Paulo Franke

29 julho, 2008


Do you want to read this text in English?


Although it is not a perfect translation - sometimes with many mistakes, sometimes very funny! - it can give you an idea of the subject: 








Lugares visitados conforme o mapa acima.

(tente aumentá-lo clicando sobre ele e seguindo a direção das setas)


Bremem, Berlim, Nuremberg (Alemanha), Salzburgo (Áustria), Budapeste (Hungria), Zurique, Vevey, Genebra (Suíca), Haarlem (Holanda), Celes, Bergen-Belsen, Bremerhaven, Hamburgo, Puttgarden (Alemanha), Copenhagen (Dinamarca), Halmstad, Goteburgo (Suécia), Bergen, Oslo (Noruega), Estocolmo (Suécia ) e de volta a Helsinki (Finlândia), onde vivo.


De trem pela Europa 8 - Genebra (Suíça)



A cidade de Genebra, da palavra Geneva, de origem céltica, difere conforme o idioma: Genève, francês, Geneva, inglês, Genf, alemão, Ginevra, italiano, Genevra, rumeno, Genebra, português e espanhol etc. É a segunda cidade maior da Suíça. Importante, sedia os quartéis-generais das Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio (OMC) na Europa e o quartel internacional da Cruz Vermelha.



A cidade respirava futebol, modo brasileiro de falar, pois, na verdade, sediando mais de 200 organizações internacionais muitos outros assuntos são tratados ali, bem mais importantes do que futebol. A foto, primeiro lugar de um concurso de fotografia ligado ao Campeonato Europeu de Futebol, realizado na Áustria e na Suíça, é de Terry Durrenmatt.


Situada à beira do Lago Léman, a cidade faz fronteira com a França. A bola de futebol gigante tanto está no nível da água quanto sobe até o topo do famoso jato, construído em 1891. Foi em 2007 considerada a segunda cidade com a mais alta qualidade de vida do mundo, logo após Zurique.


Mais de 43,8% da sua população de 175 mil habitantes é de estrangeiros. Esqueço-me dos dados no momento, mas é significativa a presença de portugueses em Genebra. Quando lá estive, aconteceu o jogo Suíça-Portugal, com vitória da Suíça. Mas reinou a calma e a aceitação após o jogo, pois, afinal, para os portugueses a Suíça é também o seu país.


Genebra sedia importantes organizações governamentais e não-governamentais e a matriz de companhias nacionais e multinacionais como a JT International, Caterpillar, DuPont, Hewlett-Packard, Procter & Gamble etc. É o lugar onde a Convenção de Genebra foi assinada, cujo alvo foi estabelecer o tratamento aos não-combatentes e prisioneiros de guerra.


Diante do relógio de flores, símbolo da indústria relojoeira de Genebra, de longa tradição: Rolex, Omega, Raymond weil, Franck Muller, Baume et Mercier etc.


A histórica Cathédrale St-Pierre (Catedral de São Pedro). Embora Genebra seja considerada protestante, há no momento mais católicos-romanos (39.5%) do que protestantes (17.4%). 22% dos habitantes não possuem religião, o restante sendo compartilhado com muçulmanos (4.4%), judeus (1.1%) e minorias religiosas. E naquela tarde um cearense batista (foto) mostrava para um gaúcho salvacionista a imponente catedral, berço da reforma protestante na Suíça.


A nave da catedral, com sua arquitetura que mistura estilos romanos e góticos, teve a primeira fase de sua construção em 1160. Foi remodelada no tempo da Reforma. No interior austero dessa construção, Jean Calvin pregou a reforma da igreja.

Postais adquiridos na catedral que mostram, à direita, Ulrich Zwinglio (1484-1531), reformador de Zurique (1525), e à esquerda, João Calvino, nascido na França (1509-1564), mas que reformou a igreja em Genebra em 1536.


A cadeira de Calvino em um canto da catedral (para proteção, só uma cordinha)


Não sei a razão, mas achei a cadeira de Calvino parecida com ele...!


Ao lado da catedral, o Muro dos Reformadores (escultor Paul Landowski): Guilherme Farel, João Calvino, Teodoro de Beza e John Know com o traje dito "La Robe de Genève", de doutor ou de ministro do Evangelho.


Fui muito bem hospedado no Centre Espoir (Centro da Esperança), uma obra social modelo, de uma organização fantástica, limpeza, beleza e um tratamento cristão dedicado à clientela, mais de 100 pessoas com problemas mentais leves, autismo e de outras naturezas; em comum o fato de poderem viver por si em seus quartos particulares, entrar e sair da instituição quando quiserem, mesmo durante a noite, tendo porém de respeitar aos regulamentos da casa e receber tratamento como condição de permanência. O Armee du Salut- Die Heilsarmee (Exército de Salvação) é muito conhecido, muito respeitado e muito ajudado na Suíça.


Ao planejar minha viagem, entrei em contato pela Internet com o administrador do Centre Espoir, Monsieur Jean Marc, para obter hospedagem em um dos studios daquela instituição. Sua secretária, em seu nome, respondeu-me afirmativamente e trocamos alguns e-mails não somente sobre minha ida a Genebra. Desde o primeiro contato chamou-me a atenção seus dois sobrenomes... brasileiros, sendo ela suíça!
 Chegando e recebendo o caloroso bienvenu de Brigitte, conduziu-me ao studio no moderno edifício, onde fui hospedado "como um rei", como se diz no Brasil. Após instalar-me no lugar, Brigitte viu-me sair e perguntou aonde eu ia. "A um supermercado", respondi (pois no studio havia uma cozinha). Aí disse-me que na hospedagem (gratuita!) todas as refeições estavam incluidas, café-da-manhã, almoço e janta! Que comida farta, deliciosa e de boa qualidade recebi no enorme refeitório da instituição! Mais tarde, apresentou-me seu marido cearense, Nilson, e fizemos boa amizade. Obrigado, Brigitte, e estenda a minha gratidão também ao Jean-Marc e à sua eficiente equipe!

No domingo pela manhã fui à reunião em nossa igreja, situada bem no centro da cidade. Foi a ocasião de rever um brasileiro - filho de colegas oficiais, pai suíço e mãe inglesa, com os quais trabalhamos durante muitos anos no Brasil - e sua esposa portuguesa. E que surpresa, pois a última vez que os vi eram crianças (ele no Brasil e ela em nossa escola dominical em Lisboa), e agora diante de mim estavam os Majores Andrew e Luiza Hofer, oficiais (pastores) do importante Corpo de Genebra do Armee du Salut!



Quando ingressei no Exército de Salvação, em 1962, o avô de Andrew, o suíço Ernest Hofer, era o líder de nossa obra no Estado do Rio Grande do Sul e assinou um cartão que guardo até hoje dentro de minha primeira Bíblia.

+

Muitos oficiais missionários, suíços-alemães e suíços-franceses, trabalharam no Brasil, e continuam trabalhando, tendo em comum a dedicação e o amor ao nosso povo. Um deles, fui comunicado enquanto eu viajava pela Europa, faleceu em São Paulo com a idade de 100 anos, o devotado à causa dos pobres, Jacob Stalder, um homem forte, trabalhador incansável, simpático e bem-humorado. Dele me recordo também pela sua mão firme ao cumprimentar ou ao segurar o seu instrumento de sopro, delicada no entanto ao fazer belos enfeites de madeira com a serrinha, ao tocar sua concertina ou ao folhear sua Bíblia em português e trazer abençoadas mensagens para os cansados e oprimidos em nossas reuniões ao ar livre.

+ + + + + + +


Franke é uma indústria suíça - hoje espalhada pelo mundo, inclusive pelo Brasil - especializada em pias, tinas, tanques, produtos sanitários além de variados outros em aço inoxidável. Ao entrar em um banheiro deparei com uma torneira com o meu nome, e na Finlândia consegui uma sacola da firma. Hoje com a minha foto ela decora meu escritório.

C'est fini. Merci!

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Proxima postagem:



De trem pela Europa 9 - Harlem (Holanda)



Visita ao Museu Corrie ten Boom, uma holandesa que escondeu judeus em sua casa, foi descoberta e enviada com sua família para o campo de concentração.

De trem pela Europa - Genebra - Suíca


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Lugares visitados conforme o mapa acima.

(tente aumentá-lo clicando sobre ele e seguindo a direção das setas)


Bremem, Berlim, Nuremberg (Alemanha), Salzburgo (Áustria), Budapeste (Hungria), Zurique, Vevey, Genebra (Suíca), Haarlem (Holanda), Celes, Bergen-Belsen, Bremerhaven, Hamburgo, Puttgarden (Alemanha), Copenhagen (Dinamarca), Halmstad, Goteburgo (Suécia), Bergen, Oslo (Noruega), Estocolmo (Suécia ) e de volta a Helsinki (Finlândia), onde vivo.


De trem pela Europa 8 - Genebra (Suíça)



A cidade de Genebra, da palavra Geneva, de origem céltica, difere conforme o idioma: Genève, francês, Geneva, inglês, Genf, alemão, Ginevra, italiano, Genevra, rumeno, Genebra, português e espanhol etc. É a segunda cidade maior da Suíça. Importante, sedia os quartéis-generais das Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio (OMC) na Europa e o quartel internacional da Cruz Vermelha.



A cidade respirava futebol, modo brasileiro de falar, pois, na verdade, sediando mais de 200 organizações internacionais muitos outros assuntos são tratados ali, bem mais importantes do que futebol. A foto, primeiro lugar de um concurso de fotografia ligado ao Campeonato Europeu de Futebol, realizado na Áustria e na Suíça, é de Terry Durrenmatt.


Situada à beira do Lago Léman, a cidade faz fronteira com a França. A bola de futebol gigante tanto está no nível da água quanto sobe até o topo do famoso jato, construído em 1891. Foi em 2007 considerada a segunda cidade com a mais alta qualidade de vida do mundo, logo após Zurique.


Mais de 43,8% da sua população de 175 mil habitantes é de estrangeiros. Esqueço-me dos dados no momento, mas é significativa a presença de portugueses em Genebra. Quando lá estive, aconteceu o jogo Suíça-Portugal, com vitória da Suíça. Mas reinou a calma e a aceitação após o jogo, pois, afinal, para os portugueses a Suíça é também o seu país.


Genebra sedia importantes organizações governamentais e não-governamentais e a matriz de companhias nacionais e multinacionais como a JT International, Caterpillar, DuPont, Hewlett-Packard, Procter & Gamble etc. É o lugar onde a Convenção de Genebra foi assinada, cujo alvo foi estabelecer o tratamento aos não-combatentes e prisioneiros de guerra.


Diante do relógio de flores, símbolo da indústria relojoeira de Genebra, de longa tradição: Rolex, Omega, Raymond weil, Franck Muller, Baume et Mercier etc.


A histórica Cathédrale St-Pierre (Catedral de São Pedro). Embora Genebra seja considerada protestante, há no momento mais católicos-romanos (39.5%) do que protestantes (17.4%). 22% dos habitantes não possuem religião, o restante sendo compartilhado com muçulmanos (4.4%), judeus (1.1%) e minorias religiosas. E naquela tarde um cearense batista (foto) mostrava para um gaúcho salvacionista a imponente catedral, berço da reforma protestante na Suíça.


A nave da catedral, com sua arquitetura que mistura estilos romanos e góticos, teve a primeira fase de sua construção em 1160. Foi remodelada no tempo da Reforma. No interior austero dessa construção, Jean Calvin pregou a reforma da igreja.

Postais adquiridos na catedral que mostram, à direita, Ulrich Zwinglio (1484-1531), reformador de Zurique (1525), e à esquerda, João Calvino, nascido na França (1509-1564), mas que reformou a igreja em Genebra em 1536.


A cadeira de Calvino em um canto da catedral (para proteção, só uma cordinha)


Não sei a razão, mas achei a cadeira de Calvino parecida com ele...!


Ao lado da catedral, o Muro dos Reformadores (escultor Paul Landowski): Guilherme Farel, João Calvino, Teodoro de Beza e John Know com o traje dito "La Robe de Genève", de doutor ou de ministro do Evangelho.


Fui muito bem hospedado no Centre Espoir (Centro da Esperança), uma obra social modelo, de uma organização fantástica, limpeza, beleza e um tratamento cristão dedicado à clientela, mais de 100 pessoas com problemas mentais leves, autismo e de outras naturezas; em comum o fato de poderem viver por si em seus quartos particulares, entrar e sair da instituição quando quiserem, mesmo durante a noite, tendo porém de respeitar aos regulamentos da casa e receber tratamento como condição de permanência. O Armee du Salut- Die Heilsarmee (Exército de Salvação) é muito conhecido, muito respeitado e muito ajudado na Suíça.


Ao planejar minha viagem, entrei em contato pela Internet com o administrador do Centre Espoir, Monsieur Jean Marc, para obter hospedagem em um dos studios daquela instituição. Sua secretária, em seu nome, respondeu-me afirmativamente e trocamos alguns e-mails não somente sobre minha ida a Genebra. Desde o primeiro contato chamou-me a atenção seus dois sobrenomes... brasileiros, sendo ela suíça!
 Chegando e recebendo o caloroso bienvenu de Brigitte, conduziu-me ao studio no moderno edifício, onde fui hospedado "como um rei", como se diz no Brasil. Após instalar-me no lugar, Brigitte viu-me sair e perguntou aonde eu ia. "A um supermercado", respondi (pois no studio havia uma cozinha). Aí disse-me que na hospedagem (gratuita!) todas as refeições estavam incluidas, café-da-manhã, almoço e janta! Que comida farta, deliciosa e de boa qualidade recebi no enorme refeitório da instituição! Mais tarde, apresentou-me seu marido cearense, Nilson, e fizemos boa amizade. Obrigado, Brigitte, e estenda a minha gratidão também ao Jean-Marc e à sua eficiente equipe!

No domingo pela manhã fui à reunião em nossa igreja, situada bem no centro da cidade. Foi a ocasião de rever um brasileiro - filho de colegas oficiais, pai suíço e mãe inglesa, com os quais trabalhamos durante muitos anos no Brasil - e sua esposa portuguesa. E que surpresa, pois a última vez que os vi eram crianças (ele no Brasil e ela em nossa escola dominical em Lisboa), e agora diante de mim estavam os Majores Andrew e Luiza Hofer, oficiais (pastores) do importante Corpo de Genebra do Armee du Salut!



Quando ingressei no Exército de Salvação, em 1962, o avô de Andrew, o suíço Ernest Hofer, era o líder de nossa obra no Estado do Rio Grande do Sul e assinou um cartão que guardo até hoje dentro de minha primeira Bíblia.

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Muitos oficiais missionários, suíços-alemães e suíços-franceses, trabalharam no Brasil, e continuam trabalhando, tendo em comum a dedicação e o amor ao nosso povo. Um deles, fui comunicado enquanto eu viajava pela Europa, faleceu em São Paulo com a idade de 100 anos, o devotado à causa dos pobres, Jacob Stalder, um homem forte, trabalhador incansável, simpático e bem-humorado. Dele me recordo também pela sua mão firme ao cumprimentar ou ao segurar o seu instrumento de sopro, delicada no entanto ao fazer belos enfeites de madeira com a serrinha, ao tocar sua concertina ou ao folhear sua Bíblia em português e trazer abençoadas mensagens para os cansados e oprimidos em nossas reuniões ao ar livre.

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Franke é uma indústria suíça - hoje espalhada pelo mundo, inclusive pelo Brasil - especializada em pias, tinas, tanques, produtos sanitários além de variados outros em aço inoxidável. Ao entrar em um banheiro deparei com uma torneira com o meu nome, e na Finlândia consegui uma sacola da firma. Hoje com a minha foto ela decora meu escritório.

C'est fini. Merci!

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Proxima postagem:



De trem pela Europa 9 - Harlem (Holanda)



Visita ao Museu Corrie ten Boom, uma holandesa que escondeu judeus em sua casa, foi descoberta e enviada com sua família para o campo de concentração.

25 julho, 2008

De t/p/Europa 7 - Vevey (Suíça) - o último lar de Chaplin!


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Although it is not a perfect translation - sometimes with many mistakes, sometimes very funny! - it can give you an idea of the subject:

Lugares visitados conforme o mapa acima.

(tente aumentá-lo clicando sobre ele e seguindo a direcão das setas)
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Bremem, Berlim, Nuremberg (Alemanha), Salzburgo (Áustria), Budapeste (Hungria), Zurique, Vevey, Genebra (Suíca), Haarlem (Holanda), Celes, Bergen-Belsen, Bremerhaven, Hamburgo, Puttgarden (Alemanha), Copenhagen (Dinamarca), Halmstad, Goteburgo (Suécia), Bergen, Oslo (Noruega), Estocolmo (Suécia ) e de volta a Helsinki (Finlândia), onde vivo.

De trem pela Europa 7 - Vevey (Suíça)



O final de minha postagem anterior serve de introdução a esta. Lembre-se de que em Zurique senti-me como um "vagabond" dormindo na estação ferroviária... Bem, minha próxima cidade na Suíça foi Vevey, e o motivo maior de tê-la colocado no meu roteiro de viagem foi o fato de ter sido o lugar de exílio do famoso cômico Charles Chaplin (Le Vagabond/The Tramp) e onde viveu suas duas últimas décadas.
*

Apresentar Carlitos é algo que vou dispensar, pois desde os anos 20 do século passado até os dias de hoje sua popularidade é espantosa, mesmo entre as gerações mais novas.



Chegando à estação de Vevey, depois de poucas horas de viagem percorrendo a Suíça-francesa, que não conhecia, ainda que meio quebrado da noite anterior era hora de começar o passeio de somente um dia (que prometia ser um longo dia e com algumas surpresas que naturalmente não me ocorreram no momento). O centro turístico abria às 10h00, portanto sobrava um tempinho para admirar Vevey às margens do Lago Léman, tendo ao fundo os Alpes de Savoie, um espetáculo aos mais sonolentos olhos...




Amigos, olhem a beleza deste lugar!!



E o que não poderia faltar...



Perguntando onde seria o Exército de Salvação (Armee du Salut) no meu pobre francês, sabendo-o a somente poucos metros de onde estava fui fotografar o prédio. Dois nomes vieram-me à mente naquele instante, David e Stella Miche que em 1922 partiram da Suíça-francesa para iniciar a obra do Exército de Salvação no Brasil.




O cartão acima, publicado pelo Centro Histórico do The Salvation Army em Londres, vem a calhar no momento desta postagem e teria servido "como luva" a este viajante cansado e esfomeado no momento da chegada a Vevey.

Comida barata & Dormitório - para pobres que estão passando fome.

É o anúncio de um centro salvacionista de ajuda de Londres, de 1888. Teria o menino Charlie Chaplin, que frequentou o Exército de Salvação em sua infância (veja link), feito refeições ou dormido nesse lugar (vejam os preços!)?




Em comemoração aos seus 125 anos na Suíça, o Exército de Salvação distribuiu durante o último Natal milhares de envelopes de sopa Knorr. Impresso no pequeno envelope, um dos antigos slogans salvacionistas: "Sopa, sabão e salvação". Alguns desses envelopes de sopa chegaram à Finlândia um pouco antes de eu viajar. E adivinhem se não me "valeram" em algum hoteleco onde eu tinha acesso a um microondas??

E, a propósito, bem ali perto (tudo é perto no centro de Vevey) um garfo gigante simbolizando o centro gastronômico como é conhecida a cidade...




E novamente ali perto, a famosa estátua de Charles Chaplin, o "dono" da cidade ou pelo menos uma das fortes razões de milhares de turistas a visitarem. Hora de comer (meu sanduíche!), sentado em um banco aproximaram-se alguns pardais e compartilhei com eles o meu lanche.
Logo, dezenas de outros se aproximaram. Pensando que todos aqueles passarinhos dariam uma boa foto ao pé da estátua do Carlitos, procurei atraí-los com as migalhas que sobraram... em vão, fugiram todos, só ficando o unzinho da foto.
Será que os pássaros não apreciam o agora estático Carlitos??





Olhando meio de longe, pensei com os meus botões: "E Carlitos era baixinho assim como nesta estátua?" Mas quando cheguei perto conclui... bem, se este era o tamanho natural dele não foi tão baixinho assim... eu é que estou sem sapatos (eheh!).



O centro turístico deu-me as informações que eu pedira, todas com relação à família Chaplin em Vevey. E assim, com minha mochila-das-duas-bandeiras empreendi a subida de "somente" 2km até o cemitério em Corsier-sur-Vevey onde está enterrado ao lado de sua esposa.



Cemitério pequeno, lugar de muito silêncio, como em seus filmes mudos... Falam bem alto as recordações dos filmes do grande cômico. Nos filmes, muito riso, aqui, silêncio respeitável.


Chaplin morreu enquanto dormia na manhã do dia de Natal de 1977.




Oona, filha do dramaturgo americano Eugene O'Neill, era uma adolescente quando se casou com Charles, na época com 54 anos. Acompanhou-o ao exílio e deu-lhe 8 de seus 10 filhos. Esteve ao seu lado até o último instante de sua vida. E também foi enterrada ao seu lado (morreu com apenas 66 anos!)


Para "provar" que estive aqui... com olhos cansados da noite anterior... ou emocionados?




Talvez não prestara a devida atenção às informações do centro turístico, pois pensava que a mansão dos Chaplin seria "encostada" ao pequeno cemitério. Novamente coloquei o meu francês em ação para - o lá, lá! - saber que a casa estava a 10km montanha acima...
Em frente! Topei a parada de subir cada montanha (Climb ev'ry mountain), ainda inspirado com a visita a Salzburgo, e na estradinha paralela a uma movimentada rodovia encontrei diversas fontes de água potável para beber e também molhar o rosto.



Vencidos os 10km (uff!), o grande desafio era achar o local da mansão. Nenhuma viva alma para me dar a informação. Silêncio total a não ser o canto dos passarinhos. Em dado momento, encontro uma senhora espanhola que trabalhava em uma casa. Hablando ahora mi portuñol, soube que sua patroa lhe falara algo que podia ser o que eu procurava. E era.

A linda mansão de Charles Chaplin, conclui, só pode ser vista de helicóptero, pois o máximo que encontrei foi o portão abaixo, talvez o da entrada, talvez o lateral, mas confirmei com um motorista dormindo em um carro ali estacionado que era ali mesmo. Acordei-o e, assustado, simplesmente apontou para o portão, sem abrir o vidro... Cada uma!



Àquela altura - dos acontecimentos e geográfica - meu cansaço já passara por completo. Era a minha vez de ser um paparazzi e tentar conseguir uma foto de algum canto da mansão entre aquele arvoredo que a circunda.


Nessa tentativa, imaginei os filhos menores e os netos maiores de Charley subindo esta "figueira", como a chamaríamos os gaúchos. Se encontrar Victoria Chaplin novamente em um show que de tempos em tempos faz em Helsinki, vou perguntar, se tiver "sorte" de falar com ela novamente.


Voilà la maison!



Mas foi tudo o que consegui...




Do Google copiei a foto da fachada da Manoir-de-Ban a Cosier (casas por lá têm nomes), norte de Vevey. Há planos de transformá-la em um museu.




Charles Chaplin finaliza sua autobiografia com estas palavras:

De vez em quando sento no terraço ao pôr-do-sol e olho, através do grande gramado, para o lago à distância e para as montanhas, e nada faço a não ser deixar-me envolver pela magnífica serenidade. (tradução livre)
*
E é esta paisagem da foto acima a que ele contemplava.





Uma querida amiga de Brasília quando visitou a Alemanha presenteou-nos com um enfeite magnético de geladeira onde está escrita a frase de Chaplin:

Um dia sem um sorriso é um dia perdido.

*

Era a hora, então, de descer os 12km... o que fiz com sabor de missão cumprida, alegre, sorrindo para mim mesmo, sem nenhum vestígio de canseira. Na grande descida, encontrei um carteiro da minha idade com seu carrinho de correspondência fazendo o seu trajeto - diário - montanha acima... Momento de refletir e de ser grato...




Despedindo-me de Vevey em um dia muito bem aproveitado, fiquei contente por ter visitado o local onde Charles Chaplin viveu os 20 últimos anos de sua vida. E as palavras de suas canções - talvez as duas únicas traduzidas para o português - Sorri e Luzes da Ribalta vêm-me à mente:

*
Sorri quando a dor te torturar e a saudade atormentar os teus dias tristonhos, vazios...
*
Para que chorar o que passou, lamentar perdidas ilusões?... Pois o ideal que sempre nos acalentou renascerá em outros corações.
*

¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤

*



Fã de Carlitos desde minha infância, guardei a Manchete de 7 de janeiro de 1978, com muitas páginas dedicadas ao "Gênio do Século" que morrera há poucos dias. No longo e carinhoso texto relembra-me Carlos Heitor Cony que os pais de Chaplin eram de origem francesa (seu pai) e de judia-irlandesa (sua mãe). Durante a guerra, pelo rádio e pela imprensa, Charles denunciou o massacre dos judeus, sendo que na hora mais difícil se sentiu judeu. Seu filme, "O Grande Ditador", provocou cólera em Hitler e foi interditado em todo o território americano, sendo liberado após um ano e meio, depois do ataque a Pearl Harbor, quando os EUA entraram na guerra.



Quando por ocasião da estréia de um de seus filmes, parte da família voou de Vevey para Londres. No quarto de século em que viveu na Suíça, viu o nascimento de quatro de seus dez filhos. Nasceram na clínica de Mont-Choisi, em Lausanne. Seu último filho, Christopher, nasceu quando Charley tinha 73 anos de idade. Oona deu-lhe 8 de seus 10 filhos (Google). Obs.: segundo Manchete, o produtor e sua esposa estão atrás de Chaplin.



Legenda das fotos na Manchete: Na mansão de Corsier-sur-Vevey, Chaplin envelheceu e se afastou do mundo. Recebia alguns poucos amigos e, em certas datas, reunia a família. Não estava amargurado, nem tinha motivos para isso: o mundo inteiro lhe reconhecia o gênio. Estava rico, tinha ao seu lado a mulher que o amava. Nas últimas semanas, sofreu com o bronquite. Junto à lareira, a bengala.
*

De outra fonte, li que até quase o final de sua vida mantinha-se ocupado, sendo uma de suas tarefas compor músicas para servirem de fundo aos seus filmes mudos.



Segundo a Manchete, esta é uma das últimas fotos de Chaplin, feita por um fotógrafo alemão. Mostra o estado de saúde do genial artista. Tal como num de seus filmes da fase gloriosa, tem um cachorro ao seu lado.

*
Quase terminando de ler o artigo de Carlos Heitor Cony, comovido, senti meus olhos umedecerem-se. Quando isso aconteceu, faltava somente ler a sua última frase homenageando Charles Chaplin. E a frase é essa: E - se temos coragem para a lágriama, chorar diante de Carlitos é uma forma de melhor curti-lo, melhor compreendê-lo e amá-lo.

L i n k s



-Meu encontro com Victoria Chaplin, filha de Charles Chaplin:

http://paulofranke.blogspot.com/2006/07/ele-era-importante.html

- O último discurso de "O grande ditador" (imperdível!)


http://www.youtube.com/watch?v=FPzgq8sNbMI


Em tempo:


Carla, uma amiga do Orkut, fã de Charles Chaplin, cedeu-me a foto em que está ao lado de Aurelia, filha de Victoria Chaplin e Jean Baptiste Thirré, após o show da neta de Carlitos em Recife-PE.


E o espetáculo continua!


**************


Dedico esta postagem:
... aos meus saudosos pais: ao meu pai que projetava filmes de Carlitos nas nossas festas de aniversário, e à minha mãe que servia doces, salgados e refrigerantes para as visitas, especialmente a um batalhão de primos que vibrava com os filmes mudos, sonoro pelas nossas gargalhadas!

*
... ao meu querido netinho lá no Brasil que hoje, 26 de julho de 2008, completa 1 aninho. Seu bisavô, que faleceu no mesmo ano em que Carlitos, 1977, faria amanhã 95 anos. Espero que meus seis netinhos venham a conhecer os filmes do Charles Chaplin, um cômico popular entre crianças e jovens também nos dias de hoje.

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Próxima postagem:


"De trem pela Europa 8 - Genebra (Suíça)"