Paulo Franke

26 maio, 2012

LEnin (1917)...ÔNIBUS... LEmbrando (anos 1950 em diante)


- Primeira parte -

foto Google



Minha identificação com a colega Natasha não é somente por termos tido, em datas diferentes, a mesma idéia de sermos fotografados diante do predio onde viveu Lenin em 1917, quando ele estudou em Helsinki (eu em uma foto bem mais dramática, reconheço...).

Temos em comum o sermos estrangeiros na Finlândia, ela russa e eu brasileiro, e ainda mais: somos oficiais do Exército de Salvação (Pelastusarmeija-Frälsningsarmén) neste pais e tanto eu sou casado com a finlandesa Anneli quanto ela com o finlandês Toni.

Mas o que tem esta introdução com o tema desta postagem, afinal?

É que ambos, entramos para o Exército de Salvação, eu no mínimo quatro décadas antes dela,  através do mesmo meio de transporte chamado...ÔNIBUS.

Leia sua interessante história publicada na revista inglesa The Salvationist:

Onde Natalia (ou Natasha, como a chamamos) encontrou a Deus? "Em uma parada de ônibus tarde da noite. Eu havia perdido o último ônibus para casa  e estava bastante assustada e até desesperada. Tendo nascido na Rússia, tive vagas informações sobre Deus na minha infância e adolescência.  E naquela parada de ônibus decidi orar a ele. Pedi que, se ele de fato existisse, que me mandasse um ônibus naquela hora da noite - se ele atendesse ao meu pedido o serviria para sempre.


Poucos minutos depois um ônibus chegou e levou-me segura para casa. O motorista estava indo para a garage, mas pensou que talvez devesse voltar para verificar se alguma pessoa por acaso ainda estivesse lá enfrentando o frio intenso. Natasha tinha então 16 anos.


Aquela experiência plantou no meu coração uma semente de dúvida com respeito à crença de que o ateísmo e a propagada teoria de que 'Deus não existe' eram ou não verdades absolutas.


Mais tarde precisei de algumas respostas para a minha vida e não pude encontrá-las no que o Estado ditava, então procurei-as em algumas igrejas. Certa vez fui convidada para um estudo bíblico no Exército de Salvação (Armiya Spaseniya); eu nunca havia ido lá e não sabia sobre o que tratava a Bíblia, mas os salvacionistas pareceram pessoas tão legais que eu fui. E aí começou para mim um período de mudança de vida."


Hoje Natasha é a oficial responsável pela juventude no território da Finlândia e Estônia.

Ampliando o texto abaixo, o leitor poderá ler sua história em inglês.




Hoje é comum vermos ônibus russos trazendo turistas para a Finlândia... não no passado.


Em uma reunião especial no ano de 2004, o grupo de salvacionistas aparece vestindo uniformes do passado e do presente. Anneli e eu vestimos camisetas com estampas dos fundadores e, ao nosso lado direito, Natasha e Toni usam camisetas com escudo no meio (foto Ulf Wahström). 

E a minha história a ver com... ônibus?



Em 1962 fui pela primeira vez ao Rio de Janeiro e, quando retornei a Pelotas-RS, sabia que somente haveria à minha frente o serviço militar um mês depois e nada mais. Então um jovem tenente salvacionista sentou-se quase ao meu lado no ônibus e começamos a conversar. Como éramos diferentes, ele com um santo ideal pela frente e eu desmotivado com relação à vida, que não parecia fazer sentido pelo menos para mim. Para simplificar: após mais de 32 horas viajando com aquele jovem, ainda que ele nem por um momento tentasse "colocar religião na minha cabeça", em poucas semanas ingressei no Exército de Salvação.


Nota: 


- não sou eu o policial na foto acima; na outra o casamento do Capitão Sidney de Barros Campos com a missionária Doreen Shaw, da Austrália, em 1965.

- quer saber a continuação de minha história, que teve em comum com a de Natasha um ônibus, acesse o link indicado após esta postagem.

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- Segunda parte -

A seguir, vamos aos ônibus... pelo menos para mim, um meio de transporte que foi parte integrante de uma longa fase de minha vida.





Obtive esta raridade muitos anos depois - era a ficha que comprávamos ao embarcar no ônibus urbano no início dos anos 50, quando eu era menino, ficha que deveria ser devolvida ao motorista.


Uma amiga saudosista tem colocado no Facebook fotos de ônibus bem antigos.


Este mais antigo ainda, e naturalmente lembro-me de cada um!


Este fazia a rota Pelotas-Porto Alegre e vice-versa, e como corria!
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A este ponto vale a pena ler o relato de um usuário, nostalgia pura que certamente será de interesse pelos leitores que vivem no extremo-sul do Brasil:

AS PRIMEIRAS VIAGENS QUE FIZ DE PELOTAS PARA PORTO ALEGRE FORAM EM 1948. E A LEMBRANÇA QUE TENHO É DE QUE OS ONIBUS ERAM SIMILARES, PORÉM MENORES. SAIAM DE PELOTAS ÀS 5:00 h DA MANHÃ E CHEGAVAM EM PORTO ALEGRE ÀS 5:00 h DA TARDE COM PARADAS EM CAMAQUÃ OU EM TAPES, PARA ALMOÇO, CHEGANDO EM GUAIBA EM TORNO DAS 4:30 h ONDE FAZÍAMOS A TRAVESSIA, DO RIO GUAIBA, DE BARCA (DO DAER).

AINDA NÃO EXISTIA A BR-116 E O TRAJETO ERA PELOTAS - S. LOURENÇO – CAMAQUÃ – ARAMBARÉ – TAPES – BARRA DO RIBEIRO – GUAIBA – PORTO ALEGRE EM ESTRADAS DE TERRA E MUITO BARRO, ÀS VEZES  SENDO PRECISO DESCER E EMPURRAR O ONIBUS. BONS TEMPOS AQUELES!




E falar em empurrar o ônibus, difícil é acreditar que isso possa acontecer nas ruas de Helsinki em tempo de neve - deve ser brincadeira! Mais difícil ainda é atribuir a uma famosa estadista inglesa a seguinte declaração:  Um homem que, depois dos 26 anos, se encontra dentro de um ônibus pode considerar-se uma falência. 
Não me considero absolutamente uma falência, pelo contrário, na obra de Deus percorri o Brasil inteiro, trabalhando em dezenas de cidades, e sempre viajando sobre quatro rodas em segurança e vitória!



Tudo começou naquele dia de março de 1964, quando embarquei da rodoviária de Pelotas em direção ao seminário do ES em São Paulo. Foram despedir-se de mim, entre outros parentes e amigos, a família do Sargento E. Montiel, servo de Deus e amigo hoje com 102 anos!



O primeiro lugar onde trabalhei foi na cidade de Joinville-SC e a foto mostra o grupo de jovens participantes do Dia de Juventude, rumo a Curitiba-PR. Corria o ano de 1966. A viagem que hoje dura um par de horas em uma rodovia moderna, naqueles anos era feita em mais de quatro horas em uma estrada sem asfalto (chegávamos ao destino cobertos de poeira, literalmente!) 



E depois de rodar milhares  de quilômetros dentro do Brasil, trabalhando em sete cidades - fui a primeira vez ao exterior, isso em 1973, antes de casar-me. Em Londres, onde fiz um curso de quase três meses, grande novidade foi ver e andar em ônibus de dois andares. Na foto que tirou a saudosa amiga brasileira Claudete Venâncio, que lá morava, estamos diante do The Salvation Army (ES) na Regent Street.



Ano de 1975... Anneli e eu já tínhamos nossas duas filhinhas - hoje capitãs do ES na Finlândia e Suécia - e muitas "ovelhas" no Corpo de Rio Grande-RS. Na foto, viajando em ônibus especial para a inauguração do novo templo em Porto Alegre (à direita, a famosa escala no "Paradouro Grill").



Anos depois veio a nossa transferência para os EUA. Só uma vez andei em ônibus americano interestadual - daqueles que se vê nos filmes -  de Michigan a Minnesota e então Illinois, pela Greyhound. Estranhei que os passageiros tínhamos que descer em cada cidadezinha, esperar em um restaurante - no meio da noite fria e cheia de neve - o próximo ônibus que nos levaria até outra cidadezinha, onde novamente descíamos... uma mão de obra até chegar ao destino (American way...). Em Chicago finalmente tomei o avião para Los Angeles e depois segui para a Austrália, via Hawai.



(Naturalmente que estou usando de pouca velocidade, pois é hora de chegar ao final desta postagem...) E acima uma dica para quem for a Jerusalém: tomar um ônibus sightseeing e ver os lugares mais importantes da Cidade Santa, especificados à esquerda.



Na última vez em que estive em Israel, algo neste ônibus de turismo chamou-se a atenção... e dá pra adivinhar o quê?


Não costumo tomar tais tipos de ônibus, mas este sem a capota mostrou-me a belíssima Copenhagen, em 2001.



Em uma viagem com colegas salvacionistas aqui na Finlândia. Chamados pela guia da excursão, fomos à frente para cantar um dueto ao microfone. Como o casamento deve ser um dueto e não um duelo, dou graças a Deus pelos quase 39 anos de kms rodados como casados.


No ano passado a companhia de ônibus urbanos da cidade de Hämeenlinna (Castelo de Häme), onde vivemos, completou 80 anos e houve uma mostra dos antigos ônibus que serviam aos habitantes. Como um dos antigos proprietários foi no passado membro do ES que minha esposa dirige, ela ganhou durante o Natal passagens gratis para todos os que participaram da campanha das "Panelas de Natal" (Christmas Kettles) para poderem deslocar-se aos locais de arrecadação da campanha aos necessitados (vivendo e aprendendo... o costume local é quando se desce do ônibus, na porta central, agradecer ao motorista com um audível kiitos (obrigado)!).



Alguns pequenos souvenirs que abarrotam a minha estante, inclusive um ônibus espacial da NASA.


O ES na Noruega utiliza também ônibus para cumprir a sua missão de oferecer "Sopa, Sabão e Salvação" (foto Kjell Håken Larsen).

Somos passageiros nesta vida também passageira, e a viagem por ela transcorre de forma um tanto parecida com a viagem em um ônibus: temos um destino, uns entram antes e outros depois, uns saem antes e outros depois, com a diferença de que não sabemos quando exatamente iremos descer...


foto Claudio Lopes

Preparemo-nos para chegar a salvo no nosso destino - o certo - após a nossa partida deste mundo: estar com Deus nas moradas que Jesus nos foi preparar para os dEle, conforme 
João 14:2.

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L i n k s

Gostei desta homenagem à Empresa Nossa Senhora da Penha, que utilizei nas minhas viagens interestaduais um número incontável de vezes:


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Aos leitores que ainda não a leram, convido a acessarem a postagem "Como, quando e por quê ingressei no Exército de Salvação":


http://paulofranke.blogspot.com/2008/05/quando-como-e-por-que-ingressei-no.html

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Nos meses de março e abril deste ano percorri o sudeste e o sul do Brasil, viajando sempre por ônibus convencionais, muito confortáveis por sinal - leia minhas postagens acessando se preciso o "Índice de todos os meus tópicos", à direita ao acessar o blog.
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Próximas postagens deste blog:


- divulgação de um livro imperdível para viajantes-cinéfilos.


- e a seguinte: - "Vamos viajar outra vez?"
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