06 a 09.11.2023 - Meu Servico Militar... como não rir ao lembrar-me?
Oi, tenta - se conseguires - imaginar-te com oitenta anos!!
Um amigo, que também completou 80 anos antes de mim este ano, disse-me algo engraçado: "Paulo, não tenhas medo, fazer 80 não dói!"
A propósito deste bom amigo, de sobrenome Senna, ele esteve em cena na minha vida como colega no curso primário, depois, por ter nascido também em 1943, como "camarada" no servico militar. E não ficou por aí: ... o Facebook nos reuniu novamente, e mais: ... esperou-me no aeroporto de Porto Alegre quando fui a Pelotas certa vez, e ainda... de vez em quando conversamos pelo Messenger, lembrando o passado, não raro por uma hora ou mais.
Tendo dito isto, revejo a postagem abaixo, mas antes publico a foto do Grupo Escolar Dom Joaquim Ferreira de Mello, onde fizemos o primário e o Nono Regimento de Infantaria (hoje 9 Batalhão de Infantaria motorizado regimento Tuiutí) onde prestamos o serviço militar, em 1962:
Postagem
ReveR
Serviço militar... como não rir ao lembrar?
*^*^*
Experiências pitorescas
Apesar das situações descritas, gostei do serviço militar, da camaradagem, das noite de guarda no frio gaúcho debaixo de um céu estrelado, quando nos envolvíamos em um cobertor que cobria nossa cabeça e punhamos o capacete em cima, das idas à padaria no meio da noite, atraídos pelo cheirinho do pão recém-assado, das paradas diárias ao som da banda do regimento (nossa companhia nunca venceu a competidão das que melhor marchavam...), das vozes de centenas de soldados cantando "És a nobre infantaria, das armas a rainha, por ti daria a vida minha!" e, ah, dos inúmeros 20 dias de dispensa por motivo de economia na alimentação do regimento.
(Nesta ginástica, dou um pulo para o dia 8 de novembro de 2010, há 48 anos ...
Procurando fotos antigas soltas em uma grande caixa, encontrei esta, do infeliz dia da baixa no servico militar, em fevereiro de 1963. A palavra infeliz não é por brincadeira, mas de fato gostei muito do serviço militar e senti falta de meus colegas soldados e de tudo o que encerrava "servir à Pátria", experiência única na vida.
Hoje, tendo enviado a foto para um rapaz que serviu na mesma companhia - CC2 - recebi seu telefonema por skype, conversamos animadamente depois de tantos anos, identificamos soldados da foto - todos hoje com 67 anos! - gostei de saber notícias do soldado 76 (fui o 77) e lamentei saber do falecimento de outro também na foto.)
Experiência de ser soldado de dois Exércitos
(A seguir, transcrevo uma das meditações do livro que escrevi, "Edificação Diária",a única a abordar uma experiência do meu serviço militar)
Vão indo de força em força (Salmo 84:7).
Por muitos anos durante a Semana da Pátria recordei-me do 7 de setembro do ano em que prestei o serviço militar. Muitos ensaios para o grande desfile foram feitos dentro do regimento. O evento não deixava de ser uma expectativa que eu tinha desde menino ao admirar a grande parada militar na maior avenida da cidade - aquela onde inclusive vivi a maior parte de minha vida - principalmente quando o Nono Regimento de Infantaria desfilava diante do "Altar da Pátria".
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O dia chegou, enfim... mas com ele uma chuva torrencial que fez com que o desfile naquele ano fosse suspenso. O desapontamento não foi maior porque naquele mesmo ano eu me tornara também soldado do Exército de Salvação, sendo iniciado a adestrar-me com as bíblicas armas espirituais que me traziam fé, alegria e entusiasmo. Durante o serviço militar algumas marchas aconteceram, mas não a do 7 de setembro! Lembro-me daquela de 32km quando, à saída do regimento, a banda tocava vibrantes hinos militares, saudando os soldados e despedindo-nos para a longa marcha.
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Naquele instante, erguíamos a cabeça e o peito, alinhando-nos devidamente rumo a uma experiência nova, sem naquele momento sentirmos o peso de todo o equipamento que éramos obrigados a carregar, usando inclusive sobre o leve capacete de fibra um de aço. Porém, à medida que nos distanciávamos, a música ia ficando cada vez mais fraca, até desaparecer por completo, sendo substituída pelo som dos passos dos soldados, mais exaustos a cada quilômetro percorrido.
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Nas minhas "marchas espirituais" no outro exército, cedo aprendi que nem sempre temos um fundo musical a nos animar. Temos que andar "no seco" ou pela fé, muitas vezes sem definir bem o caminho à frente e sem sentir o sabor da vitória rodeando nossos passos. É o ponto onde muitos desanimam e perdem a fé, exatamente quando ela é testada, quando ouvimos os nossos próprios passos cansados e vacilantes na marcha da vida.
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Mas também podemos contar que nas esquinas ou encruzilhadas da nossa jornada, de repente, sem saber de onde vem, escutamos "música no ar"! Sobe o ânimo, redobra a fé e vem a coragem e o entusiasmo para prosseguir. O que aconteceu? Deus fez isso, quem sabe, para atender os rogos de quem orou por nós, alguém que provavelmente nunca saibamos quem foi. E lançando-nos o Seu olhar de infinita misericórdia, o resultado foi o de forças renovadas exatamente quando com as cargas as nossas fraquejavam e chegavam ao fim.
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Se o fardo estiver pesado e o passo tornar-se lento no campo de batalha que é a nossa existência, abramos o cantil da Água da Vida que nos dá o Senhor, abramos o dispositivo da oração, do louvor e da fé e, bem certo, algo acontecerá à nossa frente e nos surpreenderemos com o altar do Senhor tão visível novamente, mostrando-nos um caminho brilhante e nova inspiração para prosseguir, acertado o nosso passo com o céu.
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Edificação Diária
Esta única gravura coloquei no meu armário da companhia.
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Este poema foi encontrado dentro do bolso da jaqueta de um soldado desconhecido, morto no campo de batalha:
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JAMAIS FALEI CONTIGO
Ouve-me, Deus... jamais falei contigo...
Hoje quero saudar-te. Como vais?
Sabes, disseram-me que não existias
E eu, tolo, acreditei que era verdade!
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Nunca em tua obra reparei.
Ontem à noite, da trincheira aberta
por granadas, vi teu céu estrelado.
Então compreendi que me enganaram.
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Não sei se estreitarás minha mão...
Vou explicar e me compreenderás:
Muito curioso... neste inferno horrível
Encontrei uma luz para ver tua face!
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Faremos a ofensiva à meia-noite,
Porém não temo, sei que me vigias.
O sinal! Bem, tenho que me forçar a ir.
Apeguei-me a ti... Quero dizer:
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Talvez esta noite chamarei à tua porta;
Não fomos muito amigos...
Mas... vou poder entrar se a ti eu chegar?
(Deus, bem vês que estou chorando...).
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... Vês, Deus meu!
Ocorre-me que já não sou tão mau...
Bem, Deus, preciso ir - boa sorte é raro,
Porém, agora já não temo a morte.
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Termino esta postagem com algo que não é para rir..
Conto aqui a história desta foto publicada na revista MANCHETE em 1968: "A vocação e suas exigências comecavam a pesar e cheguei a pensar se Deus não me queria noutro lugar que não onde eu estava... foi quando passei por uma banca de revistas e vi a página aberta na foto deste capelão ajudando a um soldado ferido na guerra do Vietnã. No fundo, eu estava me sentindo ferido também, mas ao olhar para a foto, o Senhor falou-me que precisava de mim para ajudar outros... foi quando Ele me fez identificar não com o ferido, mas com o capelão. Naquele instante, recobrei minhas forças e prossegui, como o capelão, olhando para o Alto, seguro de que estava na vocacão certa!"
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