RevendO - A 1a e a 2a vez que fui a VEVEY... Charlie CHAPLIN (sepultura e museu)
Verão 2008
A PRIMEIRA VEZ QUE FUI A VEVEY
O final de minha postagem anterior serve de introdução a esta. Lembre-se de que em Zurique senti-me como um "vagabond" dormindo na estação ferroviária... Bem, minha próxima cidade na Suíça foi Vevey, e o motivo maior de tê-la colocado no meu roteiro de viagem foi o fato de ter sido o lugar de exílio do famoso cômico Charles Chaplin (Le Vagabond/The Tramp) e onde viveu suas duas últimas décadas.
Apresentar Carlitos é algo que vou dispensar, pois desde os anos 20 do século passado até os dias de hoje sua popularidade é espantosa, mesmo entre as gerações mais novas.
Chegando à estação de Vevey, depois de poucas horas de viagem percorrendo a Suíça-francesa, que não conhecia, ainda que meio quebrado da noite anterior era hora de começar o passeio de somente um dia (que prometia ser um longo dia e com algumas surpresas que naturalmente não me ocorreram no momento). O centro turístico abria às 10h00, portanto sobrava um tempinho para admirar Vevey às margens do Lago Léman, tendo ao fundo os Alpes de Savoie, um espetáculo aos mais sonolentos olhos...
E o que não poderia faltar...
Perguntando onde seria o Exército de Salvação (Armee du Salut) no meu pobre francês, sabendo-o a somente poucos metros de onde estava fui fotografar o prédio. Dois nomes vieram-me à mente naquele instante, David e Stella Miche que em 1922 partiram da Suíça-francesa para iniciar a obra do Exército de Salvação no Brasil.
O cartão acima, publicado pelo Centro Histórico do The Salvation Army em Londres, vem a calhar no momento desta postagem e teria servido "como luva" a este viajante cansado e esfomeado no momento da chegada a Vevey.
Comida barata & Dormitório - para pobres que estão passando fome.
É o anúncio de um centro salvacionista de ajuda de Londres, de 1888. Teria o menino Charlie Chaplin, que frequentou o Exército de Salvação em sua infância (veja link), feito refeições ou dormido nesse lugar (vejam os preços!)?
E novamente ali perto, a famosa estátua de Charles Chaplin, o "dono" da cidade ou pelo menos uma das fortes razões de milhares de turistas a visitarem. Hora de comer (meu sanduíche!), sentado em um banco aproximaram-se alguns pardais e compartilhei com eles o meu lanche.
Logo, dezenas de outros se aproximaram. Pensando que todos aqueles passarinhos dariam uma boa foto ao pé da estátua do Carlitos, procurei atraí-los com as migalhas que sobraram... em vão, fugiram todos, só ficando o unzinho da foto.
Será que os pássaros não apreciam o agora estático Carlitos??
Olhando meio de longe, pensei com os meus botões: "E Carlitos era baixinho assim como nesta estátua?" Mas quando cheguei perto conclui... bem, se este era o tamanho natural dele não foi tão baixinho assim... eu é que estou sem sapatos (eheh!).
O centro turístico deu-me as informações que eu pedira, todas com relação à família Chaplin em Vevey. E assim, com minha mochila-das-duas-bandeiras empreendi a subida de "somente" 2km até o cemitério em Corsier-sur-Vevey onde está enterrado ao lado de sua esposa.
Cemitério pequeno, lugar de muito silêncio, como em seus filmes mudos... Falam bem alto as recordações dos filmes do grande cômico. Nos filmes, muito riso, aqui, silêncio respeitável.
Chaplin morreu enquanto dormia na manhã do dia de Natal de 1977.
Oona, filha do dramaturgo americano Eugene O'Neill, era uma adolescente quando se casou com Charles, na época com 54 anos. Acompanhou-o ao exílio e deu-lhe 8 de seus 10 filhos. Esteve ao seu lado até o último instante de sua vida. E também foi enterrada ao seu lado (morreu com apenas 66 anos!)
Para "provar" que estive aqui... com olhos cansados da noite anterior... ou emocionados?
Talvez não prestara a devida atenção às informações do centro turístico, pois pensava que a mansão dos Chaplin seria "encostada" ao pequeno cemitério. Novamente coloquei o meu francês em ação para - o lá, lá! - saber que a casa estava a 10km montanha acima...
Em frente! Topei a parada de subir cada montanha (Climb ev'ry mountain), ainda inspirado com a visita a Salzburgo, e na estradinha paralela a uma movimentada rodovia encontrei diversas fontes de água potável para beber e também molhar o rosto.
Vencidos os 10km (uff!), o grande desafio era achar o local da mansão. Nenhuma viva alma para me dar a informação. Silêncio total a não ser o canto dos passarinhos. Em dado momento, encontro uma senhora espanhola que trabalhava em uma casa. Hablando ahora mi portuñol, soube que sua patroa lhe falara algo que podia ser o que eu procurava. E era.
A linda mansão de Charles Chaplin, conclui, só pode ser vista de helicóptero, pois o máximo que encontrei foi o portão abaixo, talvez o da entrada, talvez o lateral, mas confirmei com um motorista dormindo em um carro ali estacionado que era ali mesmo. Acordei-o e, assustado, simplesmente apontou para o portão, sem abrir o vidro... Cada uma!
Àquela altura - dos acontecimentos e geográfica - meu cansaço já passara por completo. Era a minha vez de ser um paparazzi e tentar conseguir uma foto de algum canto da mansão entre aquele arvoredo que a circunda.
Voilà la maison!
Mas foi tudo o que consegui...
Do Google copiei a foto da fachada da Manoir-de-Ban a Cosier (casas por lá têm nomes), norte de Vevey. Há planos de transformá-la em um museu.
Charles Chaplin finaliza sua autobiografia com estas palavras:
De vez em quando sento no terraço ao pôr-do-sol e olho, através do grande gramado, para o lago à distância e para as montanhas, e nada faço a não ser deixar-me envolver pela magnífica serenidade. (tradução livre)
*
E é esta paisagem da foto acima a que ele contemplava.
Uma querida amiga de Brasília quando visitou a Alemanha presenteou-nos com um enfeite magnético de geladeira onde está escrita a frase de Chaplin:
Um dia sem um sorriso é um dia perdido.
Despedindo-me de Vevey em um dia muito bem aproveitado, fiquei contente por ter visitado o local onde Charles Chaplin viveu os 20 últimos anos de sua vida. E as palavras de suas canções - talvez as duas únicas traduzidas para o português - Sorri e Luzes da Ribalta vêm-me à mente:
*
Sorri quando a dor te torturar e a saudade atormentar os teus dias tristonhos, vazios...
*
Para que chorar o que passou, lamentar perdidas ilusões?... Pois o ideal que sempre nos acalentou renascerá em outros corações.
*
¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤
*
Fã de Carlitos desde minha infância, guardei a Manchete de 7 de janeiro de 1978, com muitas páginas dedicadas ao "Gênio do Século" que morrera há poucos dias. No longo e carinhoso texto relembra-me Carlos Heitor Cony que os pais de Chaplin eram de origem francesa (seu pai) e de judia-irlandesa (sua mãe). Durante a guerra, pelo rádio e pela imprensa, Charles denunciou o massacre dos judeus, sendo que na hora mais difícil se sentiu judeu. Seu filme, "O Grande Ditador", provocou cólera em Hitler e foi interditado em todo o território americano, sendo liberado após um ano e meio, depois do ataque a Pearl Harbor, quando os EUA entraram na guerra.
Quando por ocasião da estréia de um de seus filmes, parte da família voou de Vevey para Londres. No quarto de século em que viveu na Suíça, viu o nascimento de quatro de seus dez filhos. Nasceram na clínica de Mont-Choisi, em Lausanne. Seu último filho, Christopher, nasceu quando Charley tinha 73 anos de idade. Oona deu-lhe 8 de seus 10 filhos (Google). Obs.: segundo Manchete, o produtor e sua esposa estão atrás de Chaplin.
Legenda das fotos na Manchete: Na mansão de Corsier-sur-Vevey, Chaplin envelheceu e se afastou do mundo. Recebia alguns poucos amigos e, em certas datas, reunia a família. Não estava amargurado, nem tinha motivos para isso: o mundo inteiro lhe reconhecia o gênio. Estava rico, tinha ao seu lado a mulher que o amava. Nas últimas semanas, sofreu com o bronquite. Junto à lareira, a bengala.
*
De outra fonte, li que até quase o final de sua vida mantinha-se ocupado, sendo uma de suas tarefas compor músicas para servirem de fundo aos seus filmes mudos.
Segundo a Manchete, esta é uma das últimas fotos de Chaplin, feita por um fotógrafo alemão. Mostra o estado de saúde do genial artista. Tal como num de seus filmes da fase gloriosa, tem um cachorro ao seu lado.
*
Quase terminando de ler o artigo de Carlos Heitor Cony, comovido, senti meus olhos umedecerem-se. Quando isso aconteceu, faltava somente ler a sua última frase homenageando Charles Chaplin. E a frase é essa: E - se temos coragem para a lágriama, chorar diante de Carlitos é uma forma de melhor curti-lo, melhor compreendê-lo e amá-lo.
L i n k s
-Meu encontro com Victoria Chaplin, filha de Charles Chaplin:
http://paulofranke.blogspot.com/2006/07/ele-era-importante.html
- O último discurso de "O grande ditador" (imperdível!)
http://www.youtube.com/watch?v=FPzgq8sNbMI
Em tempo:
Carla, uma amiga do Orkut, fã de Charles Chaplin, cedeu-me a foto em que está ao lado de Aurelia, filha de Victoria Chaplin e Jean Baptiste Thirré, após o show da neta de Carlitos em Recife-PE.
E o espetáculo continua!
* * * * * * * * *
A SEGUNDA VEZ QUE FUI A VEVEY
Inverno 2017
Em Vevey, no Museu CHAPLIN, maxi-postagem!
Em setembro de 1952, Charlie Chaplin estava indo para a Europa para divulgar seu filme "Luzes da Ribalta" quando soube que os E.U.A. haviam suspendido seu visto americano por causa do "McCarthyismo", que o acusou de comunista. A família Chaplin precisava de um novo endereço na Europa e, por conselho de seu irmão Sydney Chaplin, eles visitaram a Suíça. Charlie se apaixonou pelo país, por sua paz e quietude e pelas leis de impostos; assim adquiriram a propriedade chamada Manoir de Ban, em Vevey, em 31 de dezembro de 1952.
In September 1952, Charlie Chaplin was on his way to Europe to promote his film Limelight when he learned that USA had revoked his visa because of "McCarthyism" (that accused him of a comunist). The Chaplin family needed a new address in Europe and, on the advice of Charlie's brother Sydney, they visited Switzerland. The film-maker fell in love with the countryside, the peace and quiet and with the tax laws, and purchased the vacant Manoir de Ban on December 31, 1952.
Oona estava grávida de seu quinto filho durante sua chegada à Suíça, e o casal teve oito filhosno total./ Interessante que seus filhos estudaram em escolas públicas.
manor furnished, the Chaplin family and their architects Burnat and
Nicati renovated the property and reorganized the interior of the
mansion in neoclassic style of 1840 rounded for centenary trees.
Chaplin's wife Oona was pregnant with their fifth child on their arrival
in Switzerland, and the couple went on to have eight children in total.
Interesting that their children studied in public schools.
Amigos/Friends
__________________
The last but not the least
- Biografia de Chaplin (video)
- Neto de Chaplin faz show circense em Helsinki
http://paulofranke.blogspot.fi/2013/08/james-thierree-o-neto-de-charles.html
(para mim, um dos melhores)
https://en.wikipedia.org/wiki/Easy_Street_(film)
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home