Poemas às Comunidades de Viagens
Poema afixado diante de uma velha árvore no Castelo de São Jorge, Lisboa:
AO VIANDANTE
Tu que passas e ergues para mim o teu braco;
Antes que me facas mal, olha-me bem:
Eu sou o calor do teu lar nas noites frias de inverno,
Eu sou a sombra amiga que tu encontras
Quando caminhas sob o sol de agosto,
E os meus frutos são a frescura apetitosa
Que te sacia a sede nos caminhos.
Eu sou a trave amiga da tua porta, a tábua da tua mesa,
A cama em que descansas e o lenho do teu barco.
Eu sou o cabo da tua enxada, a porta da tua morada,
A madeira do teu berco e do teu próprio caixão.
Eu sou o pão da bondade e a flor da beleza.
Tu que passas, olha-me bem e... não me facas mal.
Quando vivíamos em Lisboa - 1978
POEMAS GAÚCHOS:
AO VIANDANTE
Tu que passas e ergues para mim o teu braco;
Antes que me facas mal, olha-me bem:
Eu sou o calor do teu lar nas noites frias de inverno,
Eu sou a sombra amiga que tu encontras
Quando caminhas sob o sol de agosto,
E os meus frutos são a frescura apetitosa
Que te sacia a sede nos caminhos.
Eu sou a trave amiga da tua porta, a tábua da tua mesa,
A cama em que descansas e o lenho do teu barco.
Eu sou o cabo da tua enxada, a porta da tua morada,
A madeira do teu berco e do teu próprio caixão.
Eu sou o pão da bondade e a flor da beleza.
Tu que passas, olha-me bem e... não me facas mal.
Quando vivíamos em Lisboa - 1978
POEMAS GAÚCHOS:
NOSTALGIA
Sentindo do luar ternos afagos,
Sinto também saudade dos meus pagos...
Saudade do chão serrano, da campanha enluarada,
Das nevadas, do minuano, da primeira namorada.
Saudade dos pinheiros altaneiros,
Dos arroios cantantes de águas claras,
Saudade das coxilhas onduladas,
Como os cabelos verdes das iáras.
Enfileirados, bem como soldados,
Pareco ver os plátanos distantes
Revestidos de folhas verdejantes
No início do verão.
E depois, acoitados da invernia,
Despojados da verde ramaria,
Tapeteando de folhas todo o chão.
Relembro festas, marcacões, serestas,
Gaitas chorando em madrugadas tristes,
O vinho quente em noite de São João;
Casas velhas e novas misturadas,
As geadas, os campos, as queimadas,
As belezas sem par do meu rincão!
Vejo depois o vento sul malvado,
Pouco a pouco envolver toda a cidade,
Num cinzento lencol de cerracão,
E o frio nevoeiro da saudade,
Trazido pelos ventos do passado,
Também vai-me envolvendo o coracão...
- Zeno Cardozo -
PRECE GAÚCHA
Dá que eu seja, Senhor, Teu servo forte
- o campeiro da fé, Teu peão de estância,
o domador de meus impuros ímpetos;
e que não tema os sóis nem a distância,
e enxergue sempre os horizontes límpidos.
Na ronda do meu sonho, a estrela d'alva
me inspire cantos para Teu louvor!
E a toada mansa do tropeiro antigo
venha a meus lábios na cancão melhor!
Que eu reparta o meu fiambre com os andejos,
pobres de amor a meditar um pouso.
Meu poncho possa lhes servir de abrigo,
e eu tenha sempre este tranquilo gozo
de aquecer as almas que não têm repouso,
com a mesma lenha de meu fogo amigo.
- J.O.Nogueira Leiria -
Sentindo do luar ternos afagos,
Sinto também saudade dos meus pagos...
Saudade do chão serrano, da campanha enluarada,
Das nevadas, do minuano, da primeira namorada.
Saudade dos pinheiros altaneiros,
Dos arroios cantantes de águas claras,
Saudade das coxilhas onduladas,
Como os cabelos verdes das iáras.
Enfileirados, bem como soldados,
Pareco ver os plátanos distantes
Revestidos de folhas verdejantes
No início do verão.
E depois, acoitados da invernia,
Despojados da verde ramaria,
Tapeteando de folhas todo o chão.
Relembro festas, marcacões, serestas,
Gaitas chorando em madrugadas tristes,
O vinho quente em noite de São João;
Casas velhas e novas misturadas,
As geadas, os campos, as queimadas,
As belezas sem par do meu rincão!
Vejo depois o vento sul malvado,
Pouco a pouco envolver toda a cidade,
Num cinzento lencol de cerracão,
E o frio nevoeiro da saudade,
Trazido pelos ventos do passado,
Também vai-me envolvendo o coracão...
- Zeno Cardozo -
PRECE GAÚCHA
Dá que eu seja, Senhor, Teu servo forte
- o campeiro da fé, Teu peão de estância,
o domador de meus impuros ímpetos;
e que não tema os sóis nem a distância,
e enxergue sempre os horizontes límpidos.
Na ronda do meu sonho, a estrela d'alva
me inspire cantos para Teu louvor!
E a toada mansa do tropeiro antigo
venha a meus lábios na cancão melhor!
Que eu reparta o meu fiambre com os andejos,
pobres de amor a meditar um pouso.
Meu poncho possa lhes servir de abrigo,
e eu tenha sempre este tranquilo gozo
de aquecer as almas que não têm repouso,
com a mesma lenha de meu fogo amigo.
- J.O.Nogueira Leiria -
Judeus gaúchos (Argentina)