Irena Sendler, a "mãe dos meninos do Holocausto".
Recentemente recebi de uma amiga, através da Internet, a extraordinária história de Irena Sendler. Como visitar lares/asilos de velhinhos tem sido parte de nosso trabalho aqui na Finlândia desde que chegamos há quase 10 anos, uma idéia me ocorreu após ler o texto transcrito abaixo:
...E por que não visitar Irena no lar de velhinhos onde ela vive, em Varsóvia, na Polônia, tão perto daqui, e dar-lhe um abraco, ao vivo??
Então, soube que essa bondosa heroína morreu há um ano, no dia 12 de maio de 2008, senão no Dia das Mães daquele ano, bem perto, com 98 anos de idade.
Irena recebeu muitas homenagens, entre elas uma do Museu do Holocausto, Yad Vashem, que visitei na minha recente visita a Jerusalém (veja fotos do local na respectiva postagem).
Enquanto a figura de
Oscar Schindler era aclamada por meio mundo,
graças ao filme de Steven Spielberg, ganhador de 7
Oscars em 1993, narrando a vida desse industrial
que evitou a morte de 1.000 judeus nos campos de
concentração,
IRENA SENDLER era uma heroina desconhecida fora
da Polônia e apenas reconhecida no seu país por
alguns historiadores, já que os anos de obscurantismo
comunista apagaram a sua façanha dos livros de
história oficiais.
Por outro lado, ela nunca contou a ninguém nada da
sua vida durante aqueles anos.
Em 1999 a sua história começou a ser conhecida,
graças a um grupo de alunos de um Instituto do
Kansas-EUA, que realizou um trabalho sobre os
heróis do Holocausto.
Na investigação deram com poucas referencias sobre
Irena e só existia um dado surpreendente:
tinha salvado a vida de 2.500 meninos.
Como e possível que só existisse essa informação
sobre uma pessoa assim?
Mas a maior surpresa chegou quando após buscar o
lugar da tumba de
Irena, descobriram que não
existia porque ela ainda vivia, e de fato ainda vive.
Hoje e uma anciã de 97 anos que reside num Asilo do
centro de Varsóvia num quarto onde nunca faltam
flores e cartões de agradecimento do mundo inteiro.
Quando a Alemanha invadiu o país em 1939, Irena, uma católica, era enfermeira
no Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia, no qual
cuidava das salas de jantar comunitárias da cidade.
Em 1942 os nazistas criaram um
gueto em Varsóvia e Irena,
horrorizada pelas condições como se
vivia naquele lugar uniu-se ao
Conselho para Ajuda aos Judeus .
Conseguiu identificações da oficina
sanitária, sendo que uma das tarefas
era a luta contra as doenças
contagiosas.
Como os alemães invasores tinham
medo de que se desencadeasse uma
epidemia de tifo, aceitavam que os
poloneses controlassem o lugar .
Logo Irena entrou em contato com
famílias oferecendo levar os
filhos com ela para fora do
Gueto.
Era terrível: tinha de
convencer os pais de que lhe
entregassem seus filhos e eles
lhe perguntavam:
Pode prometer que meu
filho viverá?
Como poderia prometer se
nem sabia se poderia sair
com eles do Gueto?
E a única coisa certa era
que os meninos morreriam
se permanecessem ali.
Mães e avós não queriam separar-se deles. Irena as entendia
perfeitamente: o momento da separação era o mais difícil.
Algumas vezes, quando Irena ou suas companheiras tornavam a visitar
as famílias para tentar fazê-las mudar de idéia, todos tinham sido
levados aos campos de extermínio.
Cada vez que isso acontecia, ela lutava com mais força para salvar a
meninada.
Começou a tirá-los em ambulâncias como vitimas de
tifo, mas logo se valeu de tudo o que estivesse ao
seu alcance: cestos de lixo, caixas de ferramentas,
carregamentos de mercadorias, sacos de batatas,
ataúdes... Nas suas mãos, qualquer coisa se
transformava numa via de escape.
Conseguiu recrutar ao menos uma pessoa de cada
um dos dez centros do Departamento de Bem-estar
Social.
Com a ajuda dessas pessoas elaborou centros de
documentos falsos, com assinaturas falsificadas,
dando identidade temporária aos meninos judeus.
Irena vivia os tempos da guerra pensando nos
tempos da paz. Por isso não se cansava manter com
vida esses meninos.
Queria que um dia pudessem recuperar seus
verdadeiros nomes, sua identidade, suas histórias
pessoais, suas famílias.
Foi quando inventou um arquivo que registrava os
nomes dos meninos e as suas novas identidades.
Anotava os dados em pedaços pequenos de papel que
enterrava, dentro de potes de conserva, debaixo de uma
árvore de macãs, no jardim do seu vizinho.
Guardou, sem que ninguém suspeitasse, o passado de 2500
meninos, até que os nazistas foram embora.
Um dia, os nazistas souberam das suas atividades.
Em 20 de outubro de 1943,
Irene foi detida pela
Gestapo e levada à prisão de Pawiak onde foi
brutalmente torturada.
Num colchão de palha da sua cela, encontrou
uma estampa de Jesus Cristo. E ficou com ela
até 1979, quando a doou a João Paulo II.
Irena era a única que sabia os nomes e onde se
encontravam as famílias que albergaram os
meninos judeus; suportou a tortura e se recusou
a trair seus colaboradores ou a qualquer dos
meninos ocultos.
Quebraram-lhe os pés e as pernas, além de
sofrer inúmeras torturas. Mas ninguém
conseguiu romper a sua vontade.
Foi condenada a morte, mas sentença que
nunca chegou a se cumprir porque a caminho
do lugar da execução, o soldado a deixou
escapar.
A resistência o tinha subornado porque não
queriam que Irene morresse com o segredo da
localização dos meninos.
Oficialmente ela constava nas listas dos
executados. A partir de então, continuou
trabalhando, mas com uma identidade falsa.
No final da guerra, ela mesmo
desenterrou os vidros de conserva e
fez uso das anotações para encontrar
os 2.500 meninos que colocou
com famílias adotivas.
Ajuntou-as aos seus parentes
espalhados pela Europa, mas a
maioria tinha perdido as suas famílias
nos campos de concentração nazistas.
Os meninos só a conheciam pelo
apelido Jolanta.
Enquanto a figura de
Oscar Schindler era aclamada por meio mundo,
graças ao filme de Steven Spielberg, ganhador de 7
Oscars em 1993, narrando a vida desse industrial
que evitou a morte de 1.000 judeus nos campos de
concentração,
IRENA SENDLER era uma heroina desconhecida fora
da Polônia e apenas reconhecida no seu país por
alguns historiadores, já que os anos de obscurantismo
comunista apagaram a sua façanha dos livros de
história oficiais.
Por outro lado, ela nunca contou a ninguém nada da
sua vida durante aqueles anos.
Em 1999 a sua história começou a ser conhecida,
graças a um grupo de alunos de um Instituto do
Kansas-EUA, que realizou um trabalho sobre os
heróis do Holocausto.
Na investigação deram com poucas referencias sobre
Irena e só existia um dado surpreendente:
tinha salvado a vida de 2.500 meninos.
Como e possível que só existisse essa informação
sobre uma pessoa assim?
Mas a maior surpresa chegou quando após buscar o
lugar da tumba de
Irena, descobriram que não
existia porque ela ainda vivia, e de fato ainda vive.
Hoje e uma anciã de 97 anos que reside num Asilo do
centro de Varsóvia num quarto onde nunca faltam
flores e cartões de agradecimento do mundo inteiro.
Quando a Alemanha invadiu o país em 1939, Irena, uma católica, era enfermeira
no Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia, no qual
cuidava das salas de jantar comunitárias da cidade.
Em 1942 os nazistas criaram um
gueto em Varsóvia e Irena,
horrorizada pelas condições como se
vivia naquele lugar uniu-se ao
Conselho para Ajuda aos Judeus .
Conseguiu identificações da oficina
sanitária, sendo que uma das tarefas
era a luta contra as doenças
contagiosas.
Como os alemães invasores tinham
medo de que se desencadeasse uma
epidemia de tifo, aceitavam que os
poloneses controlassem o lugar .
Logo Irena entrou em contato com
famílias oferecendo levar os
filhos com ela para fora do
Gueto.
Era terrível: tinha de
convencer os pais de que lhe
entregassem seus filhos e eles
lhe perguntavam:
Pode prometer que meu
filho viverá?
Como poderia prometer se
nem sabia se poderia sair
com eles do Gueto?
E a única coisa certa era
que os meninos morreriam
se permanecessem ali.
Mães e avós não queriam separar-se deles. Irena as entendia
perfeitamente: o momento da separação era o mais difícil.
Algumas vezes, quando Irena ou suas companheiras tornavam a visitar
as famílias para tentar fazê-las mudar de idéia, todos tinham sido
levados aos campos de extermínio.
Cada vez que isso acontecia, ela lutava com mais força para salvar a
meninada.
Começou a tirá-los em ambulâncias como vitimas de
tifo, mas logo se valeu de tudo o que estivesse ao
seu alcance: cestos de lixo, caixas de ferramentas,
carregamentos de mercadorias, sacos de batatas,
ataúdes... Nas suas mãos, qualquer coisa se
transformava numa via de escape.
Conseguiu recrutar ao menos uma pessoa de cada
um dos dez centros do Departamento de Bem-estar
Social.
Com a ajuda dessas pessoas elaborou centros de
documentos falsos, com assinaturas falsificadas,
dando identidade temporária aos meninos judeus.
Irena vivia os tempos da guerra pensando nos
tempos da paz. Por isso não se cansava manter com
vida esses meninos.
Queria que um dia pudessem recuperar seus
verdadeiros nomes, sua identidade, suas histórias
pessoais, suas famílias.
Foi quando inventou um arquivo que registrava os
nomes dos meninos e as suas novas identidades.
Anotava os dados em pedaços pequenos de papel que
enterrava, dentro de potes de conserva, debaixo de uma
árvore de macãs, no jardim do seu vizinho.
Guardou, sem que ninguém suspeitasse, o passado de 2500
meninos, até que os nazistas foram embora.
Um dia, os nazistas souberam das suas atividades.
Em 20 de outubro de 1943,
Irene foi detida pela
Gestapo e levada à prisão de Pawiak onde foi
brutalmente torturada.
Num colchão de palha da sua cela, encontrou
uma estampa de Jesus Cristo. E ficou com ela
até 1979, quando a doou a João Paulo II.
Irena era a única que sabia os nomes e onde se
encontravam as famílias que albergaram os
meninos judeus; suportou a tortura e se recusou
a trair seus colaboradores ou a qualquer dos
meninos ocultos.
Quebraram-lhe os pés e as pernas, além de
sofrer inúmeras torturas. Mas ninguém
conseguiu romper a sua vontade.
Foi condenada a morte, mas sentença que
nunca chegou a se cumprir porque a caminho
do lugar da execução, o soldado a deixou
escapar.
A resistência o tinha subornado porque não
queriam que Irene morresse com o segredo da
localização dos meninos.
Oficialmente ela constava nas listas dos
executados. A partir de então, continuou
trabalhando, mas com uma identidade falsa.
No final da guerra, ela mesmo
desenterrou os vidros de conserva e
fez uso das anotações para encontrar
os 2.500 meninos que colocou
com famílias adotivas.
Ajuntou-as aos seus parentes
espalhados pela Europa, mas a
maioria tinha perdido as suas famílias
nos campos de concentração nazistas.
Os meninos só a conheciam pelo
apelido Jolanta.
Anos mais tarde, quando a sua historia
saiu num jornal junto com fotos suas
da época, diversas pessoas
começaram a chamá-la para dizer:
Lembro-me de seu rosto... sou um
daqueles meninos, lhe devo a
minha vida, meu futuro, e gostaria
de vê-la!
Irena tinha no seu quarto fotos com alguns daqueles
meninos sobreviventes ou com filhos deles.
Seu pai, um medico que faleceu de tifo quando ela ainda
era pequena, lhe fez memorizar o seguinte:
Ajude sempre a quem estiver se afogando,
sem levar em conta a sua religião
ou nacionalidade. Ajudar cada dia alguém tem de ser uma necessidade que saia do coracão.
Nunca se considerou uma heroína.
Nunca reivindicou crédito algum
pelas suas ações.
Poderia ter feito mais,
responde sempre.
"Este lamento me acompanhará
até o dia de minha morte!"
NÃO SE PLANTAM SEMENTES DE COMIDA.
PLANTAM-SE SEMENTES DE BONDADE.
TRATEM DE FAZER UM CIRCULO DE BONDADE,
ESTE OS RODEARÃO E FARÃO CRESCER MAIS E MAIS.
Irena Sendler
_____________
L i n k s
Veja Irena no YouTube "Vida em uma Jarra"
Filme "The courageous heart of Irena Sendler" (O coracão corajoso de Irena Sendler) que teve a sua première em Los Angeles em abril de 2009.
.
Outras postagens sobre heróis que salvaram pessoas no Holocausto (veja no "Índice de todos os meus tópicos"):
Dezembro 2007 - Ele emitiu passaportes suecos aos judeus.
Dezembro 2006 -Ela concedeu vistos brasileiros aos judeus.
Novembro 2007 - Ela escondeu criancas judias durante a guerra.
Julho 2008 - De trem pela Europa - Haarlem (Corrie ten Boom).
Julho 2008 - Visita ao campo de concentracão de Bergen-Belsen.
Agosto 2006 - Visita ao campo de concentracão de Auschwitz.
*******
Próxima postagem:
Homenagem ao Dia das Mães
9 Comments:
Quão pouco faço!!!... exemplos como o de Irena e de tantos outros, me emocionam e me fazem refletir que - "... quase ou nada fiz ou faço... "
By Yara, at sexta-feira, maio 01, 2009 5:05:00 PM
Olá Sr. Paulo, consegui ler seu blog de novo!!! E que satisfação!!!
Concordo com a Yara, como faço pouco, meu Deus!!! E já reparou que muitos de nos quando fazem algo se acham maravilhosos? Poxa, sou super mesmo. Imagina!
Irena não tinha muito, apenas o seu amor pelo ser humano. Tinha um companheiro, fora de qualquer duvida, gigante! Jesus Cristo!
Sr. Paulo lembra do texto colocado em seu blog... UM CRISTÃO VERDADEIRO É UMA PESSOA ESTRANHA EM TODOS OS SENTIDOS.
” Ele sente um amor supremo por Alguém que ele nunca viu; conversa familiarmente todos os dias com Alguém que não pode ver; espera ir para o céu pelos méritos de Outro; esvazia-se para que possa estar cheio; admite estar errado para que possa ser declarado certo; desce para que possa ir para o alto; é mais forte quando ele é mais fraco, é mais rico quando é mais pobre; mais feliz quando se sente o pior. Ele morre para que possa viver; renuncia para que possa ter; doa para que possa manter; vê o invisível, ouve o inaudível e conhece O que excede todo o entendimento.”
Essa é Irena, alguém que se importou e fez o que podia com o pouco que tinha e veja, que grande trabalho!
Mais uma vez, muito obrigada pelo seu esforço em nos apresentar Pessoas, Gente, Humanos!
Feriado de paz para o senhor e sua família.
Maria Inebriada
By Anônimo, at sexta-feira, maio 01, 2009 5:51:00 PM
Paulo,
Como disse a Yara, exemplos como o de Irena levam-nos a essa triste constatação... quase ou nada fiz ou faço, resta-nos aproveitar a chance que D'us nos dá a cada dia de tentar fazer um mundo melhor.
Obrigada mais uma vez por dividir fatos tão emocionantes conosco.
Um abs e Shabat Shalom!
By Deborah, at sábado, maio 02, 2009 1:42:00 AM
Sensacional teus escritos, Paulo -meu parente que não conheço...
Desde já, acompanharei teu blog!
Abraços Afetuosos,
Karen Franke
http://kakafranke.blogspot.com/
By Karen Franke, at segunda-feira, maio 04, 2009 2:14:00 AM
Eu vi esse filme ha duas semanas. Realmente me impressionou muito.
Abs
By Anônimo, at terça-feira, maio 05, 2009 1:27:00 AM
Irena deixou seu legado.
Meu tributo a ela.
By Anderson Cavalcanti, at quarta-feira, maio 06, 2009 10:42:00 PM
Que exemplo de vida lindo...se todos nós pudessémos fazer só um pouquinho do que essa senhora tão especial fez...meu Deus o mundo seria outro!
Linda postagem...
By evelize, at terça-feira, maio 12, 2009 4:28:00 AM
Esse blog tem me feito viajar no tempo e nos lugares!
Emocionantes as histórias!
Eu desconhecia essa da Irena!
Realmente vidas como essa nos fazem refletir sobre a missão que Deus nos deu, de sermos sal e luz nesse mundo que vive em trevas.
Parabéns e muito obrigada, Paulo!
Linda Ganz
Curitiba
By Unknown, at domingo, abril 03, 2011 4:59:00 AM
Olá Paulo querido amigo, excelente este filme. Há pouco baixei na net e assisti e gostei muito.
São histórias de vida que emocionam.
By siby13, at sexta-feira, junho 03, 2011 12:37:00 PM
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