Paulo Franke

19 fevereiro, 2015

Niagara e Iguaçu, a lição das águas

Diante do inverno rigoroso que enfrenta a costa leste dos Estado Unidos e Canadá, a CNN noticiou o feito fantástico de um homem, chamado Will Gadd, ao escalar a catarata de Niágara praticamente congelada.



Sua aventura me relembrou a postagem "Niágara e Iguaçu, a lição das águas, e a trago de volta para que meus leitores a releiam ou o façam pela primeira vez. Quem sabe, entre esses leitores, alguns até que nestas férias visitaram ou uma ou outra catarata.







Assisti certa vez a uma palestra de um missionário entre os índios. Esqueci-me de muitas coisas que falou, mas nunca do seguinte: "Somos criticados e até perseguidos por levarmos a Palavra de Deus aos indígenas, acusando-nos de querermos introduzir os males da civilização a eles." E deu-nos exemplos dos benefícios de entre eles proclamarem o Cristianismo, uma forma de libertarem os índios das crenças que tanto os aprisionam. Um desses exemplos: os índios consideram que os espíritos dos mortos rondam as cachoeiras, portanto são lugares temidos e proibidos. Uma vez libertos desses temores por conhecerem a Verdade, crianças e adultos banham-se e deliciam-se nas quedas de águas, comuns nos rios que permeiam as selvas.

Essa palestra ouvi na cidade de Jacutinga, sul de Minas Gerais, onde no Instituto Peniel obreiros são preparados para levarem o Evangelho às tribos. Nessa mesma cidade, no final da década de 80, dirigimos um Lar de Crianças e recordo-me de que um dos divertimentos que as crianças mais apreciavam era quando as levávamos à linda cachoeira de um rio para se divertirem. Talvez por esse motivo gravei o que disse o missionário.

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Fiquei feliz quando, acompanhando meu cunhado em uma missão evangelística no Canadá no início da década de 80, contou-nos que passaríamos bem perto da famosa catarata de Niagara.

Até então eu a conhecia apenas através do filme "Niagara, torrentes de paixões", da década de 50, mas agora crescia a curiosidade de vê-la com os meus próprios olhos. Infelizmente, era inverno e não a contemplamos como mostra o postal abaixo...




Uma visão apocalíptica? A encenação do "purgatório"? O que lhe sugerem as fotos?


Em um sentido, foi assim que vimos Niagara. Os que a visitam contam que atualmente as capas de proteção que todos os visitantes precisam usar são de todas as cores. Na época em que lá estivemos recebíamos uma capa preta e longa que contrastava com a brancura das águas.



Foi estranho ver nossa famíla "fantasiada" dessa forma. E vestidos assim adentramos os túneis diversos que nos levaram a paisagens impressionantes. Na foto abaixo, meu filho, "um pinguinho de gente", contemplando os gigantescos "pingos" da catarata.



Apesar da sombria aparência dos turistas, a beleza descortina-se aos olhos, e o barulho ensurdecedor da queda das águas pode apavorar a princípio para logo fascinar profundamente.~

As águas têm inspirado poetas, escritores e pregadores. O simples murmúrio do riacho ou as torrentes de águas são temas conhecidos de todos nós.

A "religião" de muitas pessoas consiste - além de outros estranhos rituais - do oferecimento de dádivas a deuses do mar, rios e cachoeiras. Suas esperanças, entretanto, como suas dádivas, ou afundam-se ou distanciam-se mais e mais. E pensar que tantas pessoas se apoiam em tão falsas bases de fé...

Familiarizados com as palavras de Jesus - o Senhor da terra, mar e céus - a verdadeira lição das águas é uma fonte inesgotável de poder espiritual. Um dos símbolos do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, é a água. A água dessedenta, purifica, fertiliza, gera energia - assim o Espírito Santo em sua ação sobre as pessoas. Outros símbolos do Espírito são o orvalho, que cai sobre os ramos, a chuva, que prepara a terra para a colheita, e o rio, que irriga a terra, correndo sempre para o mar.



Quantas pessoas estão desesperadas no mar revolto da vida! A essas, recomendo a leitura de Mateus 8:24, trecho de Jesus atendendo ao clamor dos discípulos no barco quando a tempestade repentina irrompeu no Mar da Galiléia. E não acontecem nas nossas vidas tempestades repentinas também? Ele não estava ou está indiferente, alheio às nossas lutas, mas a um pedido de ajuda cheio de fé Jesus se levanta em meio ao mar e o acalma.

Nossa família com a saudosa tia Marja e suas filhinhas diante de Niagara.
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Antes de considerarmos a lição das águas extraídas de Iguaçu, uma lição a mais de Niagara. Quantas pessoas querem ser cristãs autênticas sem tirar a capa de "proteção" contra os desafios ou mesmo riscos inerentes do cristão ou, em outras palavras, "sem se molharem" (ver lições de Iguaçu). Quantas pessoas estão nas proximidades da Fonte da luz, mas vivem em trevas, sob capas diversas que não escondem a sua carência profunda de Deus! Quantas vivem uma vida cristã de fachada, sem penetrar nos mistérios da fé e sem sentir a efervescência do real viver cristão que o Espírito Santo nos pode - e quer - dar. Quantas igrejas navegam em um rio estreito e sem peixes, enquanto que poderiam experimentar no seu curso cachoeiras que podem ser também símbolos do avivamento!

As palavras do hino de William Booth, o fundador do Exército de Salvação, podem ser o trampolim de que necessitam:

No som returmbante das ondas do mar/ que atinge o meu ser e o faz exultar/escuto o chamado do grande Eu Sou/e mergulho nas águas e salvo estou!

Retire a sua "capa de prote
ção" e ouse, pela fé, tal mergulho!

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Cataratas do Iguaçu, na fronteira Brasil-Argentina.

Lendo e meditando sobre o Criador diante de uma fantástica obra da criação!

Quando viemos pela primeira vez morar na Finlândia, país de minha esposa, levei minha família para conhecer as cataratas do Iguaçu, com a intenção de que os filhos adolescentes levassem consigo a recordação de um lugar belo, forte e imponente do nosso amado Brasil, terra onde nasceram. Devido aos poucos recursos financeiros, hospedamo-nos em um hoteleco na cidade de Foz do Iguaçu que, pela umidade, vertia água pelas paredes. Brincamos que "as cachoeiras começavam ali"! Por força das circunstâncias não fizemos turismo caro, como andar de barco próximo às quedas ou mesmo de helicóptero para vê-las do ar.


Quando visitou Iguaçu, ao contemplar a queda das águas, Eleanor Roosevelt exclamou maravilhada: “Pobre Niagara!”, atribuindo superioridade às cataratas que contemplava. Outras personalidades também têm visitado este espetáculo da natureza.~

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Escolher entre o lado mais belo, se o "lado brasileiro” ou o "lado argentino”, é uma decisão da qual nenhum visitante pode fugir. Naturalmente, as cataratas formam um todo de beleza que o rio Iguaçu proporciona, mas aproveito-me do tradicional comentário para extrair a lição espiritual que as águas me trouxeram.


O "lado brasileiro" é o lado da CONTEMPLACÃO. Podemos ficar horas admirando a beleza que a natureza formou ou meditando na grandeza do Criador. Ali abrimos a Bíblia para ler um salmo que fala dessas grandezas. As fotos mais conhecidas das cataratas do Iguaçu são tiradas no “lado brasileiro” ou a partir dele.


O “lado argentino” é o lado da PARTICIPACÃO. Ao andar por passarelas, pontes, matas e até debaixo das cachoeiras, o visitante ouve o barulho ensurdecedor das quedas, toca nas águas e seguramente não escapará de ficar ensopado em meio às tantas belezas aquáticas.


A família ensopada no lado argentino.

Penso que o mesmo acontece com relação ao reino de Deus. A pessoa pode ficar do lado de fora do mesmo, contemplando-o, tornando-se eterna simpatizante de tudo o que diga respeito a ele e teoricamente até bem entrosada; no coração, porém, sempre distante e reticente quanto a um envolvimento que possa levá-la a um comprometimento sincero e total. Outra coisa é lançarmo-nos à prática de tudo o que se relacione com o reino de Deus, adentrarmos obedientes ao chamado divino, aventurarmo-nos nas pontes balouçantes da fé, beirarmos ilesos os abismos das trevas ou então nos ensoparmos no amor de Deus em um envolvimento total e maravilhoso, “tomados de toda a plenitude de Deus”. 
Leia Efésios 3:14-21.


O hino escrito por William Booth, citado anteriormente, é um crescendo da contemplação do mar da graça ao mergulhar em suas benditas águas. De que lado você está? É, sem dúvida, uma questão de decisão pessoal.

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Senhor, eu vim me arrastando pelo chão árido, buscando a Ti,
sem nenhuma confiança, com meu copo vazio,
para suplicar uma gotazinha de refrigério.

Mas se eu tivesse sabido melhor o que Tu és,
teria vindo, a correr, com um cântaro!

N.Spiebelberger

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