7 - O dia cinzento em que fui a TREBLINKA
Livro que adquiri no Brasil (julho 2011), ver também link abaixo. Imperdível para entender por alto o que se passou em Treblinka, o mais cruel dos campos de extermínio nazista.
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Com uma quase total falta de informação de como chegar ao Campo de Extermínio de Treblinka, retornei da Cracóvia à Estação Ferróviária Central de Varsóvia. Com muita dificuldade, pelas "bilheteiras" não falarem inglês, entendi que a cidade mais próxima de Treblinka era Malkinia, a 90km. Comprei o bilhete e embarquei naquela manhã ao que posso chamar de uma aventura tensa e forte.
E pouco tempo depois eu estava fazendo a mesma rota de 900.000 judeus,
Varsóvia-Treblinka!
Queixar-me de que me deram um compartimento de seis lugares, conhecido meu de um número sem conta de viagens de trem, com assentos confortáveis mas que não reclinam, seria de fato a última coisa! Seria muito mais do que uma indelicadeza, seria um pecado ao lembrar-me de como os judeus viajavam para a morte!!
E naquela manhã chuvosa e escura cheguei em menos de duas horas à Malkinia. Que me lembre, esta casinha na estação foi uma das únicas coloridas que vi! Os carros estacionados também nas cores predominantes no Brasil: preta e cinza!
Ah, esqueço-me das bandeirinhas coloridas do Brasil e da Finlândia na minha mochila! E do outro lado, vagões que poderia associar aos milhares que tranportavam judeus para os campos de concentração e extermínio na Europa!
Logo que desembarquei, um homem de idade com um sorriso no rosto, perguntou-me: "Treblinka?" Não há outro meio de condução que leve o visitante até Treblinka, a 30km dali, a não ser por carro alugado ou taxi.
Acertamos o preço, 150 zlotes, cerca de 50 euros, na base de escrever em papéizinhos, e partimos eu e o motorista na sua moderna van Volkswagen (!!)... Por não falar inglês, a viagem foi em silêncio e alguns sorrisos... ("Do Brasil?? Ah, futebol, Pelé!")
A estrada, que vai estreitando mais e mais, é cercada de florestas.
Não fosse a simpatia do motorista e seu esforço sobrenatural de falar inglês, e o meu de "arranhar" o polonês, a viagem teria parecido um pesadelo.
A um certo ponto, a estrada é muito mal-conservada.
E assim chegamos ao vilarejo de Treblinka. O único sinal de vida: jovens de bicicleta voltando da escola para casa, em um sentido como um vilarejo europeu normal.
Lugarejo sem beleza, lúgubre, misterioso e com ar sinistro... a realidade ou o que se passava na minha mente?
A um ponto, outra placa à direita que nos levaria ao exato lugar.
À frente da placa, um estranho e feio monumento cinzento, certamente muito antigo: Campo de Extermínio de Hitler. O conhecido "(o)wski" dos nomes poloneses é o genitivo de posse, o de, o 's inglês logo após o nome. E o nome do monstro ao ser declinado ficou até cômico, se não fosse trágico: Hitlerowski!
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E logo eu descia da van para adquirir o ingresso e assinar o meu nome no livro dos visitantes.
Mais alguns metros e chegávamos a um grande vão descampado e em primeiro plano os trilhos simbólicos do Campo de Extermínio de Treblinka, e logo os monumentos em pedra homenageando os 900.000 judeus que lá morreram cruelmente.
A van com muitos lugares indica que mais passageiros são transportados ao local. No meu caso, foi uma jornada solitária, cinzenta e silenciosa...
... por entre pedras pontiagudas; as da foto cada uma representando os países de onde vieram os judeus que foram assassinados em Treblinka (a terceira da esquerda para a direita, a França).
Treblinka esvaziou o Gueto de Varsóvia.
O monumento central. Sei que a rocha simboliza a resistência, o que é duradouro e está associada ao que deve ser eternizado...
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... mas ao ver rostos das vítimas em pedra, pensei antes nos corações empedernidos dos alemães, uma nação altamente civilizada que seguiu um líder maléfico que, por querer ser um deus, quis aniquilar o povo de Deus!
A inscrição - NUNCA MAIS - em diversos idiomas, é compatível com a rocha e mensagem de grande relevância!
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Cada pedra envolve tanto um significado quanto um lugar de onde vieram os judeus.
Mesmo os caminhos são propositalmente de pedras irregulares, fazendo difícil a caminhada, o que é também significativo.
Para marcar presença, fotografei a mim próprio em Treblinka.
E ao ver as fotos percebi a minha expressão não-ensaiada...
Sem comentário.
Sentindo que já bastava o tempo em que ali ficara, voltando ao taxi colhi uma plantinha com sua raíz, devidamente guardada no meu armário de souvenires, dentro da caneca esmaltada que comprei na Fábrica-Museu de Oskar Schindler. Estranho que, agora que secou completamente, tem a semelhança de arame farpado...
O livro "Tell your children" (Conte aos seus filhos), do Museu do Holocausto em Estocolmo, proveu-me deste desenho de Treblinka, a fábrica da morte.
No primeiro postal, participantes da "Marcha dos que Vivem" que desde 1996 tem sido organizada anualmente no Dia da Lembrança do Holocausto (foto: S. Kordaczuk). No segundo postal, o simbólico monumento de Adam Haupt no local onde as vítimas eram queimadas (foto: Piotr Tolwinski).
"Por amor aos judeus, aonde estes pés não me levam?"
De volta de Treblinka e chegando ao por-do-sol à Varsóvia. No dia seguinte viajei de volta para casa.
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Sem comentário.
Sentindo que já bastava o tempo em que ali ficara, voltando ao taxi colhi uma plantinha com sua raíz, devidamente guardada no meu armário de souvenires, dentro da caneca esmaltada que comprei na Fábrica-Museu de Oskar Schindler. Estranho que, agora que secou completamente, tem a semelhança de arame farpado...
(Foto: Piotr Tolwinski)
"O Senhor declarou que habitaria em nuvem espessa" (2 Crônicas 6:1). Recordo-me de um pensamento que diz: "Senhor, se as nuvens são o estrado dos Teus pés, como estás perto no dia escuro e nublado!" Creio firmemente que Deus não estava alheio, mas colheu para Si as almas dos que morreram no Holocausto. (Ver minha postagem sobre a visita ao Campo de Concentração de Auschwitz-Birkenau). O mesmo acontece nos momentos sombrios de nossa vida: Ele está mais perto do que imaginamos!
O livro "Tell your children" (Conte aos seus filhos), do Museu do Holocausto em Estocolmo, proveu-me deste desenho de Treblinka, a fábrica da morte.
No primeiro postal, participantes da "Marcha dos que Vivem" que desde 1996 tem sido organizada anualmente no Dia da Lembrança do Holocausto (foto: S. Kordaczuk). No segundo postal, o simbólico monumento de Adam Haupt no local onde as vítimas eram queimadas (foto: Piotr Tolwinski).
"Por amor aos judeus, aonde estes pés não me levam?"
De volta de Treblinka e chegando ao por-do-sol à Varsóvia. No dia seguinte viajei de volta para casa.
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Links
Do blog do brilhante Jaime Mendes, a quem agradeço, o comentário do livro "Eu sou o último judeu", escrito por um sobrevivente de Treblinka, cuja descrição feita por Jaime é plena de informações sobre o que foi e como funcionou o considerado mais cruel dos campos de extermínio nazistas:
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Trailer de um filme francês de 1983 sobre Treblinka - muito forte!
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Próxima e última postagem da série:
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Considerações finais sobre minha viagem à Polônia.
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12 Comments:
***Shalom amigos.
Ao ler a matéria resolví informar que há um texto inédito sobre o Holocausto em "amigosdeisraelpiquete/home" ou se preferir digite no Google:
"holocausto: que escandalo para a humanidade" (sem aspas).
Beleza a matéria sobre Treblinka
Abraços a todos Shalom
By aleph3, at sábado, outubro 16, 2010 4:17:00 AM
Nossa meu amigo....só você mesmo para nos trazer essas imagens fortes e que nunca podem ser esquecidas.
Obrigado por essa missão de vida que Deus te deu e que você compartilha conosco leitores de seu blog.
Abraços...
By evelize, at domingo, outubro 17, 2010 12:43:00 AM
Nossa meu amigo....só você mesmo para nos trazer essas imagens fortes e que nunca podem ser esquecidas.
Obrigado por essa missão de vida que Deus te deu e que você compartilha conosco leitores de seu blog.
Abraços...
By evelize, at domingo, outubro 17, 2010 12:47:00 AM
Ola Paulo...
Nossa, não me pareceu tão animador essa postagem, também não deveria ser só pelo fato de estarmos falando sobre o Holocausto, se não fosse minha amizade contigo acho que não estaria tão ligado a essa história de Holocausto e Nazismo que é muito triste e tocante :/
Abraço, parabéns pela postagem tocante :)
By João Guilherme, at terça-feira, outubro 19, 2010 5:21:00 AM
Acabo de "chegar" da sua viagem pela Polônia e estou aqui meditando no holocausto. Parece tão inacreditável... Se eu não conhecesse as Escrituras e não soubesse quantas vezes o povo de Deus passou pelo cativeiro, acharia essa história louca! Talvez pelo fato de ser mais recente, num mundo que se dizia evoluído e civilizado. Me incomoda mesmo à distância, imagino o quanto não foi difícil pra você estar presente nesses lugares olhando cada pedra.
Sua postagem só nos ajuda a nos unir ao coro silencioso: Never More!
Anonimo
By paulofranke, at quinta-feira, outubro 21, 2010 8:54:00 PM
Saudações!
Bom... tenho uma grande afeição pela Polônia. Desde meus 14 anos- hoje tenho 19- correspondo por meio de cartas com uma polonesa da cidade de Piotrków Trybunalski. Com ela aprendi a admirar esse país cuja história é fascinante. Vi a respeito de seu blog na comunidade do orkut desdinada à Polônia. Gostei bastente desse trabalho que você apresentou, das fotos e dos respectivos comentários.
Dziekuje! ;D
Igor Cabral
By Igor Cabral, at sexta-feira, outubro 22, 2010 3:13:00 AM
Oi querido Paulo,
Mais uma vez viajei com voce nessa triste e marcante pagina da historia humana! Quanto mais leio e vejo cenas sobre o Holocausto mais me anima a dizer: "God is for His people", eles crescem strong each day! Parabens por nos trazer tanta informacao de uma forma verdadeira e com tanto sentimento!
Deus o abencoe ricamente!
Ana Amaral
By Anagraceful, at domingo, outubro 24, 2010 2:24:00 AM
Olá sr. Paulo Franke eu acompanhava seu blog há 3-4 anos atrás e tinhámos até contato pelo orkut.
Depois que deletei meu orkut e fiquei sem internet em casa por um bom tempo perdi o endereço do seu blog...
Mas neste último final de semana assisti pela primeira vez o filme O Pianista e fiquei muito impressionado e interessado pela história que é contada e com isso acabei reencontrando seu blog nas minhas pesquisas.
Depois de ler seus ultimos posts, fiquei feliz pelo fato do blog continuar vivo e com um ótimo conteudo!
Parabéns!
Rafael M Simao, fortaleza-ce
By Rafael, at terça-feira, outubro 26, 2010 6:24:00 PM
Obrigado aos que colocaram comentários após minha extraordinária-cinzenta-aventura!
Rafael, se continua no Orkut, adicione-me novamente.
aBRacos a todos!
By paulofranke, at quarta-feira, outubro 27, 2010 1:43:00 PM
Franke, obrigado por citar a Ditinha.
Abrs,
Maruilson
By Anônimo, at quinta-feira, novembro 11, 2010 9:46:00 PM
Sensacional!!! Paulo, muito obrigada pelas dicas. Estou estudando sobre o Holocausto, estive em Auschwitz, agora; junho de 2014 e vou eu Treblinka em janeiro.Pretendo com isso fazer uma proposta de mestrado.Porque vou em janeiro? 70anos da libertação de Auschiwitz (também vou voltar lá). Parabéns pela sua viagem. Lúcia Angélica
By Unknown, at domingo, agosto 24, 2014 5:28:00 AM
Muito bom essa materia, estarei escrevendo em breve um poema sobre Treblinka..quem deseja conferir pode visitar a pagina: www.texton.com.br
By Clavio J. Jacinto, at sexta-feira, março 03, 2017 3:25:00 PM
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