Paulo Franke

01 dezembro, 2010

Grandiosa SÃO PETERSBURGO - Fatos - Fotos - Final - 3

06 de dezembro de 2010. Por coincidência, hoje é o feriado que comemora os 93 anos da independência da Finlândia do domínio da Rússia. Enquanto a neve cai lá fora, o bom cheiro de karelianpaisti (assado de carnes diversas típico da Carélia), o meu prato preferido da comida finlandesa, chega até onde estou fazendo esta última postagem sobre minha primeira visita à vizinha Russia. A Finlândia orgulha-se de ser o único país europeu que faz fronteira com a Russia que não se tornou comunista. Durante a Segunda Guerra, no entanto, a Guerra de Inverno foi acirrada com o país vizinho e a Finlândia venceu a duras penas, perdendo a Carélia para os russos. Meu sogro e seus cinco irmãos lutaram na guerra e, graças às orações de sua piedosa mãe, todos sobreviveram.


Vamos abrir o portão para alguns lances históricos, naturalmente de uma forma bem resumida, que o leitor poderá inteirar-se bem melhor consultando sites respectivos na Internet.


Voltando ao assunto da turnê de oito horas por São Petersburgo, nosso ônibus passou pela lateral da Catedral de Santo Isaque, e vimos as marcas dos ataques nazistas nas colunas. São Petersburgo orgulha-se do fato de que os soldados de Hitler chegaram perto, mas nunca dominaram a cidade. Por outro lado, a catedral (melhores fotos na postagem anterior) de Santo Isaque, que foi inaugurada em 1858, deixou de ser um lugar de adoração a Deus e com a Revolução foi designada a ser o "museu do ateísmo". Mesmo depois do comunismo, continua sendo um museu.


Por uns momentos paramos para fotografar o histórico Cruiser Aurora. Ligado a eventos das duas Guerras Mundiais e também da Revolução, desde 1956 tem sido um museu flutuante.


Enquanto ali estávamos, um senhor hasteou a bandeira da ex-União Soviética no local e distribuía jornais que faziam propaganda do comunismo, do qual especialmente gerações mais antigas sentem falta.


A Igreja do Sangue Derramado, também chamada de Igreja da Ressurreição de Nosso Salvador, foi construída em 1883 no local onde Alexande III foi assassinado, em 1 de março de 1881.




Gostei tanto dessa igreja em estilo tipicamente russo que abusei em tirar fotos. Entre algumas dessas fotos vamos conhecendo um pouco da história de São Petersburgo, hoje com mais de 4 milhões de habitantes.


A cidade foi fundada em 1703 e dentro de 10 anos tornou-se a capital do vasto Império Russo, ganhando a reputação de ser uma das cidades mais bonitas da Europa.


No século 20 recebeu 3 nomes diferentes, enfrentou 3 revoluções e foi sitiada por 900 dias, uma surpreendente história para uma cidade com pouco mais de 300 anos.


Com a idade de 10 anos, Pedro o Grande (1682-1725) subiu ao trono. É considerado o fundador de São Petersburgo. Determinou-se a construir a cidade como um porto no nordeste do país, com passagem para o Mar Báltico, estratégicamente para facilitar a guerra com a Suécia, a nação mais forte da Europa na época. O começo da cidade foi marcado em torno da Fortaleza de Pedro e Paulo.


Tendo sido o primeiro czar a viajar pela Europa, retornou com novas idéias relacionadas com arquitetura para a sua nova cidade. Modas e descobertas na Europa foram implantadas e depois levadas a outras cidades da Rússia.


Na viagem de volta no navio "Princesa Maria" descobri, em um lugar um tanto escondido, esta galeria de fotos ligadas aos Romanovs que em 1913 comemoraram os 300 anos de reinado.


Precisamente de 1613 a 1917, conforme mostra o quadro da dinastia.


Nicolau II (1868-1918) foi o último dos czares. Tomou o país à beira do colapso apesar de sua rápida industrialização em 1890. A guerra sem sucesso contra o Japão (1904-05) foi seguida do "Domingo Sangrento" quando uma demonstração pacífica com uma petição ao czar terminou com balas e a morte de centenas de manifestantes. A notícia do massacre de inocentes espalhou-se e greves explodiram por todo o país pelos que planejavam a Revolução. O fato de ter dissolvido o parlamento, o comportamento da família real - na postagem anterior veja o luxo e opulência em que viviam, enquanto grande parte da populacão passava extrema necessidade - somado à impopular aproximação com o místico Grigoriy Rasputin (1869-1916), trouxe grande desagrado à nação.

São Petersburgo é conhecida como o berço da Revolução Russa. Revolucionários exilados como Lenin, com seus discursos carismáticos, e Trotsky, que desempenhou um papel de líder militar, chegaram à cidade. Em 1918, sua facção bolchevista estava determinada a governar.


Altamente respeitado pela czarina Alexandra, Rasputin influenciou grandemente a família através da doença - hemofilia - do filho de Nicolau. Rasputin, que adquirira poder na corte, foi assassinado durante o pretexto de uma festa arranjada pelo príncipe Felix Yusupov. Alvejado diversas vezes durante a festa, veio a morrer afogado após o seu corpo ser atirado no rio. Passamos pelo prédio onde aconteceu a festa mencionada.


O advento da Primeira Guerra Mundial trouxe à nação uma onda de patriotismo. Por volta de 1916, a Rússia havia perdido três milhões e meio de homens, a moral do front estava em baixa e a miséria e a fome grassavam no sofrido povo. Em fevereiro de 1917, o czar foi forçado a abdicar e, juntamente com sua família, foi preso. A pintura mostra a incapacidade dos cossacos e do batalhão de mulheres para resistir aos que invadiram o Palácio de Inverno, em 1917.


Nicholas II é visto na foto histórica removendo a neve em Tsarkoe Selo, durante sua prisão domiciliar, em março de 1917. Pouco tempo depois, foi levado com sua família a Yekaterinburg onde foram assassinados. Nicholas morreu com 50 anos (a cena é mostrada no trailer do filme "Nicholas e Alexandra", no link após a postagem).
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Em 2000, os Romanovs foram canonizados como Portadores da Paz pela Igreja Ortodoxa Russa. A família foi anteriormente canonizada em 1981 pela Igreja Ortodoxa Russa no estrangeiro como Santos Mártires. Os corpos do czar Nicolau II, da czarina Alexandra e de três filhas foram finalmente enterrados na Catedral de São Pedro e Paulo em São Petersburgo, em 17 de julho de 1998, oitenta anos após seu assassinato.


Quando estive em Londres, em 1973, guardei um recorte do Daily Express. Abaixo, o motivo de o ter guardado, mas à esquerda notícias de ataques terroristas já naquela época.


Onde a ligação da realeza britânica com os czares começou, publicado em conexão com a primeira visita de um membro da realeza, a Princesa Anne, à Rússia.


Acima, a foto que tirei em uma grande livraria, na importante Nevskiy Prospect, de três diferentes edições do livro "Doutor Jivago". Com a ajuda de um rapaz que atendia, reuni os livros em um só lugar para efeito de fotografia. Sua publicação só foi liberada em 1989, por Mikhail Gorbatchev. Boris Pasternak, seu autor - na foto de autor desconhecido durante o primeiro congresso de escritores soviéticos, em 1935 - recebeu o Nobel de Literatura em 1958 por seu livro publicado fora da Rússia. Tendo morrido em 1960, não chegou a ver a sua obra levada às telas no famoso filme "Doutor Jivago".


No museu Hall da Fama, em 1977, na cidade de Orlando, Flórida, estamos diante do stand do filme que foi absoluto sucesso no mundo inteiro.


No final do ano de 1981, quando passei por Hollywood em caminho da Austrália, o filme Reds, outro filme com o tema da Revolução Russa, estava em cartaz no famoso Chinese Theater, o que motivou uma foto-slide.


Nosso ônibus da turnê passou distante da Coral Sinagoga, portanto só vi sua cúpula. Na Rússia atualmente há cerca de 228.000 judeus. Depois da queda do comunismo e com a liberalização da imigração, os judeus russos emigraram em massa para Israel e atualmente são uma das comunidades maiores deste país, onde há bairros de fala russa, jornais em russo e seu próprio partido político Israel Beytenu. Pude comprovar isso tendo visitado no início deste ano a cidade portuária de Ashdod, uma das cidades que mais recebeu judeus-russos.


Não tive desta vez a oportunidade de visitar o Exército de Salvação (Armiya Spaseniya), o que espero aconteça um dia, se Deus quiser. A obra foi iniciada na Rússia em 1910. Quarenta oficiais russos e finlandeses continuaram o trabalho em extrema dificuldade até 1923, quando foi forçado a encerrar suas atividades. Em julho de 1991, o trabalho salvacionista retornou à Rússia e gradativamente a outros países da ex-União Soviética. Desde 2001, tem sido não mais um Comando, mas o Território da Europa Leste. O desenho de uma artista russa que se filiou ao Exército de Salvação tem sido amplamente utilizado na literatura através do mundo salvacionista, 121 países atualmente.










Tradições foram radicalmente alteradas pela Revolução; em vez de cerimonias religiosas de casamento, os noivos trocavam os votos sob a bandeira vermelha. A foto seguinte, de um casamento na igreja, tornou-se popular novamente desde que a religião ganhou nova importância entre os jovens. O avivamento religioso continua e igrejas de várias denominações têm sido restauradas ao seu propósito original, inclusive muitos templos que foram usados para depósitos durante a era soviética.


Chegando de volta à capital Helsinki, no porto destaca-se a Catedral Ortodoxa Russa, a segunda religião da Finlândia. A comunidade russa no país conta com aproximadamente 30 mil pessoas.

E chegando a Hämeenlinna, onde moramos e trabalhamos, indiquei ao taxista: "Moro em frente ao quartel construído durante o domínio russo!" (em 1907). A foto foi tirada do nosso quarto, e esta é a paisagem que vemos ao acordar, anunciando se está nevando ou não no inverno.


São raros os dias ensolarados de inverno, como este da foto, mas assim que aconteceu, acionei a câmera...

... e tirei esta foto do quartel "russo", para mim de grande beleza! Lá fora, 16 graus negativos.


O souvenir que comprei foi uma caneca de São Petersburgo, com o nome da cidade escrito em russo de um lado. Fotografei-a junto aos souvenirs que minha esposa comprou quando esteve...


... em Moscou, em outubro de 2001, para traduzir o grupo de delegados finlandeses em um congresso liderado pelo General John Gowans. Como não gosta de turismo, admirei-me de que foi à Praça Vermelha. As bonecas russas ocas e suas filhas ornamentaram seu quarto de hotel.

Natal 2010 - Acrescento à postagem esta foto, de nosso "teatro" na festa de Natal: "O Natal do Sapateiro", baseado em um conto do russo Leon Tolstoi e inspirado na recente viagem, pela primeira vez, à vizinha Rússia.
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Fonte: St Petersburg - Eyewitness Travel Guides (um guia imperdível, em muitas línguas, a quem viaja). Internet.

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Links:


Livro recomendado: A história verídica de um soldado russo, Ivan Moiseyev, que se recusou a negar sua fé cristã. Trata-se de um relato do que aconteceu quando esse soldado resolveu falar abertamente de Jesus Cristo dentro do exército soviético, pressões que sofreu de seus companheiros ateus e de seus superiores. Ivan era um jovem diferente: cristão genuíno, soldado exemplar que não se deixava amedrontar pelas ameaças dos oficiais, nem pelo escárnio dos colegas. Seu caráter cristão foi provado até ao sangue no exército vermelho (Editora Betânia).

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Trailer do filme "Nicholas e Alexandra" (1971)
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5 Comments:

  • Hei Paolo,
    I am very glad to hear that your trip whent well, I am not suprised - you a in love with St. Petersburg - the city is fantastic, people are nice too. I was glad to see that your tour was wide enough and you got to see places in the city which are worthy of seeing. Hope it is not last time you visit our Northen capital - as we Russians call it.

    Blessings for the Christmas season
    Greetings to Anneli

    Natasha

    By Blogger paulofranke, at terça-feira, dezembro 07, 2010 5:10:00 PM  

  • Ola Paulo...
    Natasha, visitante Russa no seu blog? Muito legal isso, hehe.
    Enquanto a Russia, acho muito lindo o colorido das igrejas, da a sensação de felicidade em meio a tanto cinza, haha. Os uniformes dos soldados russos tbm são muito bonito, soldados estilosos, hahaha.
    Parabéns pela viagem e postagem, foi ótima, hehe.
    Abraço

    By Blogger João Guilherme, at sexta-feira, dezembro 10, 2010 4:50:00 AM  

  • Muito legal teu blog!!!! Tu até pareces um russo!!!!!

    LW

    By Blogger paulofranke, at sexta-feira, dezembro 10, 2010 12:38:00 PM  

  • Olá, Major.
    Lendo seu blog, vi a foto que pôs no perfil do Orkut. Realmente foi muita coragem vestir-se a la Dr. Zhivago no calor dos Goytacazes.

    Esta semana mesmo vi dr. Zhivago pela segunda vez. Tem uma versão para a TV mais recente, com a Keira Knightley. Só não entendi porque não filmaram na Rússia. Em 65, tudo bem, mas em 2002 já dava, né?

    By Anonymous Anônimo, at sábado, dezembro 25, 2010 8:08:00 AM  

  • PRIMO,

    ACABAMOS DE CHEGAR DE VIAGEM PELA BELA E HISTÓRICA SÃO PETERSBURGO, GRAÇAS AO TEU RELATO COMPETENTE. OBRIGADO!

    ABRAÇO!

    By Blogger paulofranke, at segunda-feira, dezembro 27, 2010 6:34:00 PM  

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