Paulo Franke

08 novembro, 2013

PÃO...Pães finlandeses... Pão nosso de cada dia...comPANheiro

Pão d'água, pão sovado, "pão de dedo" ... esses três tipos de pães remetem-me aos 20 anos em que vivi com meus pais e irmãos no sul do Brasil. A variedade era pequena, e não tínhamos tradição de "fazer pão", mas os pães eram gostosos, sendo eu o mais guloso. Eventualmente chegaram os pães de forma, com os quais se fazia sanduíche nos aniversários ou então aquela torta salgada com recheio de legumes, sardinha ou atum etc. e coberta de maionese. 
Lembro-me bem do nosso padeiro Aurélio, filho de portugueses, com sua carroça amarela entregando pães a domicílio. E quando faltava, um de nós ia comprar na Padaria Vitória, onde ele trabalhava. 
Foge à memória outro tipo de pão que nossa grande família consumisse. Ah! sim, nossa avó paterna, que era diabética, comia um pão escuro e nada apetitoso aos meus olhos...
Nas férias, que eu sempre passava no sul, era a vez de comer bolachas Zezé, delícia pura cuja fábrica começou em Pelotas no ano de 1968. Na imagem abaixo, o mapa do Rio Grande do Sul e o linguajar gaúcho na sua divulgação, que "traduzido" é: Os meninos fizeram bagunça para ganhar bolo inglês (de cake) e sanduíche de pão francês" (se ainda estou bem lembrado do idioma "gauchês").


Virando diversas páginas de minha vida, vivo há 14 anos na Finlândia rodeado de uma variedade imensa de pães... mas a conselho médico comendo somente o pão que minha avó comia, chamado aqui de ruisleippä, pão de centeio puríssimo que mesmo crianças comem e gostam.




De fato, o pão é muito gostoso e nutritivo, mas de vez em quando quebro a dieta com saudade de pão branco, especialmente de alguns que têm o mesmo gosto do pão d'água da infância lá em casa!



Sementes no pão, muito comum por aqui.


O näkkileippä, em sueco rågbröd e em inglês rye bread...


... super popular na Escandinávia, rico em fibra; se bem que o mais saboroso acho o RYVITA, made in Bedfordshire, England. Já o encontrei em supermercados brasileiros, mas muitos conterrâneos que aqui residem não se acostumam com o gosto do näkkileippä, daí eu desconfiar se ainda são vendidos no Brasil.



Outro tipo de näkkileippä, em folhas, uma delícia! Este foi cortado no formato do mapa da Finlândia, incluindo o arquipélago de Åland, onde vivemos durante quatro anos. 


Colocado em uma moldura, com ele vou presentear a sogra.


Aqui a Dona Martta, quando nos visitou em Åland em 1991. Foi chegar e ir para a cozinha assar pão e pullas (pão doce). Missionária no Brasil por quase 50 anos, agora morando em sua terra natal, é lembrada pelos brasileiros por seus pães, pullas e biscoitinhos de aveia, o que fazia para vender em bazares ou para eventos especiais, com grande sucesso.


Aqui, D.Martta em foto mais recente com seu bisneto, nosso neto que vai seguindo a tradição finlandesa de "por a mão na massa".



Meus sogros são originários da Carélia, a parte da Finlândia que teve de ser entregue à Rússia na Segunda Guerra Mundial. De lá vêm as conhecidas piirakkas, que podem levar arroz ou batata, muito populares na Finlândia. Meu saudoso sogro, nos últimos anos de sua vida, queira comer somente este quitute que o fazia lembrar da sua longínqua infância na Carélia.


Na família dele eram sete irmãos e uma irmã, sendo que dos homens cinco tornaram-se oficiais do Exército de Salvação neste país. Leo Hämäläinen, um deles, mais tarde pediu demissão das fileiras e trabalhou no ramo de panificadoras, chegando à presidência do sindicato de padeiros da Finlândia. Leo, que hoje tem 95 anos, é conhecido por seu bom-humor, mente sóbria e "contador de casos" interessantes. 



Estes apetitosos pães são produto da Padaria da Árvore, em São José dos Campos-SP, quando meu concunhado foi o proprietário. Vê-se que há um toque finlandês em alguns, pois fez estágios e esteve em contato com Leo Hämäläinen, tio de sua esposa, que o introduziu a fábricas famosas daqui.


No calor do Rio de Janeiro, a tradição continua: piirakkas feitas por uma das irmãs da Anneli, que por sua vez há muito tempo parou com "massas" e nem sabe onde se encontra o seu bem usado livro de receitas. Sinto falta dos rissoles que aprendeu a fazer em Portugal, sucesso garantido em nossos aniversários!


Quando vivemos na ilha de Åland, província finlandesa de língua sueca, nosso filho caçula era o pizzaiolo da família. Preparava a massa com a ajuda da mãe, também os "apetrechos que vão em cima" e enquanto assava a primeira fornada, era o primeiro que queria ser servido. Na foto, quando trabalhamos em Joinville-SC em 1994, ele parece ter continuado a ser o pizzaiolo-mor.


No projeto de pintar cadeiras, que minha segunda filha começou em Oulu, norte da Finlândia, convocou amigos para pegarem no pincel. Tive a idéia de pintar uma pizza, cadeira que foi vendida a um pizzaiolo de Estocolmo.
Pizza daria uma postagem em si, mas seguramente a mais gostosa do mundo é a de São Paulo, comprovo com alguma saudade. Outra pizza magnífica é a do "Pizzaiolo", na Protásio Alves, originalmente de propriedade de primos de meu pai.


O baguete francês. Quando estive pela primeira vez em Paris comprei um e saí andando pela rua com ele desembrulhado... no bom estilo francês, mas não o coloquei debaixo do braço.


Quando a filha que tem o nome da avó, Martta, mudou-se para Estocolmo, em uma de minhas visitas fui convocado a "botar a mão na massa" enquanto ela ia assando "toneladas" de pullas salgadas.



Não levo muito jeito, pois nunca abri massa na vida, mas minha ajuda pareceu ter sido apreciada e todos nos divertimos na tarefa de padeiros!


O resultado parece ter sido bem bom!
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Na "prateleira" deste blog está o material para uma postagem sobre bolos, também tradição da família, nesse caso tanto da parte brasileira quanto da parte finlandesa, principalmente.

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Na foto dos "Sons of Holocaust", sobreviventes judeus depois da guerra, em 1946, mostram satisfação em receber a sua ração de pães em Bindermichl, Linz. Depois de tantos anos de sofrimento e privações, inclusive fome extrema, momentos como esses eram altamente apreciados.





O Exército de Salvação de nossa cidade, desde que me aposentei em 2011, tem sido dirigido por minha esposa. Uma das atividades semanais é a "igreja do pão" (leipäkirkko). Perto de 50 pesssoas, representando suas famílias, comparecem para receber suas sacolas de pão dos mais variados tipos, e laticínios, entrega dirigida pela Anneli com seus voluntários. 


Em uma das paredes da nossa igreja está este quadro bordado com a oração do Pai Nosso, no seu contexto o "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje". E no culto de meia hora que é realizado antes da entrega das sacolas, cantamos e falamos acerca de Jesus Cristo, que disse: "Eu sou o pão o Pão da Vida; o que vem a mim jamais terá fome" (João 6:35). Na ocasião enfatizamos a importância não só de receber a sacola com o pão material, mas em seus corações o Pão espiritual. Após a entrega, todos são convidados ao farto café servido no salão social. Muitas pessoas, que ficam na fila lá fora enquanto as sacolas estão sendo preparadas, provêm de famílias muitas vezes arruinadas em razão do alcoolismo, um grande problema social da Escandinávia.

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E antes de irmos para a parte final da postagem, que tal um cafezinho? 
É só servir-se na máquina suíça de marca Franke, rs.



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Saint Exupéry inspirou-se no trigo.


Um autor desconhecido foi feliz definindo pão.

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E abaixo a interessante definição da palavra "companheiro":
COMPANHEIRO – do Latim companio, literalmente “companheiro de pão, parceiro de
mesa”, de com- mais panis, “pão”. Passa a mensagem de que, para sentarmos à mesa com
alguém e partilharmos o pão, esta pessoa há de ser de nossa confiança.
O Dia do Panificador mereceu uma mensagem no livro "Edificação Diária":


E no deserto, registra Mateus 4:2-4, Jesus "... depois de jejuar durante quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então o tentador, aproximando-se lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus"


Diante do texto, lembrei-me das pedras que encontrei na praia de Alanya, na Turquia. Comuns mas interessantes pela cruz que existe "pintadas" naturalmente em muitas delas.

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Finalizando, o conhecido escritor evangélico Max Lucado, que já trabalhou no Brasil, conta a história de "O mendigo e o pão".






L i n k s

A história do pão:


 CAFÉ, origem, curiosidades, lembranças:


"Tribulum"

9 Comments:

  • Nas minhas andancas pelo mundo, já comi muito tipo de pão. Mas não me esqueco de quando, chegando à ilha grega de Patmos, antes de ir à pousada comprei um pão que durasse para os dois dias em que lá passaria. Quando fui partir o pão vi que tinha uma casca duríssima. Pedi à dona da pousada que o partisse para mim. Ela encostou o pão um pouco abaixo do pescoco e o cortou em fatias, empregando uma grande forca para isso. Contando para minha sogra a história do pão cortado perto da garganta, ela riu e comentou que era a forma como sua mãe cortava pães também.
    Também em outra ilha grega, a de Cós, chegando à tardinha não havia nada aberto e nem cafeteria no hotel onde fiquei. Com fome, perguntei a uma jovem da Moldovia que lá trabalhava se podia me conseguir um pedaco de pão. Ela veio bondosamente com várias fatias de pão de forma, que satisfizeram a minha fome até o café-da-manhã, por sinal bem farto. Hoje é minha amiga no Facebook.

    By Blogger paulofranke, at domingo, novembro 10, 2013 12:45:00 PM  

  • Comentários rápidos no FaceB:

    Mirian Dos Santos Fonseca:
    FEZ-ME LEMBRAR MINHA MÃEZINHA (ITALIANA)QUE TINHA MÃOS ABENÇOADAS! FAZIA TODO TIPO DE PÃES,UM MANJAR DOS CÉUS !

    Idala Domingues Matte:
    Sempre gostei de amassar um pão; hoje tenho panificadora.

    Rosangela Botelho:
    Preparo muitos, para a família e para venda.

    By Blogger paulofranke, at domingo, novembro 10, 2013 7:00:00 PM  

  • Que pena, Paulo, isso é uma coisa que não posso me gabar de saber fazer. Não é que nunca tentei, não... Mas o meu pão sempre fica muito 'pesado', não sei o que fazer... Mas, minha mãe era exímia padeira, fazia pães com batata-doce, escuros, etc. e sempre em 'dupla', pois me levava um para comermos juntos... E o meu filho Dennis herdou da oma a habilidade...
    Abraço. ADY.

    By Anonymous Anônimo, at segunda-feira, novembro 11, 2013 3:14:00 PM  

  • Eu seria capaz agora, neste momento, de comer cada um destes maravilhosos paezinhos e suas variacoes mostrados nestas fotos. Com cafe` preto, com cafe` com leite, tendo o prazer de segura`-los e dar mordidas vagarosas, saboreando pedaco a pedaco. Pao e` uma das melhores alimentacoes que sempre conheci, mas uma das mais proibidas para mim, um pobre temente dos niveis de glicose...

    By Anonymous Gerson Langie Barum, at segunda-feira, novembro 11, 2013 6:50:00 PM  

  • FALANDO EM PÃES REPORTEI-ME AOS TEMPOS DE MINHA MÃE...

    RECORDO-ME DE SUAS MÃOZINHAS MUITO BRANCAS, BEM CUIDADAS AMASSANDO OS PÃES COM VIGOR E CARINHO....MUITA SAUDADE, E EU ERA A COMILONA ....AMAVA E AMO PÃO DOCE !

    OBRIGADA POR FAZER MINHA MEMÓRIA REPORTAR AOS TEMPOS DE INFÂNCIA E MOCIDADE!

    MIRIAN DOS SANTOS FONSECA

    By Blogger paulofranke, at segunda-feira, novembro 11, 2013 10:59:00 PM  

  • Parabéns pelos pães abençoados dos confeiteiros e padeiros de Deus!!! Amamos Muito Vcs. Deus seja c/ Vcs. Deroci, Cleone, Familia e Campinas

    By Blogger Unknown, at terça-feira, novembro 12, 2013 3:20:00 AM  

  • Eu faço pães, panetones, biscoitos, etc... e como também!!!

    By Blogger Unknown, at terça-feira, novembro 12, 2013 3:21:00 AM  

  • vou enviar foto de um panetone e até pizzas agente faz

    By Blogger Unknown, at terça-feira, novembro 12, 2013 3:22:00 AM  

  • Maravilhosa postagem meu amigo, sou louca por pães, me fascinam demais (rsrs) que vontade de provar destas delícias!
    Um abraço!

    By Anonymous evelize cristina, at domingo, novembro 24, 2013 6:06:00 PM  

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