11. VARSÓVIA, Polônia... LUBLIN-SOBIBOR, fronteira com a Ucrânia
Mais uma noite em trem, de Viena a Varsóvia. Queixar-me da falta de conforto ou que a coluna ficaria reta por muitas horas e doeria, jamais! Eu estava consciente da minha "próxima parada", já planejada... que seria a visita ao Campo de Extermínio de Sobibor, onde não só atrocidades foram cometidas pelos nazistas, mas onde houve uma fuga histórica dos prisioneiros, a maior de campos nazistas.
Chegando à conhecida Varsóvia, onde anos antes eu passara uma semana e visitara o que restava do Gueto de Varsóvia (veja link), do lado de fora da estação avistei o lindo prédio construído pelos comunistas russos para os poloneses, hoje um grande centro cultural.
A capital da Polônia, o primeiro lugar a Hitler atacar, em 1939, iniciando assim a Segunda Guerra Mundial e deixando-a completamente em ruínas. Hoje é uma cidade moderna e de grande beleza (ver link)
Meu destino, no entanto, era Lublin. Mais um embarque e quase três horas de viagem Varsóvia-Lublin.
Em Lublin, a somente 4km, eu sabia que havia um campo de concentração nazista, o Madjanek (ver link), aonde grande parte da enorme comunidade judaica da cidade foi levada para ser exterminada, hoje também um museu. Quem sabe o visito um dia, mas no momento o meu interesse era... Sobibor.
Introduzindo o assunto:
Introduzindo o assunto:
Sobibor foi também o lugar da única revolta bem-sucedida de prisioneiros de um campo alemão. A 14 de Outubro de 1943 *, membros da revolta conseguiram matar secretamente 11 dos guardas daSS e alguns guardas ucranianos também. Apesar do plano ter sido matar todos os guardas alemães da SS e sair pela porta principal do campo, as mortes foram descobertas e os prisioneiros tiveram de correr pelas suas vidas em todas as direções. Dos cerca de 600 prisioneiros do campo, usados como escravos, cerca de 300 conseguiram fugir.
* uma semana depois do dia em que nasci... Pf
Eu tomara conhecimento pelo Google de que excursões Lublin-Sobibor custavam o absurdo de mais de € 200.00... Então, ao chegar na estação, abordei um taxi e perguntei ao motorista por quantos Zloty ele me levaria a Sobibor. Um deles não se encorajou e mesmo nem sabia onde ficava o lugar. Outro, corajoso - como eu - adiantou-se e marcou um preço, que aceitei pois era a metade do que excursões cobravam. E como tantas noites viajando em trens fizeram-me economizar em hoteis ou hostels, decidi aceitar e pagar na volta o equivalente a € 100.00. Sobibor fica acima à direita no mapa do motorista, quando o rio se divide; do outro lado do rio, a Ucrânia em turbulência.
O taxista calculou que levaríamos 4 horas entre ir e voltar a Lublin, de fato uma grande distância. Uma bonita igreja católica no caminho...
... e logo pegávamos uma estrada que, pelo mapa, nos conduziria a Sobibor, no meio da floresta, o que me fez lembrar a ocasião quando visitei Treblinka, também na Polônia (ver link), com a diferença de que a distância era bem menor e me foi cobrado do taxista de lá, que me lembre, € 50.00.
A partir daqui, publico minhas fotos de Sobibor intercaladas, de certa forma, com outras do Google:
Ao primeiro contato, conclui que Sobibor é um museu ao ar livre...
... com muitos cartazes para serem lidos.
260 mil pessoas morreram em Sobibor.
É muito assunto para absorver...
Ao longo desta estrada, pedras com inscrições em memória de muitos que ali morreram.
Custei mas apareci...
... como por um pequeno milagre.
Explico: depois das fotos da entrada, minha câmera parou de funcionar. Tanto trabalho para não fotografar Sobibor?
Percebendo um certo pânico ao tentar consertar o que poderia estar errado com a câmera, este judeu-americano, com sua câmera equipada profissionalmente, ao contrário da minha, ofereceu para fotografar-me e mandar as fotos por e-mail, o que já ia aceitando, grato, mas desapontado... De repente, minha câmera começou a funcionar normalmente e agradeci ao prestativo amigo.
Soube então que ele viera dos EUA visitar Sobibor porque todos os seus ancestrais morreram neste lugar, disse-me um tanto comovido. Abracei-o, disse um God bless you e nos separamos...
A midia fazendo a cobertura das novas escavações do que foi a câmara de gas de Sobibor.
Em site de um visitante brasileiro vi suas fotos de ossos triturados...
Faltava fotografar este lugar no final do campo.
Hora de voltar...
... à entrada e ver mais alguns quadros.
Um cruel guarda de Sobibor (veja mais no Google).
Acima, as últimas fotos que tirei antes de voltar a Lublin.
Alguns dos sobreviventes da grande fuga de Sobibor.
Shlomo Szmajzner, com um círculo em volta de seu rosto, um dos líderes da revolta, reconstruiu sua vida no Brasil.
Sites aos interessados em saber mais acerca de Sobibor
(em inglês)
http://www.pbs.org/program/escape-nazi-death-camp/
http://jbspins.blogspot.com/2014/05/escape-from-nazi-death-camp-sobibor.html
*******
The last but not the least
Procurando no youtube.com o filme "Fuga de Sobibor", achei a cena da câmera de gas do filme "O menino do pijama listrado", fortíssima, sim, aquela que causou um impacto em muitos de nós que assistimos ao filme (ou lemos o livro).
https://www.youtube.com/watch?v=2sOA9FmspoI
From Facebook
E em um banheiro na Áustria, ao ver escrito na porta "Boicote Israel!!!"... não resisti e, como tinha uma caneta, complementei com um "Não" (Don't)... e ficou "Não boicote Israel!!!"
Eu não sabia onde encaixar ou em que postagem usar as duas fotos abaixo... aqui, na minha opinião, couberam perfeitamente:
Eu não sabia onde encaixar ou em que postagem usar as duas fotos abaixo... aqui, na minha opinião, couberam perfeitamente:
Guerras pertencem a museus...
Raminho que peguei em Treblinka
Pretexto bíblico que o então presidente da Finlândia usou para não entregar judeus finlandeses para os nazistas.
Profusão de links sobre o inesgotável tema Holocausto:
http://paulofranke.blogspot.fi/2011/10/como-localizar-facil-temas-do.html
Basta clicar:
- 5 - Na CRACÓVIA/Krakow, antiga capital da Polônia
6 -Visita , na Cracóvia, ao Museu-Fábrica de OSKAR SCHINDLER:
http://www.paulofranke.blogspot.fi/2013/10/visita-fabrica-museu-de-oskar-schindler_7282.html
- 8 - POLÔNIA - viagem com saldo positivo!6 -Visita , na Cracóvia, ao Museu-Fábrica de OSKAR SCHINDLER:
http://www.paulofranke.blogspot.fi/2013/10/visita-fabrica-museu-de-oskar-schindler_7282.html
Atenção, leitores:
São tantos os tópicos sobre o Holocausto no meu blog, antigos e mais recentes, as visitas a 5 campos de concentração e extermínio, museus etc, que se torna difícil mencionar cada um.
Sugiro que o leitor interessado explore o "Índice de todos os meus tópicos", à direita ao acessar o blog e os encontre com dicas das palavras-chaves...
Anne Frank (2 visitas a Amsterdam)
Os últimos dias de Anne Frank (em espanhol)
Bergen-Belsen, onde ela morreu
Yad Vashem, o maior museu do Holocausto (2 visitas)
Irena Sendler, que salvou crianças judias do gueto de Varsóvia
Israel, 4 viagens ao país
etc.
Destaque:
Um campo que parecia diferente, mais humano... mas que servia de propaganda nazista diante do mundo:
Visita ao Campo de Concentração em Terezin, Rep. Tcheca
http://www.paulofranke.blogspot.fi/2012/10/iiio-campo-de-concentracao-de-terezin.html
Filme "A viagem dos condenados" (real)
http://paulofranke.blogspot.fi/2009/06/navios-e-o-holocausto-filme-viagem-dos.html
Ainda Sobibor e mais a polonesa heroína Irena Sendler:
http://paulofranke.blogspot.fi/2011/10/sombra-sinistra-do-nazismo-3.html
E ainda outro, do campo perto de Lublin, a ser visitado ainda:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Majdanek
http://www.paulofranke.blogspot.fi/2012/10/iiio-campo-de-concentracao-de-terezin.html
Filme "A viagem dos condenados" (real)
http://paulofranke.blogspot.fi/2009/06/navios-e-o-holocausto-filme-viagem-dos.html
Ainda Sobibor e mais a polonesa heroína Irena Sendler:
http://paulofranke.blogspot.fi/2011/10/sombra-sinistra-do-nazismo-3.html
E ainda outro, do campo perto de Lublin, a ser visitado ainda:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Majdanek
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Próxima - e última - postagem (12)
No Hotel-Sinagoga em Lublin,
Varsóvia/Berlim/Hanover/Bremen e
volta para casa por Tallin, Estônia.
6 Comments:
Paulo, que emocionante esse teu post.
Além da saudade do amigo, fiquei imaginando como seria bacana acompanhá-lo pessoalmente nessas aventuras de profundo mergulho histórico.
Por aqui, vou curtindo um pouco mas não o suficiente. Oro ao nosso bom Deus que algum dia possamos brindar a nossa amizade com uma viagem assim.
Tentarei rever os filme sobre a fuga e os outros citados no blog.
Senti-me abençoado e emocionado com o teu relato. Fico feliz por sentimentos nobres terem sido despertados por ti nesse post.
Obrigado, mais uma vez, e um forte abraço! Shallom Adonai.
By Henrique Soares, at sábado, outubro 11, 2014 7:36:00 AM
Caro amigo Paulo,
Vir ao seu blog é sempre um transbordar de fortes emoções, talvez pareça exagero, mas, sinto uma saudade doída do que nunca viví, desculpe, estou em lágrimas, agradeço por compartilhar conosco, que D'us o abençõe por toda eternidade. Shabat Shalom!!!
By Deborah Sabat, at sábado, outubro 11, 2014 11:49:00 PM
Oh amigo, entendo seu "preparar para o próximo post".. Pesado, não?
A algum tempo assisti os filmes, lembro do meu pai comentando sua surpresa de ver até onde o homem pode ir em sua maldade, perversidade! E como o ser humano tem a capacidade de, por outro lado, lutar em momentos mais sofridos e tortuosos. Como reagimos com garra e determinação. Se assim não fosse, talvez esta cena de terror não teria terminado. Mesmo que ainda se encontre pessoas , como aquela que escreveu na porta. Ser de pouca luz, sem Deus no coração!
Nesta postagem, o momento da estrada com os nomes me emocionou mais ainda ao ler nomes da família Lichestentein. Lembra quando falei de pessoas que conhecia, quando da ocasião em que falamos da Eugenia? Seria muito doloroso como de fato o foi ao ver nomes de familiares destes escrito no corredor de pedras.
Bonito ver sua força sempre gritando por justiça e paz, coragem e tolerância!
Paz amigo e força!
Obrigada por mais um momento de introspecção sobre a raça humana.
aBRaços do BRasil!!!!
By Maria Thereza Freire, at domingo, outubro 12, 2014 6:17:00 AM
Caro amigo Paulo, mais uma que aprendo com você, ainda não sabia que existiu sim um lugar com uma revolta e que alguns conseguiram fugir.
Obrigado amigo por sua postagem, suas visitas e seus compartilhamentos conosco, fãs do seu amado blog.
Leio e sempre aprendo muito contigo!
Linda interferência meu amigo, mesmo que numa parede, guerra ao povo Judeu nunca mais.
Abraços...
By evelize cristina, at domingo, outubro 19, 2014 9:22:00 PM
Obrigado aos amigos que colocaram seus comentários aqui... Sobibor foi, sim, um ponto alto nesta minha InterRail e penso que sentiram a minha emocão transparecendo entre as linhas e nas fotos... Vocês me abencoam e impulsionam a prosseguir. aBRaco.
By paulofranke, at terça-feira, outubro 21, 2014 11:39:00 PM
Sobre o sobrevivente de Sobibor, que foi para o Brasil:
Stanislaw Szmajzner (Pulawy 13 March 1927) arrived in Sobibor at age fifteen. He was a goldsmith and had to make signet rings and other jewellery for the guards. During the uprising he managed to get hold of three rifles wrapped in blankets. He shot one of the Ukrainian guards in the watchtower: ‘That was the first time in my life I fired a gun’.
Apart from making gold jewellery Stanislaw Szmajzner had to check the prams that came in with the transports. He was also the foreman of the maintenance mechanics. After the uprising he joined the partisans. In 1947 he emigrated to Brazil. At the police station in Sao Paulo he recognized Gustav Wagner, who committed suicide not much later. Szmajzner died on 3 March 1989 in Goiania, Brazil.
O dono do blog
By paulofranke, at sexta-feira, outubro 24, 2014 3:48:00 PM
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