Paulo Franke

01 fevereiro, 2010

Berimbau em terra de Bumerangue - Na Austrália.


As cidades dentro dos círculos são as principais e maiores da Austrália, Sydney e Melbourne, esta última onde fiz um estágio em 1982. A capital do país é Canberra, situada entre as duas cidades. De Los Angeles a Sydney, escolhi fazer uma escala de dois dias na ilha do Hawai, no meio do Oceano Pacífico. Depois de dois meses em Melbourne, na volta passei três dias em Sydney. E de lá para L.A., fizemos escala no aeroporto de Auckland, Nova Zelândia.



Naquele tempo, a única rota do Brasil era via Los Angeles. Ao chegar, perdia-se
- literalmente - um dia pelos fusos horários, dia esse que se resgatava na volta. Interessante! Atualmente a viagem é feita via Chile, sempre no hemisfério sul, portanto não tão longa e não tão cara. Uma amiga que na época trabalhava em uma companhia aérea falou-me que viajar do Brasil à Austrália, via L.A., era não somente uma das rotas aéreas mais longas mas também uma das passagens mais caras. E fui lá sem nenhum gasto!



Aos leitores interessados, o Google fornece informações sobre o país-continente que tem 21.7 milhões de habitantes. Minhas fotos foram tiradas a partir de uma projeção de slides selecionados dos muitos que tirei na minha viagem.


Melbourne, uma moderna cidade, considerada mais snob do que outras australianas, mais estilo inglês, achei.



Bela e moderna, muitas vezes passeei pela área central e mesmo por seus arredores.




Australianos: povo simpático, fácil de fazer amigos, cosmopolita, uma nação multicultural.



Um dia subi ao telhado do Salvation Army Headquarters, onde fiz meu estágio, para melhor contemplar a cidade. Meses depois, o quartel mudou-se para um novo edifício.


A cidade era uma festa no verão - com certos dias quentíssimos! - com muita gente nos parques e fazendo o seu lanche na hora do almoço sentados onde houvesse um lugar ao ar livre.




Fui levado a muitas áreas rurais, exatamente onde irrompem grande incendios pela secura do mato no verão.



Outra vista do bush da região de Victoria, no sul do país. Algo que não passa despercebido pelos visitantes são as moscas que inundam as cidades, trazidas pelo vento que vem do deserto do interior do país, explicaram-me. Quando o tempo muda, somem completamente. O chapéu com rolhas penduradas ao seu redor não é tanto folclórico, mas é exatamente para afugentar as moscas do rosto.



Nos meus dias livres muitas vezes visitava finlandeses radicados no país. Aqui, um grupo pentecostal. Muitos finlandeses emigraram para a Austrália, certamente para fugir do longo inverno e para viver em um país ensolarado.




O país prima pelo cuidado de sua diversificada flora e fauna.



Ir à Austrália é sinônimo de ver cangurus, o animal mais típico do país, que se ouve chega a beirar a praga!



Fotografei uma fêmea com sua bolsa levando o filhote no seu interior.




Coala (koala), outro animal típico que vive pendurado em eucaliptos - a árvore que o país exportou para o mundo - e se alimenta com suas folhas, que o deixam dopado constantemente... A fauna australiana, por suas peculiaridades, merece que o leitor se inteire mais através do Google, minha sugestão.



Após dois meses, foi a vez de retornar - estava com muita saudade da família! - via Sydney, belíssima cidade, banhada pelo Pacífico, que até podia lembrar-me o Rio de Janeiro, por sua beleza, suas praias e sua gente espontânea.



Fui hospedado por amigos brasileiros, conhecidos de muitos anos do ES de São Paulo, mas que se haviam mudado para a Austrália.




Com eles, visitando o edifício da Ópera, o mais conhecido e marca registrada da cidade e mesmo do país.



O histórico primeiro banho de mar no Oceano Pacífico, delícia pura que nunca mais provei! Gaivotas que chegavam perto e não se assustavam, mesmo que não as alimentássemos.



Nessa vez, "o mar não estava pra peixe" - aliás, estava para tubarão, conforme a placa anunciando a interdição da praia.




O amigo, que fazia um curso de pilotagem, tem o meu nome e compartilha do mesmo gosto por aviões.



Souvenirs australianos que guardo até hoje: um ursinho coala, um canguru e um bumerangue onde está escrito Bumerangue of Austrália - made to return (feito para retornar).


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Da visita à Austrália nasceu o artigo abaixo, publicado em um jornal do qual fui o editor tão logo voltei ao Brasil.



O anjo caído

ou


Berimbau em terra de bumerangue.
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NA Austrália, tocar ou cantar nas ruas não é exclusividade do The Salvation Army. Concertos de música clássica ou grupos cantando músicas populares são frequentes, emprestando às cidades uma atmosfera alegre e agradável. Não só orquestras, bandas ou mesmo conjuntos de rock têm a sua vez, mas também estudantes em férias, alguns "arranhando" em seus instrumentos, procuram atrair a atenção dos que passam e, naturalmente, conseguir algumas moedas, que são atiradas nas caixas abertas dos instrumentos.


Berimbau



Certo dia, andando por uma das principais ruas de Melbourne, fui atraído por um estranho som que ao mesmo tempo me pareceu familiar. Foi então que vi, rodeado por curiosos, um rapaz tocando berimbau. Mal pude acreditar! À minha frente, naquele extremo do mundo, um jovem cearense, com roupas soltas e cabelos encaracolados à Caetano, tocava o seu berimbau! As pessoas ficaram ainda mais curiosas ao ver-me vestindo o conhecido uniforme salvacionista e conversando na mesma língua com o estranho rapaz! Que feliz foi aquele momento para nós dois, brasileiros tão longe da Pátria! Não me recordo em detalhes de sua história, mas sei que cantava nas ruas a fim de conseguir dinheiro para voltar.


Alguns dias depois, sentindo vontade de falar a nossa língua, tentei localizar famílias brasileiras através da lista telefônica. Localizei, enfim, dois brasileiros que trabalhavam no centro da cidade. E contaram-me que estavam envolvidos na preparação de um baile carnavalesco - era o mês de janeiro - para eles um meio de "matar a saudade" e divulgar as coisas do Brasil. A vida lhes corria bem, mas a idéia da volta era seriamente encarada.



Bumerangue




O brasileiro que vive na Austrália sofre do mal da saudade. Fiquei sabendo de diversas famílias que, emigrando para o distante país, voltaram não muito depois; mesmo o clima e a vegetação, bastante semelhantes aos do nosso país, não ajudaram a abrandar a difícil adaptação.


Penso comigo: o brasileiro assemelha-se ao bumerangue, uma arma usada pelos aborígenes, nativos australianos. Esta arma de caça, se não atinge o seu alvo, pode descrever vários círculos no ar e voltar para perto de quem a arremessou.

Apesar de minha curta permanência - somente dois meses - pude entender o sentimento dos brasileiros lá residentes. As palavras da canção popular, quase esquecida, voltaram à memória: As luzes e o colorido que você vê agora, nas ruas por onde anda, na casa onde mora; você olha tudo e nada lhe faz ficar contente, você só deseja agora voltar pra sua gente.

O bumerangue dera voltas por muitos céus, mas queria retornar. No meu caso era a saudade não só do Brasil, mas da mulher e filhos que haviam ficado nos EUA.



O anjo caído




Ao contrário dos brasileiros que encontrei na Austrália, os judeus exilados na Babilônia recusavam-se a tocar suas harpas em terra estranha, por isso penduravam-nas em árvores, como relata a Bíblia.


Um dos famosos negro spirituals revela o anseio da alma escrava: Foram-se os dias quando o meu coração era jovem e alegre; foram-se os meus amigos para os campos de algodão distantes... e eu os ouço me chamando: vem, velho negro Joe, vem!
Outro hino fala do anelo que a alma sente pelo céu: Da linda pátria estou bem longe, cansado estou, eu tenho de Jesus saudade, quando será que eu vou? Passarinhos, belas flores, querem-me encantar. Ah, vãos terrestres esplendores, de longe vejo o lar!


Desconheço o autor do pensamento O homem é um anjo caído que sente saudade do céu. Sim, criado à imagem e semelhança de Deus, o ser humano não se satisfaz plenamente fora de Deus. No íntimo, sente saudade de suas origens espirituais e este anseio, expressando-se das mais variadas formas, só será satisfeito quando houver o reencontro cItálicoom o Criador.


Agostinho deixou-nos suas célebres palavras: Senhor, Tu nos fizeste para Ti, portanto as nossas almas só encontrarão o repouso em Ti. O salmista cantou: Como suspira a corça pelas correntes de águas, assim, por Ti, suspira a minha alma
(Salmo 42:1).
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No país um dos grandes problemas sociais é o de jovens desaparecidos, e anúncios com suas fotos podem ser encontrados em todos os estabelecimentos públicos.
O filho pródigo, da parábola de Jesus, como um bumerangue deu voltas a esmo, tentando encontrar o que preenchesse a fome do seu coração, até que voltou à casa paterna, prefigurando o encontro da criatura com o Criador. Na volta do filho pródigo houve comemoração com grande júbilo. Uma festa passageira e pecaminosa como o carnaval , pela qual muitos esperam o ano inteiro, não expressa o anelo profundo da alma, mas uma festa permanente em comunhão com o seu Criador é a realizacão pela qual ela tanto pede.


Conta-se que certa vez um hábil aborígene lançou um bumerangue que nem atingiu um animal nem voltou, surpreendendo aos seus espectadores. Conclui-se que a arma batera em uma pedra e estranhamente caíra ao solo. O pecado pode ser comparado ao bumerangue, pois uma vez atirado sempre volta com suas consequências maléficas... O pecado, entretanto, se bate na cruz de Jesus, cai por terra. Fica livre a alma pecadora.

Voltando do exterior, a alegria nos inunda ao aviso de aterrissagem no solo pátrio. A Bíblia menciona a alegria entre os anjos de Deus quando um pecador se arrepende, isto é, quando a alma decola e atinge as alturas espirituais - outra comparação -através da salvação obtida por Jesus Cristo na cruz do Calvário.

O vazio que sentes, caro leitor, a busca por algo que nem podes definir, serão com certeza preenchidos quando Deus ocupar o Seu verdadeiro lugar como Criador, Pai Celeste e Senhor absoluto de tua vida, e Seu Filho Jesus com teu Salvador. E cabe a ti tomar a iniciativa e empreender o caminho da volta.

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Nota - Este artigo foi escrito e publicado em 1982, normal que esteja um tanto desatualizado, principalmente com relação aos brasileiros se sentirem at home no país. A situação espiritual do homem, no entanto, permanece a mesma através dos tempos.

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Como o corpo necessita de pão e os rios correm para o mar; como as águias têm sede das alturas e as flores do orvalho e do sol, nossas almas buscam, ansiosamente, a Deus.

Como a vida emotiva clama pela música, a natureza estética pela beleza e os corações pelo amor, assim as almas apelam para as coisas espirituais. Criadas à imagem e semelhança de Deus, as almas só se satisfazem com a Divindade.

Ó Deus, Tu és a nossa suprema necessidade. Longe de ti não há repouso, nem há verdadeira alegria. Reconheçamo-lO.

(autor desconhecido)


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E para finalizar:


O Comissário Arthur Linnett, e sra., líder do Território Sul do Exército de Salvação na Austrália, de quem partiu o convite para a visita ao seu país.






Foi uma experiência muito enriquecedora para o meu ministério conhecer nossa obra, bastante desenvolvida naquele país...





... nos setores evangelístico, social, musical e em todas as áreas imagináveis.




Assisti a muitos cultos nas animadas igrejas salvacionistas do sul do país. A Austrália é no mundo um dos países onde o ES é maior em número de membros e pela diversidade de sua obra social. '

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L i n k


A foto acima tem uma história. A Austrália, uma terra tão distante, foi em um sentido usada por Deus para trazer-me mais perto dEle.

Explico a razão na postagem Como, quando e por que ingressei no Exército de Salvação e isso em parte devido à cena final de um filme a que assisti - "A Hora Final", com Gregory Peck e Ava Gardner e filmado em Melbourne - vinte anos antes de minha viagem àquela linda terra especial! Convido o leitor a ler meu testemunho:


http://paulofranke.blogspot.com/2008/05/quando-como-e-por-que-ingressei-no.html

4 Comments:

  • Que saudade da Australia e da minha querida tia de Brisbane! Acredita que ela começou a fazer um pulover e um gorro balatrava para eu levar para a Finlandia?

    By Blogger Dennis Redfern, at sexta-feira, fevereiro 05, 2010 1:15:00 AM  

  • Olá senhor,
    Interessante seu blog. Gostei da Autralia, passei um tempo por lá como voluntária em uma fazenda. Coisa dificil de viver , mas foi muito instrutivo, devo dizer.
    Gostei das fotos, de sua história com o Exercito da Salvação. Tudo muito bonito.
    Felicitações
    Abraço de alguém que muito adora Autralia.

    By Anonymous Anônimo, at quarta-feira, fevereiro 10, 2010 7:43:00 PM  

  • Australia...
    Você ja era oficial do ES nessa época?
    Kangooros, acho que todos estrangeiros gostariam de ver um, é como ver um leão na Africa, uma aventura e só hehe.
    Como você consegue sempre encontrar brasileiros em outros paises? haha... isso é muito legal.
    Interessante foi o seu encontro com o cearense, quem sabe, um ex-capoeirista, isso é algo que deixa qualquer brasileiro longe de casa com saudades, de coração partido, morar fora do pais é uma aventura que passando o tempo, dependendo de quem for, só vai acumalando o amor pela pátria, que talvez antes.. não sentia. Acredito que temos enchergar riqueza em cada momento de nossa vida, pra assim aprendermos a valorizar aquilo que estamos vivenciando...=D
    Fiz esse comentário, dedicado a aqueles brasileiros que não valorizam seu pais e só quando vai embora, "sofrem o efeito bumerangue" percebendo o quanto sua pátria é importante, rsrs.
    Ah, ótima postagem, belas histórias e fotos... como sempre.
    Abraço !

    By Blogger João Guilherme, at sexta-feira, fevereiro 12, 2010 2:57:00 AM  

  • lINDO POST MEU AMIGO...IMAGINO MESMO A AUSTRÁLIA SER UM PAÍS INTERESSANTÍSSIMO!
    ADOREI SABER ESTES PEQUENOS DETALHES!
    OBRIGADO!

    By Anonymous EVELIZE, at segunda-feira, fevereiro 15, 2010 9:31:00 PM  

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