Otto Frank e O diário # Clara Kramer e SEU diário.
Guardo, entre minha coleção de recortes, uma reportagem da revista Manchete, do ano de 1979, sobre Otto Frank (1889-1980), o pai de Anne Frank, um ano antes de morrer com 91 anos. A reportagem e fotos são de Andreas Thommen (Frontpage, Suíça). Acima, a foto de Anne, "como ela gostaria de ficar sempre"; a seguinte, a última fotografia, em companhia do pai e de duas amigas, antes da queda da Holanda. À esquerda, Otto Frank, na véspera de completar 90 anos, em visita ao esconderijo em Amsterdam, hoje transformado em museu (veja link abaixo).
Na sua casa na Suíça, lê o diário de sua filha Anne, que se tornou um best-seller. Otto Frank foi o único membro da família que, ao morrer, teve uma sepultura; sua mulher e filhas foram enterradas com centenas de outros em valas comuns (veja link: minha visita ao campo de concentração de Bergen-Belsen).
Fomos levados para Auschwitz, relembra. Quando nos separamos, tive a intuição de que minha mulher morreria logo. Naquele momento senti que ela não queria mais viver. Mas eu pensava que um dia iria rever minhas filhas...
Um dia uma garota me reconheceu. Tinha sido colega de Anne em Amsterdam. Apresentou-me à sua mãe, ambas sobreviventes. Esta mulher, que se chama Elfride (Fritzi) e que perdeu o marido e um filho no Holocausto, é atualmente minha esposa (nas fotos, em visita ao museu em Amsterdam e mostrando uma recordação da audiência que o Papa João 23 concedeu ao casal).
A história de Anne Frank, inclusive seus últimos dias, conhecida de muitos de meus leitores, pode ser encontrada em pelo menos duas postagens, as quais indico nos links abaixo.
Acima, a chamada "Árvore de Anne Frank", plantada nos fundos do prédio muito tempo antes de a família se esconder. O mapa do Anexo Secreto, que obtive ao visitar o Museu, em 1973.
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"Miep Gies, em 1945 e hoje". A fiel protetora dos judeus escondidos no escritório do prédio onde trabalhava, morreu recentemente e sua morte foi noticiada no mundo inteiro. Veja-a em depoimentos no youTube (links).
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E falar em noticiar, o diário e a história de Anne Frank foram tema do Strijkreek, órgão oficial do Exército de Salvação (Leger des Heils) em idioma holandês (Stridsropet em sueco, Sotahuuto em finlandês e "Brado de Guerra" em português). Como editor do nosso jornal no Brasil, dediquei a capa de um número da década de 90, que enfocava o Dia dos Pais, a Otto Frank, na foto com suas filhinhas Margot e Anne).
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Por recomendação de uma nova amiga do Orkut, encomendei o livro "A Guerra de Clara" da biblioteca da capital Helsinki e o li em inglês. Levei um bom tempo para lê-lo... primeiro porque queria absorver cada lance da dramática história e também porque, aproveitando o lindo verão que tivemos este ano na Finlândia, decidi que o leria à beira do lago perto do castelo e em nenhum outro lugar. Ali, em um belo ambiente, mais pacífico impossível, conheci a história atribulada de Clara Kramer, um livro que recomendo altamente aos leitores do meu blog.
Você perde seus entes queridos e ainda assim quer viver.
Depois que os nazistas tomaram a pequena cidade polonesa de Zolkiew, hoje pertencente à Ucrânia, a vida da judia Clara, de 15 anos, nunca mais foi a mesma. Enquanto outros judeus da pequena comunidade eram executados ou deportados, a família de Clara e outros, em um total de 18 pessoas, esconderam-se em um bunker cavado à mão. Sobre eles, a casa onde viviam os alemães Becks.
Beck era um alcoolista - professo "anti-semita" - que foi um herói inesperado que arriscou sua vida através da guerra para guardar de forma segura os seus abrigados, inclusive por quase dois anos providenciando-lhes água e alimentação.
A vida sob sua proteção era imprevisível. Suas noites de bebedeira... seus hóspedes da SS... o affair com alguém que viva no bunker... parecia que as famílias escondidas tinham mais a temer o próprio Beck do que a guerra.
Sessenta anos mais tarde, Clara resolveu escrever o seu depoimento, baseado no diário que começou a escrever no esconderijo, incentivada por sua mãe e hoje preservado em um museu em Washington-DC. O livro A Guerra de Clara é lírico, dramático e, apesar das piores circunstâncias, é uma história verdadeira de esperança e sobrevivência.
- Traduzido da contracapa da edição em inglês.
Nota - Beck e Julia, protetores dos judeus por quase dois anos no porão da casa onde moravam, foram homenageados com uma árvore na Avenida dos Justos, no Museu do Holocausto Yad-Vashem, em Jerusalém. Se eu tivesse conhecido uns meses antes a dramática história deste livro, certamente teria fotografado a árvore quando por ocasião de minha segunda visita ao museu, em abril deste ano.
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L i n k s
http://paulofranke.blogspot.com/2006/09/o-museu-anne-frank-em-amsterdam.html
http://paulofranke.blogspot.com/2009/01/os-ltimos-meses-de-anne-frank.html
http://paulofranke.blogspot.com/2008/08/de-trem-pela-europa-10-bergen-belsen.html
Entrevista com Otto Frank:
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(Veja outros videos com depoimentos de Miep Gies etc.)
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QUANDO A SEGUNDA GUERRA COMECOU...
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http://paulofranke.blogspot.com/2008/11/quando-segunda-guerra-comecou-ajcronin.html
12 Comments:
Amigo Paulo, serão inúmeras as histórias que veremos ser contadas sobre o terror do Holocausto, disso tenho certeza! Não acredito ser um erro sabê-las, muito pelo contrário...temos que conhecer e lembrar sempre para que não torne a acontecer. É uma pena que ainda nos dias de hoje, algumas pessoas façam pouco ou nada sabem sobre o terror ocorrido. Mesmo vendo coisas parecidas acontecendo, hoje mesmo, na frente de nossos olhos.
Mais uma vez, parabéns por compartilhar seu conhecimento!
Vamos rezar para que as negociações de paz que se iniciam, comecem abrindo um caminho para um mundo melhor.
Um grande abraço e o meu muito obrigada
By Maria Thereza Freire, at sábado, agosto 21, 2010 6:10:00 AM
Teacher Fernanda:
Que lugar perfeito pra ler um livro... Que bom que você gostou!!! Fico feliz por você querer compartilhar mais esse relato incrível sobre o Holocausto, assim muitas pessoas poderão conhecer os Beck e tds os sobreviventes daquele porão...
Os dados são: KRAMER, Clara. A guerra de Clara: a história real da família judia salva do Holocausto por um anti-semita. São Paulo: Ediouro, 2008.
By paulofranke, at sábado, agosto 21, 2010 8:20:00 AM
Parabenizo Paulo Franke, pelo espetacular trabalho, de um profundo sentimento de solidariedade, amor e dedicação a todos os que sofrem.Principalmente a todos aqueles, que infelizmente perderam a sua vida em campos de concentração. Fiquei encantada e emocionada pelo reconhecimento a Simon Wiesenthal.Desejo a Paulo Franke que Deus continue sempre a iluminá-lo nesta Maravilhosa e infinita Jornada. Forte Abraço e Fique com Deus !!!
By Vera Regina
By paulofranke, at sábado, agosto 21, 2010 8:24:00 AM
Ei, a amiga do orkut sou eu ツ. Que privilégio heim?!? Parabéns pelo blog e pelos posts viu. Sobre o Holocausto já li todos e fiquei muito feliz de ver o diário de Clara ao lado (ou embaixo rsrsr) do de Anne. Ambos são leituras obrigatórias para que todos se sensibilizem e façam sua parte para que crueldades inimagináveis voltem a acontecer...Fique muito feliz em saber que os Beck foram homenageados com uma árvore na Avenida dos Justos! Foi uma pena mesmo você não ter sabido deles antes, mais o mais importante você já fez,ajudou a espalhar o heroísmo deles pelo mundo virtual... Abraço Amigo Paulo. (Fernanda Nunes)
By Unknown, at domingo, agosto 22, 2010 4:17:00 AM
Digo: ...para que todos se sensibilizem e façam sua parte para que crueldades inimagináveis NÃO voltem a acontecer
By Unknown, at domingo, agosto 22, 2010 5:57:00 PM
Ola amigo...
Holocausto, desde que leio seu blog e tenho lido sobre isso, aqui mesmo, tenho me interessado cada vez mais por histórias do holocausto...é bom relembrar a dor para que ela nunca mais se repita, essa dor tenho certeza que ninguém jamais irá querer senti-lá.
Parabéns...vc sempre nos encanta com suas postagens ótimas.
Abraço, Deus te abençoe.
By João Guilherme, at quinta-feira, agosto 26, 2010 7:57:00 AM
Irmão Paulo,
minha admiração por você cresce a cada postagem.
Muita saúde sempre para você e toda a sua família.
By Luciana, at domingo, agosto 29, 2010 4:27:00 AM
Caro amigo me emociono com tudo que se escreve sobre nossa querida Anne, ainda mais sabendo que através dela pude conhecer seu maravilhoso blog, obrigado por tudo que já escreveu e nos mostrou sobre a Anne ...
By evelize, at segunda-feira, agosto 30, 2010 5:50:00 AM
Adorei saber mais sobre essa historia .O livro de Ani Frank me deixou emocionada ao ler .
Adorei o seu blogger ,é muito bom parabéns!
Abraços :Carla Gomes
By Miguel Moraes Gomes, at sábado, abril 20, 2013 3:58:00 AM
QUERIDO PAULO, SOU REGINA FERREIRA,MORO NO INTERIOR DE SP. SEMPRE FUI ENTERRESADA NESSAS PASSAGENS TERRIVEIS, POIS ACREDITO QUE NAO TEM FUTURO SEM PASSADO.ADOREI TD QUE LI E VI ,OBRIGADA ANJO E QUE DEU TE ABENÇÕE.BJS
By Unknown, at sexta-feira, abril 25, 2014 5:12:00 PM
QUERIDO PAULO, SOU REGINA FERREIRA,MORO NO INTERIOR DE SP. SEMPRE FUI ENTERRESADA NESSAS PASSAGENS TERRIVEIS, POIS ACREDITO QUE NAO TEM FUTURO SEM PASSADO.ADOREI TD QUE LI E VI ,OBRIGADA ANJO E QUE DEU TE ABENÇÕE.BJS
By Unknown, at sexta-feira, abril 25, 2014 5:15:00 PM
Li o livro, por varias vezes parei de lê com medo e sabedor do seu final. É muito difícil acreditar que coisas assim aconteceram. Anne é uma fonte de inspiração pra vida, é uma áurea que ficara eternamente instalada em nossa alma para lutarmos sempre pelo amor seja qual for o lugar ou o que estaremos enfrentando. Paulo,parabéns pelo "Blogger" e que Deus lhe abençoe.
(syd77@terra.com.br)
By Unknown, at sábado, setembro 27, 2014 8:10:00 PM
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