Paulo Franke

24 novembro, 2021

ReveR - O impactante filme "A hora final/On the beach" e eu

 




De repente me veio a idéia luminosa de contar novamente a história de como ingressei no The Salvation Army/Exército de Salvacão.



Um dos passos para isto aconteceu naquela fria e sombria tarde gaúcha, em 1961. Com amigos no cinema, sem saber do que se tratava o filme noir a que iríamos assistir, em um sentido seu tema, à medida que o enredo se desenrolava, aumentava ainda mais a minha desmotivacão pela vida, que era minha companheira, aos 17 anos, pois era um filme de ficcão científica que retratava o fim do mundo... Com amigos ingressava na vida "normal" para muitos jovens, que incluía muito whisky e vodka, cigarros "Minister" e diversão, ainda que isso não bastasse para preencher o vazio que eu sentia no meu coracão.


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Dois outros passos os quais Deus usou para transformar minha vida estão na primeira postagem sobre o mesmo tema
(Quando, como e por que ingressei no ES ?(ver link))


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Este foi o filme a que assisti naquela tarde sombria do inverno gaúcho,
A HORA FINAL (On the beach):




Seu diretor, o americano Stanley Kramer - foto abaixo e link sobre ele no final desta postagem - baseou-se no livro do escritor australiano, Nevil Shute, e fez as locações do filme na cidade de Melbourne, com algumas interessantes - e abençoadas - adaptações...







O diretor escolheu para o seu filme um elenco de primeira classe: Gregory Peck, Ava Gardner, Fred Astaire e Anthony Perkins, entre outros.





A adaptação mais relevante que fez foi convidar membros do Exército de Salvação da cidade de Melbourne, Austrália, para participarem das cenas finais do filme de 1959. E em uma grande reunião ao ar livre tocam seus instrumentos e pregam uma mensagem de esperança ao povo em desespero por aproximar-se da Austrália a nuvem radioativa que havia exterminado a civilização em todos os outros continentes.




E no final do filme, alcançando a nuvem também a Austrália, como resultado da explosão de uma bomba, a placa "Ainda há tempo... irmão!" continuava lá, balançando agora ao vento contaminado da cidade completamente deserta, como as demais cidades do mundo na ficção de Nevil Shute.
Aquela frase me impactou de tal forma que, saindo do cinema, declarei aos meus amigos: "Um dia eu entrarei para este Exército de Salvação que existe não só na Austrália, mas também na nossa cidade!" (risos deles!) E se admiraram de que eu não quis acompanhá-los ao bar, o que sempre acontecia depois de irmos ao cinema. "Ainda há tempo, irmão!" foi uma mensagem mais do que oportuna e direta ao meu coração desmotivado, como uma bomba que explodira no meu interior, não para destruição mas para edificação!






Passando para outra "cena" do filme de minha vida, em 1973, antes de me casar, cursei o Colégio Internacional para Oficiais em Londres. Certa noite no curso era a de "Conte a sua história!" (Tell your story!). Quando chegou a minha vez, contei o episódio do filme "On the beach", citando naturalmente a mensagem-esperança da faixa "Ainda há tempo, irmão!", que me havia atingido em cheio.
Finalizando a minha palestra-testemunho, o diretor do Colégio, Comissário Albert Mingay (o quarto, sentado, da esquerda para a direita na primeira fila) quis falar... E contou-nos que no ano de 1959 era o chefe do ES na Austrália-Sul e certo dia o diretor Stanley Kramer foi ao seu escritório em Melbourne para solicitar a presença de salvacionistas reais no filme que rodava naquela cidade. Albert Mingay consentiu e assistiu às locações do filme com a presença dos seus salvacionistas emprestados.





Na ocasião o líder salvacionista fez a sugestão de que causaria maior impacto a cena se sobre os salvacionistas fosse colocada uma faixa com os dizeres "Ainda há tempo, irmão!" O diretor Stanley Kramer concordou e a faixa acima foi providenciada.
E a mensagem da faixa do filme rodado no sul da Austrália reverberou e me alcançou em um cinema, no outro extremo-sul do mundo, em Pelotas-RS! Como Deus trabalha de forma maravilhosa e precisa!


O filme de minha vida, no contexto de "A Hora Final", ainda não chegou ao The End... No final dos anos 70, o diretor do Colégio de Cadetes (seminário), Carl S. Eliasen, na foto com sua esposa Mary, assumiram a liderança do ES no Brasil. E um dia deu-me a notícia estonteante que me enviaria a Melbourne, Austrália, para aprender técnicas editoriais no ES local. Ele encontrara o então líder daquela parte do mundo em uma conferência e fizera-lhe o pedido de enviar-me para um estágio, tudo pago pelos australianos, tendo em vista a minha próxima nomeação à frente do Departamento Editorial do QGT no Brasil. Vibrei, naturalmente!




Certo dia, no escritório no departamento editorial do Quartel do ES em Melbourne, o fotógrafo do jornal The War Cry, sabendo que minha história incluía o filme, falou-me "Coloque o seu quépe e vamos dar uma volta aqui perto! A poucos quarteirões de onde estamos foram tomadas as cenas finais de On the Beach"... "Mundo pequeno!" comentei, e logo estávamos diante da Flinders Street Station (foto), onde ele quase me cansou de tanto fotografar-me!





E não deu outra... no próximo número da edição australiana de o "Brado de Guerra", apareci na capa, com minha história, que repercutiu pelo mundo salvacionista.





Uma oficial inglesa tomou conhecimento através da publicação australiana e escreveu o seu próprio testemunho no The War Cry inglês, contando que fora alcançada também através do mesmo filme, artigo que transcrevi em um dos primeiros jornais que produzi.





E no meu primeiro número como redator de o "Brado de Guerra - contra todo o mal", naquele início de ano de 1982, imediatamente ao voltar da Austrália, introduzi-me aos leitores com esta história.

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