Paulo Franke

14 maio, 2016

Na ilha GREGA de Zakynthos (primeira parte)

- Primeira parte -

"Já-ke-aki'stou" de volta em casa, tendo feito mais uma viagem protegido por Deus, com muita gratidão a Ele, é hora de contar minha terceira experiência grega, desta vez em...




Onde fica mesmo esta ilha de nome estranho? 
Assinalada com a seta, situa-se a leste da Grécia, afastada do arquipélago grego mais conhecido à oeste - onde já visitei Patmos e Cós - que fazem fronteira com a Turquia, algumas ilhas que a mídia tem enfocado em conexão com a atual crise dos refugiados sírios.



A ilha e o bairro próximo de Argassi, a 3km do centro, onde me hospedei...



... uma semana, com café da manhã, piscina etc. por um preço bem acessível, até para o bolso de um aposentado, coisas da Europa.


Mas como é do meu feitio, meus leitores já sabem, não dispenso fotos aéreas, pois considero que uma viagem começa já no momento em que estou no aeroporto, e esta não será exceção.


Pela Aegean Airline grega, embarcando no aeroporto de Vantaa.


Depois de 4 horas, chegando à bela Atenas...


... pela primeira vez vista pelo ar...


... banhada pelo Mar Ageu...


... com suas enseadas no mar azul...


... lugar que atrai muitos turistas no verão europeu.


A partir do mês de junho há voos diretos da Finlândia a Zakynthos...


... mas para evitar aglomerações de turistas, o que ocorre a partir de junho, escolhi ir um pouco antes.


Algo diferente, o que sempre me atrai: voar pela primeira vez pela Olympic Airline de Atenas até a ilha de Zakynthos. Olímpica, nome bem atual, lembrando os jogos olímpicos deste ano no Brasil.


No avião turbo-hélice!!!


Somente a 1 hora de voo  (na foto montanha com pico nevado!).


Chegando a Zakynthos no fim da tarde...


Levado ao hotel, um sono reparador porque ninguém é de ferro.

ZZZZZZZZZZZ

No dia seguinte após o café da manhã (muito farto e bom!), aventurei-me a caminhar os 3km do bairro do hotel até a cidade para explorar a ilha.


Na montanha, a bandeira grega.


E, numa brecha, o mar e um navio ancorado no porto.


E algo familiar... esta trepadeira que dá flores azuis, comum no Rio Grande do Sul.


E lá, a cidade de Zakynthos, num zoom para parecer mais perto...


 ... mas na verdade ainda havia um bom trecho a caminhar até a cidade à beira-mar sob dois rochedos.


Belas mansões no trajeto à beira-mar.


À entrada da cidade, que leva o nome da ilha, uma igreja ortodoxa grega...



... uma das inúmeras encontradas na ilha cujo povo pareceu-me muito religioso, haja vista não só as igrejas, mas muitos mosteiros também.


Como é proibido fotografar, o fiz do lado de fora. Lembrando: enquanto a igreja católica romana possui imagens em estátuas, a igreja ortodoxa tem seus "santos" em pinturas ou desenhos. Algo em comum: as auréolas sobre suas cabeças que, li, "sinal de santidade", mas originalmente eram colocadas para as imagens de escultura não pegarem pó, simplesmente. A lição: santos no Novo Testamento são todos os cristãos genuínos e não uma classe especial de pessoas... por minha conta: que tenhamos uma auréola invisível para o pó contaminado pelo pecado deste mundo não nos atinja.


Na cidade, um comércio ativo, muitas butiques e lojas de griffe (outlet)... imagino o movimento "quando os turistas ricos chegarem!"

 

E na cidade sob o rochedo, mais igrejas.


Andando diversos quarteirões com belas ruas estreitas,  achei o que procurava, algo em extinção, "Internet Café", este único no centro, com um sugestivo nome: Sião!

A este ponto, a oportuna pergunta:

Por que escolhi visitar Zakynthos?

Boa pergunta, que respondo de imediato... o sonho de visitar a ilha ficou guardado no coração desde que soube da tocante história do salvamento dos judeus das mãos dos nazistas na Segunda Guerra Mundial... 


Localizando a rua, bem perto, dirigi-me a ela...


E de longe vi o terreno onde no passado ficava a sinagoga local de Zakynthos, destruída por um terremoto no ano de 1953.


E lá algo que eu já pesquisara de antemão no Google, mas que agora, emocionado, fotografava com minha própria câmera... 


... o monumento a dois homens cujos nomes constam no "Jardim dos Justos entre as Nações", no Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, um o prefeito da cidade na época e outro o arcebispo ortodoxo.


Hora de relatar aos meus leitores uma forte razão de ter vindo a Zakynthos... pisar no solo onde a história abaixo aconteceu durante a 2Guerra
 (não deixe de ler!)


Nfim da primavera de 1944, navios nazistas da morte estavam fazendo sua ronda pelos portos das Ilhas Ionian. Eles haviam capturado 2.000 judeus de Corfu e outros 400 de Cephalonia. Era a vez de Zakynthos...

A missão dos esquadrões da morte da SS era reunir todos os membros da comunidade judaica da região e levá-los ao porto de Patras, onde seriam transferidos em trens para o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Ancorados em Zakynthos, o comandante nazista chamou o Bispo Metropolitano Chrysostomos e o Prefeito Lucas Carrer ao seu escritório e avisou-os que eles teriam 24 horas para submeter-lhe uma lista com os nomes de todos os judeus que viviam na ilha, juntamente com detalhes de suas propriedades.

Um envelopes lhes foi dado para ali escreverem o que lhes fora pedido. Vencido o prazo, o comandante abriu o envelope e o papel que estava dentro continha somente dois nomes: o do bispo e o do prefeito.

"Se você maltratar este povo", disse Chrysostomos com respeito aos judeus residentes na ilha, " eu irei com eles e compartilharei de sua fatalidade".

O comandante nazista ficou atônito. Ele enviou uma urgente mensagem a Berlim pedindo novas ordens. No meio tempo, o bispo e o prefeito informaram o líder da comunidade judaica, Moses Ganis, a respeito dos planos dos alemães, agilizando uma operação massica para esconder os judeus em vilarejos, fazendas e casas de cristãos. 


Nos meses que se seguiram e até a partida das tropas nazistas, nem um deles  confessou saber o paradeiro dos judeus e, como consequência, nem um só dos 275 judeus que viviam em Zakynthos foi deportado para campos de concentração.

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Antes de deixar a ilha, voltei ao local.


Observem que passados alguns dias somente, estou bem "queimado"...


... mas também impressionado com esta história, entre milhares, do salvamento dos judeus por não-judeus, agradecendo a Deus pela oportunidade de visitar o local onde aconteceu quando eu tinha somente 1 ano de idade.


Local da Sinagoga Judaica de Zakynthos, erigida em 1489 e destruída por um terremoto em 1953. Esta placa é um sinal de gratidão ao povo de Zakynthos pela sua ajuda em salvar a população judaica da ilha durante a ocupação nazista (1943-1944). Honra também aos "salvadores", Bispo Chrisostomos e Prefeito Loukas Karrer. 
E depois da foto da placa na parede, percebi que que o prefeito chamava-se Loukas, Lukas, o nome de meu netinho, que espero um dia herde de mim o grande amor pelo povo judeu!
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Mas a ilha, de prodigiosa natureza, tinha outras atrações, naturalmente. A placa lembrou-me da "ilha da fantasia" do seriado de TV dos anos 80. Não fui ao mini-golf, mas lembrei-me de que meus filhos apreciavam muito quando os levávamos a atrações do tipo.


Este lugar me atraiu quase a bases diárias...


... a linda piscina do hotel,  para bons banhos de sol que incluiam sempre momentos na água, que variava de 1.25m a 1.80m.



No muro de fora do hotel, figueiras nasciam nas brechas.


Esta casa vizinha ao hotel, atraiu-me pela data de sua construção: 1999, ano em que fomos transferidos para a Finlândia, terra maravilhosa por muitos motivos, minha segunda pátria, que inclusive me proporciona algo de que muito gosto, pelos seus preços acessíveis mesmo a um aposentado como eu, VIAJAR!


A falta da Anneli era sentida ao ver a variada flora da ilha, pensando no seu hobby de fotografar flores e versículos diariamente. 



Esta estranha flor me pareceu um tanto depressiva, sempre olhando para baixo. Ilustraria muito bem um dos incontáveis versículos que falam de Deus elevando a pessoa  quando ela se encontra "deprê".


Variação em cores e formatos. 



Se não me engano, no RS esta se chamava "pacarete"...


E esta, muito comum, lá é chamada "primavera", noutros estados outro nome.



A infância sempre vem à mente, mesmo vendo flores... assim, passando por uma loja de brinquedos,  fotografei esta bola do meu desenho Disney preferido, o Peter Pan, recentemente enfocado no último mês de janeiro, quando fui à Disneylândia, em L.A.


Linda esta casa de grego milionário com a planta comum derramando andares abaixo.


Mesmo em casas humildes, flores e mais flores.


E, voltando ao assunto sites judeus, uma moto, com uma lembrança...
Já tive uma moto quando trabalhamos em Lisboa, mas nunca gostei de motos... mas me lembrei de quando visitei a ilha grega de Patmos para não subir montanha acima para ver o local onde João escreveu o Apocalipse, aceitei a carona de um turista que me levou de moto até a caverna histórica.


Faltava-me visitar um outro local judaico na ilha e pedi informação a como lá chegar. Um homem ofereceu-me carona (o bondoso povo gosta de dar caronas!) e quando pensei que era no seu carro, era na sua... moto! Assim, depois de muitas curvas e subidas íngremes ele parou no local, o velho cemitério judeu da cidade (uuff, que passeio "este Paulo" me arranja!). Agradeci a carona tirando uma foto do bondoso e prestativo grego.


Para dar uma idéia de quão alto eu estava, tirei esta foto com casas "lá embaixo" à beira-mar.


No velho cemitério, uma sepultura restaurada...


Ali senti medo, eu que não me assusto em cemitérios: ouvi latido forte de cachorro nas proximidades e ninguém por perto.


Lembrando-me do versículo bíblico que "o perfeito amor lança fora o medo" 
(1 João 4:18), resolvi desconhecer o latido forte do cachorro, certamente um cão fortão também, e enfocar no meu amor pelo povo judeu, que nos trouxe a Bíblia, em mais um dos seus cemitérios visitados pela Europa, além de campos de concentração (5 ao todo...).


Assim, visitei cerca de 20 a 30 sepulturas de judeus moradores da ilha no passado.


Uma foto última do portão com a estrela de Davi, e empreendi o caminho da volta, lembrando-me do dito popular "pra baixo todos os santos ajudam", sem saber bem a razão ou a origem dele, de repente blasfemo.

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Noutro dia resolvi tomar um ônibus de linha para ir à cidade. Fiquei conhecendo o ponto final dele, a rodoviária situada ao pé de um dos grandes rochedos. Para ir ao centro, outra grande descida... Uma pergunta: para que construir uma rodoviária em lugar tão esquerdo?? Pelo mapa da Grécia, vê-se que dali partem ônibus também para Atenas e também outras, inclusive Tessalônica (11 horas de viagem).


Mais uma descida e eu estava no centro da cidade.


E mais flores que me faziam lembrar da Anneli, que não gosta de fazer turismo, mas que teria gostado de fotografar as flores desta ilha!


Esta crescia lá no distante RS...


Lírio!


A principal decoração dos gregos: flores!




A placa dos carros de Zakynthos.


Um restaurante típico grego perto do hotel, mas fechado àquela hora.


Imagino-o na fase alta do turismo, sempre cheio de fregueses. 


Por estar vazio, fotografei o quadro de Anthony Quim em "Zorba, o Grego".



A vez de me lembrar dos amigos cinéfilos do Grupo Cinema Clássico e Antigo, da Sibely... Melina Mercouri na cena do filme "Nunca aos domingos" (Never on Sundays), que assisti nos anos 50 e que ainda me recordo da música que se tornou sucesso mesmo no Brasil (escute-a cantando em grego no link abaixo)



E falar em anos 50, o Elvis Presley homenageado em estátua em outro restaurante.



 Paulo (Pavlos) e Pedro (Petrus), uma foto com o dono da Tour para marcar uma. Muito simpático, quando soube meu nome, admirou-se da coincidência e contou-me que o dia de Pedro e Paulo (apóstolos) é muito comemorado na Grécia, no fim de junho. Outra lembrança de infância... como tenho um irmão chamado Pedro, nosso saudoso pai no "nosso dia" comprava fogos de artifício e explodia-os diante da nossa casa para nossa alegria infantil. E para os vizinhos a certeza: naquela casa existia um Pedro e um Paulo (este que herdou do apóstolo o fato de viajar muito!).

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Obrigado por acompanharem-me nesta primeira fase da viagem!

Na próxima postagem, a segunda de três somente, mostrará fotos da turnê de barco pelo local mais belo e famoso da ilha, Navadio Beach:



Até a próxima "janela"!

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L i n k

Melina Mercouri cantando "Nunca aos domingos" em grego:

https://www.youtube.com/watch?v=sf3zTVYJ65E

7 Comments:

  • Que maravilha de viagem.. eu curti muito como se estivesse lá.
    E adorei você ter mostrado a foto do Zorba, o Grego e da Melina Mercouri, ambos filmes que eu adoro .
    Gostaria imensamente de um dia visitar a Grécia. Um País repleto de maravilhas.
    E me emocionei com a história dos judeus.
    Parabéns amigo...
    Obrigada por compartilhar

    By Blogger siby13, at sábado, maio 14, 2016 2:19:00 PM  

  • Li as três postagens, e amei, pai! Que lindas as flores, linda a história do salvamento dos judeus, maravilhosa a ilha e praia transparente ao fim do passeio de barco é incrível: vc andando de moto!! Wow, vc sempre aproveita o máximo, mesmo!! É o que comeu por lá, fora os camarões? Não vi pratos de comidas. Beijos, martta

    By Blogger Unknown, at domingo, maio 15, 2016 8:39:00 AM  

  • Repetindo: "Que lugares lindos!" Acho que ganha de todos os demais deste mundo!

    By Blogger Neiva, at segunda-feira, maio 16, 2016 1:55:00 AM  

  • Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    By Blogger Yara, at quarta-feira, maio 18, 2016 5:10:00 AM  

  • Que lugar lindo!

    By Blogger Deborah, at sexta-feira, maio 20, 2016 1:23:00 PM  

  • Lindas fotos, belíssimo lugar, linda história relatando a bondade dos não judeus e, as flores...lindas !

    By Blogger Solange, at segunda-feira, janeiro 23, 2023 8:29:00 PM  

  • Oi, tio. Conforme o prometido, aqui estou eu, lendo e comentando as postagens. A Grécia é um belo país. Jamais imaginei tal história sobre o bispo e o prefeito que foram guiados por Deus, para que a comunidade judaica fosse poupada. Sobre as flores, sou péssimo em assuntos como botânica, mas a trepadeira com as florzinhas azuis também existe por aqui. Não sei se lembras, aqui em Lins existe uma das raras igrejas ortodoxas gregas do Brasil, construída por um imigrante grego, nos anos 50, para que sua mae religiosa, aceitasse vir da Grécia para morar no Brasil. Enfim, excelente postagem. Fique com Deus! Roger.

    By Anonymous Anônimo, at terça-feira, janeiro 24, 2023 7:59:00 PM  

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