatia pelo ES não terá influenciado Henrich Pollack de alguma forma a tornar-se salvacionista? Como saber? Um dia, quem sabe...
By paulofranke, at segunda-feira, julho 23, 2012 3:52:00 PM
Sempre muito interessante suas postagens. Desculpe minha intromissão na sua postagem, mas lembrei-me do nome da creche, bastante precaria, filhos de mães solteiras que mamãe acolheu em nossa casa movida por sua compaixão, chegou ao limite maximo de 85. Sempre dizía, diante de muitas dificuldades que, até alí o Senhor a tinha ajudado, por essa razão, ao fazer o registro colocou o nome "Lar Ebenezer"
Coincidência também conhecer hoje o autor do hino que justamente "hoje" acordei cantarolando e que não sai da minha cabeça - "Tudo a Ti, Jesus, consagro... tudo entregarei". Lindas histórias de vidas!Inclusive de minha amada mãe!
By Yara, at segunda-feira, julho 23, 2012 5:29:00 PM
Instigante e envolvente essa postagem.Sabendo da forte religiosidade e dedicação do judeu, o convertido será sempre um expoente na denominação cristã que abraçar,como foi o caso desses dois exemplos. Conheço e admiro a maioria dos hinos que o Salomão traduziu/compôs. Curiosidade : O pastor citado, José de Souza Marques,foi possivelmente o fundador da Universidade Souza Marques, que eu e o Edison estudamos.
By Francisco S V Filho, at terça-feira, julho 24, 2012 6:12:00 AM
Querido amigo Paulo Franke; fiquei muito comovido ao ler sobre a experiência do querido e saudoso David Hämäläinen, teu sogro e grande amigo que tive em minha juventude. Tambem me emocionou a leitura sobre os dois judeus - um salvacionista e outro batista - cuja história você resume muito bem. Obrigado!
B.S.C.
By paulofranke, at terça-feira, julho 24, 2012 1:35:00 PM
Histórias maravilhosas de vidas abnegadas e fiéis!
Relendo nesta data.
By Yara, at quinta-feira, janeiro 29, 2015 2:33:00 PM
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