Paulo Franke

30 novembro, 2020

ReveR...BERLIM... Marlene Dietrich... "Montanha do Diabo" (Teufelsberg)

 

2. BERLIM... Marlene Dietrich... "Montanha do Diabo" (Teufelsberg)


 Pouco mais de duas horas separam Bremen de Berlim, via Hannover, onde troquei o trem.  A viagem, pela ausência de montanhas no norte da Alemanha, é monótona, mas como começar uma conversa para mim é algo fácil fiz contatos com pessoas no trem, muitas curiosas pelas duas bandeiras na minha mochila, a do Brasil e a da Finlândia, o que em si é um bom começo de conversa.


A chegada na estação central de Berlim.


Uma forma um pouco estranha de boas-vindas...


Boas-vindas de fato foi aqui, na casa de uma boa amiga alemã que já cantou no meu International Gospel Choir em Helsinki e com a qual nunca perdemos o contato.

O mapa parcial do metrô berlinense.


Meu primeiro passeio em Berlim não poderia ser outro: rever o histórico Portão de Brandenburg.


Nada novo, mas... que frio e vento em Berlim desta vez!


 Custei a acreditar que de fato fazia frio e naquele primeiro dia vesti meu "casaco de verão" finlandês.


Não me lembro de ter visto este painel do Brandenburg ligado à guerra nas duas outras vezes em que aqui estive.


Este, sim, muito elucidativo, conta a história antiga do Portão.


Cavalos e cavalheiro testemunharam de muitos eventos...


... inclusive das imponentes paradas nazistas que o atravessavam.


"Cuidado, minas!"... algo como cavar para detectar minas "pra turista ver"...


... ou então ser fotografado por soldados americano e soviético, como no tempo da Guerra Fria.


O parlamento alemão.


De outro ângulo, com as bandeiras da Alemanha e da Comunidade Européia hasteadas.


E bem perto o Monumento aos Judeus que morreram no Holocausto.


De novo somente estes "postes" contando histórias dos que morreram ou sobreviveram.


O "céu de chumbo" combina com o monumento... No link abaixo, veja o mesmo lugar em um dia de verão na minha segunda visita à cidade.


Propositalmente, nada novo no local do bunker onde se escondeu e morreu covardemente Hitler... 


... o mesmo poster e a mesma intenção de evitar que o local venha a tornar-se um lugar de peregrinação de neonazistas.


bunker está situado abaixo de um simples estacionamento de carros de edifícios.


Um Volkswagen!! 
Leia no link abaixo como Hitler roubou o projeto de um judeu.


Ruínas da Chancelaria de Hitler.


No stand, venda de postais com pedacinhos do muro de Berlim.


Atrás, um pedaço do muro com a famosa pintura do escape de um soldado do lado comunista.


Outros pedaços do muro.
 
Meu pai também nos contava a história dos que,
de um dia para o outro, sem aviso,
foram separados de seus familiares.


Berlim, uma das capitais mais visitadas do mundo.


Um abraço para passar o frio, ainda que não seja muito amigo de ursos... "Amigo urso", termo que tem muito a ver com os ferozes animais (vivo na Finlândia e deles já ouvi falar).


E os típicos pretzels, delícia de biscoito salgado, saboreados muitas vezes!



Pela primeira vez visitando Potsdamer Platz, famoso bairro moderno onde festivais de cinema são realizados e outros destacados eventos nacionais e mundiais.


E ali o Museu do Cinema e da Televisão.


Como o ingresso custava somente € 7.00 entrei, ainda que pouco conheça do cinema alemão. Muito para escapar do frio lá fora talvez... A maior atração do museu fica por conta da atriz alemã Marlene Dietrich. Sou fã de Marlene não por causa de seus filmes, a que pouco assisti (procure a postagem "Visita ao local onde aconteceu o julgamento de Nuremberg" onde também enfoco o filme com Marlene), mas por sua oposição ao regime nazista e apoio aos aliados durante a Segunda Guerra (ver link abaixo).


Este guia revela os endereços e dá dicas de onde foram feitas as cenas de grandes filmes rodados em BERLIM, Londres, Madri, Paris e Roma. Transforme a sua viagem em um roteiro de cinema...
Já assistiu aos filmes alemães "Adeus Lênin!", "Aprendendo a Amar", "Corra, Lola, Corra!", "A Queda, as últimas horas de Hitler", "Tão perto, tão longe" e outros? Saiba onde exatamente foram filmados. 
Mais informações:
www.pulpideias.com.br



E olha que surpresa encontrar naquele famoso bairro: o escritório do laboratório que me provê meu medicamento diário!!


Voltando à famosa berlinense Marlene Dietrich, fui visitar sua sepultura.


Lá está ela...


... uma laje simples...


com seu nome, simplesmente Marlene (1901-1992).

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A Montanha do Diabo - Teufelsberg

(ou O tombo)

Quando fiz a minha segunda InterRail, meu filho perguntou-me se eu sabia a respeito das "montanhas" na planíssima Berlim... Respondi-lhe que nunca ouvira a respeito. E explicou-me que eram montanhas feitas dos destroços da Berlim após a guerra. De fato, visitando o parlamento na ocasião, fotografei somente as elevações no horizonte (foto abaixo), formadas artificialmente por montes de destroços de 12 milhões de metros cúbicos ou  de cerca de 400.000 casas e edifícios da cidade antes de ser bombardeada.  Visitá-las, chegou agora a vez.


A interessante historia de como veio a existir, no que se tornou e no ambicioso projeto que foi abandonado certamente o leitor interessado procurará no Google e/ou verá o video no link abaixo.



"Da próxima vez que for a Berlim, vou subir essa montanha", decidi. E aconteceu, mas de uma forma inusitada. Localizei a estação do metrô que me levaria perto e comecei a caminhada por uma rua deserta que daria lá. Finalmente, encontrei na rua deserta um casal de moradores vindo de um supermercado e perguntei-lhes se eu estava no caminho que me levaria à montanha. Com a maior simpatia, o homem, falando um bom inglês, indicou-me "um caminho mais fácil do que seguir em frente", que consistiria em dobrar à direita e andar por um dos dois atalhos que certamente me levariam lá. Ainda que minhas botas gastas não parecessem as mais apropriadas para a subida, topei a parada. Agradeci com um sonoro DANKE tanta gentileza e comecei a subir o atalho da foto acima. Cinco minutos de tentativa e desisti pela neve e lama do lugar.


Resolvi tentar o segundo atalho indicado, não tão íngreme mas que me faria enfrentar o mesmo problema de neve, gelo e lama muito escorregadios. A foto acima mostra as minhas "salvadoras", duas bengalas inprovisadas que mereceram que as fotografasse. Com dificuldade tremenda, avancei cerca de 600m até que meu pé ficou preso a uma raíz e levei o maior tombo dos últimos anos. Como senti o baque com o meu nariz, tão logo pude examinei-o para ver se não o havia quebrado... Apesar da dor em todo o corpo, meu nariz parecia inteiro, pelo que dei graças a Deus
(Nota: a dor no corpo que senti por algumas horas passou e no dia seguinte este viajante já estava inteiro novamente!)
O que aconteceu, então, foi uma lição de vida (que comento nos comentários após esta postagem)... À minha frente havia uma escada de madeira que leva o visitante até o topo de uma das montanhas. E olhando mais nitidamente percebi que a rua pela qual eu caminhara dava em uma rodovia... Teria sido simplesmente segui-la e teria chegado à escadaria sem problemas e sem a neve, gelo ou lama dos atalhos indicados pelo "simpático e mui amigo morador", a quem perdoei, afinal.


Sentindo-me quebrado - felizmente não no nariz como pensara - ainda consegui sorrir para a foto, tirada por uma senhora inglesa que, com um grupo, estacionara o carro ao pé da escadaria e facilmente subira até o topo da montanha.


Na verdade, senti-me momentaneamente destroçado, como os escombros de que constituiam a montanha, mas vitorioso como se tivesse subido ao Himalaia: chegara ao topo de uma montanha histórica como que um cemitério dos destroços que o nazismo provocara na sua "capital milenar do Terceiro Reich", o que me fez lembrar o pensamento certeiro de Eça de Queiroz: "O homem constrói monumentos, mas só ruínas semeia... para morada dos ventos."


Um zoom e eu fotografava na descida as estações da falida "US National Security Agency". 


Outra foto tirada na descida pela escadaria, que me fez questionar: "Foi por causa de tantas falências que o local recebera o nome de Montanha do Diabo?"


"Cansado pra cachorro", voltando pra casa de minha anfitriã, embarco sem querer no vagão do metrô reservado para cachorros... Brincadeira?!


Tratamento de primeira, de amiga verdadeira, recebi na casa de minha anfitriã, a quem a Anneli mandou de presente um cachecol vermelho, a cor que ela escolheu. 


Muito ocupada no trabalho, encontrávamo-nos no fim do dia para um gostoso lanche. Geladeira cheia, água sempre nova na garrafa (até fotografei o que parece uma obra de arte). Fiz, no entanto, um "papelão", pelo qual pedi-lhe desculpas. Condensar meu roteiro e encurtar os dias da InterRail foram-se tornando comuns... Naquela tarde deixei-lhe um atencioso bilhete - sem contar do "tombo" - agradecendo-lhe pela super hospedagem e mencionando que eu decidira partir para meu próximo destino... 


VENEZA... em busca do sol!!

(próxima postagem)

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L i n k s


Minha primeira viagem a Berlim/ Os 20 anos da queda do Muro / Nas ruínas do que foi a Gestapo / A sinagoga bombardeada de Berlim...


A segunda visita a Berlim / O memorial aos judeus mortos no Holocausto ao lado do Muro de Brandenburg...


Como Hitler roubou o projeto do Fusca de um judeu...


Sob a sombra sinistra do nazismo (o Exército de Salvação durante o nazismo).


À sombra do nazismo (Marlene Dietrich ajudando os aliados)...


A "Montanha do Diabo" (Teufelsberg) video


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