Londres 73 Londres 78 Londres 92 Londres 03
1973 - Delegado brasileiro no curso no Colégio Interncional para Oficiais (ICO)
1978 - Participação no Congresso Intl. dos 100 anos do nome The Salvation Army
1992 - Visita à sede inglesa da igreja americana Wesleyan Methodist Church
2003 - Participação no Seminário Transcultural em Denmark Hill
- Esta postagem, no entanto, tratará inclusive de outros lugares visitados na Inglaterra.
Considero que gostar da Inglaterra, terra do fish-and-chips, é como comer peixe: come-se a carne do peixe e deixa-se as espinhas de lado, isto é, aprecia-se a sua rica cultura e sua belíssima paisagem e deixa-se de lado as espinhas historicamente falando. E com respeito às atuais ameaças ao cristianismo, antes forte no país, creio que devemos acionar em nossas igrejas o dispositivo da intercessão, pois muitos cristãos temos de certo modo nossas raízes espirituais naquela nação, berço de importantes denominações fortes inclusive no Brasil.
Para mim pessoalmente é impossível desassociar o país do Exército de Salvação (The Salvation Army), onde ingressei no longínquo 1962. O leitor verá , então, muitas fotos e legendas de ambos, do país em si, que visitei por quatro vezes, e de nossa organização-igreja que foi fundada em Londres, em 1865, por William e Catherine Booth.
Esta postagem, portanto, às vezes séria, às vezes humorística, não é somente "pra inglês ver" ou somente para salvacionista ver, mas é para todos (for all, de onde se deriva a palavra "forró", sabia?)
E falar em forró, tomei em um hotel este chá-de-côco inglês, uma delícia que me fez guardar de lembrança o envelope!
Ela é dona também do chá, é isso?
Os chás acima rolam em nossas xícaras e mugs aqui na Finlândia também. Gaúcho que sou - que não toma chimarrão... - tomo "chá da Índia", como o chamávamos no sul; e lembrando exatamente o RS, somente quando está muito frio ou então quando percebo que uma gripe está chegando. Minha esposa, por outro lado, não toma café mas chá, hábito formado desde que viveu na Inglaterra quando bem jovem.
Meu pai, que não escondia sua grande admiração pela Inglaterra, comprou um Austin A-40, made in England, e vivia elogiando a lataria européia, muito superior segundo ele à dos carros nacionais que começavam a ser fabricados. Parentes iam trocando seus carros europeus por modelos nacionais modernos, mas meu pai, conservador, continuava com o seu Austin. Até hoje me pergunto como cinco filhos cabiam no banco de trás do pequeno veículo? Um dia em Londres, de repente veio forte a lembrança da infância... A explicação é que bem ao meu lado no trânsito parado um Austin-taxi tinha o mesmo barulho do motor do nosso!
O pai de meu melhor amigo era um reverendo anglicano que tinha um Morris, também inglês e pequeno. Quando vivemos na ilha de Åland, província da Finlândia, no início dos anos 90, comprei outro modelo do Morris, que passamos a chamar de "boa índole", pois nunca nos deixou na mão no rigoroso inverno da ilha (só uma vez quando a temperatura caiu a 22 negativos, também pudera!). Foi o primeiro carro que tive. Quando ficou por demais velho e acabado, o troquei por um carro japonês, o segundo e último carro que tive até hoje. O velho carro tinha um pequeno problema que não chegava a causar risco na pacata ilha: a chave de ignição não saía do lugar e as portas não fechavam... Ainda que jamais alguém se atreveria a roubá-lo, coisa desconhecida por aqui, resolvi o problema com a criatividade brasileira e o toque de classe inglês: coloquei uma luva sobre a chave!
A admiracão de meu pai pela Inglaterra tinha também muito a ver com a vitória, juntamente com os seus aliados, contra a Alemanha nazista, assunto que ouvíamos de contínuo no final dos anos 40 e início dos anos 50, captando pouco por sermos crianças ainda. Costumo dizer que, tendo nascido em 1943, enquanto Hitler berrava seus discursos demoníacos e tantas crianças eram mortas ou tornavam-se órfãs de guerra, eu dormia tranquilamente no meu berço.
Em foto já publicada neste blog, a Catedral Anglicana de Saint Paul , que escapou, embora com severos prejuízos, do bombardeio de 1940 que destruiu parte do centro de Londres (City of London).
Aqui estou eu, magrela, no meio dos possantes David e Edward. Nossa tarde estendeu-se à casa de uma idosa missionária inglesa que morava em Niterói, mãe de minha boa amiga Ivete. Na minha última visita ao país, soube que David ainda é fiel músico em uma banda do Corpo que frequenta.
Primeira vez...
Não mais tão magro, mas mais cabeludo (!!) fui escolhido para participar do curso a que me refiro no início. Corria o ano de 1973, ano em que nos casamos. Anneli veio de Nova York trabalhar no Brasil e depois de três meses de sua chegada era a minha vez de viajar. O curso durou quase três meses e em menos de um mês de minha volta nos casamos. A foto mostra a turma da 70. sessão do ICO, com delegados de diversos países dos cinco continentes, culturas diferentes mas algo abençoado em comum: servíamos a Deus como oficiais do Exército de Salvação! Ao lado do General (sueco) Erik Wickberg, a australiana vice-diretora do ICO, Coronel Eva Burrows, que um dia tornou-se também General, isto é, a líder máxima do ES mundial (aposentada, foi a palestrante do congresso a que assisti na Noruega no último verão, matéria publicada também neste blog, tópico "De trem pela Europa - Oslo).
Já naquele tempo o que conhecera criança me atraía. Assim fui ao Kensington Garden ver a estátua de Peter Pan, meu herói infantil, criação de Sir James Barrie. A estátua é obra de Sir George Frampton e foi erigida em 1912 (um ano mais tarde nasceria meu pai).
Em um de meus passeios, encontrei um tipo pub-museu de Sherlock Holmes, personagem do escritor Conan Doyle cujos livros eu pedia que me dessem de presente por ocasião de meus aniversários no início da adolescência.
A propósito de Sherlock Holmes, acima uma das fotos de Londres de que mais gosto!
Como parte do curso, visitamos o interior das Casas do Parlamento. A torre do Big-Ben, à beira do rio Tâmisa, é marca registrada da cidade como o Pão de Açúcar para o Rio de Janeiro.
Visitamos Coventry, a cidade de Lady Godiva (há uma estátua sua na praça central). Impressionante a catedral moderna ao lado da que ficou preservada em ruínas após a guerra. No altar destruído, uma cruz tosca e as palavras de Jesus: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Abaixo, Hampton Court Palace, um dos palácios de Henrique VIII que visitei com a colega May Tribe, que fora missionária no Brasil.
Em Nottingham, no centro de país, visitamos a casa onde nasceu o fundador William Booth, hoje um museu que tem ao lado um prédio moderno que abriga muitas obras assistenciais. O slogan salvacionista é lembrado e largamente praticado também na sua terra natal: "Sopa, sabão e salvação". O grupo cercou a estátua do Fundador, diante da casa, e tirou a tradicional foto que infelizmente só tenho em slide.
Ao visitar a impressora, de repente vi uma pilha de passaportes... brasileiros!! Acionei a minha câmera e tirei uma fotografia. O flash chamou a atenção do gerente que me pediu o favor de destruir o filme ao revelar, o que fiz mais tarde. Então, os passaportes brasileiros eram impressos no Exército de Salvação, pensei! Significativo, a nós que espiritualmente procuramos, em nome de Jesus e pelos Seus méritos, fornecer passaportes para as pessoas chegarem ao céu!
Interessante que com o manuseio meus passaportes posteriores, de capa maleável, já perderam o dourado, mas o de capa grossa lá fabricado e que eu carregava comigo na ocasião da visita continua brilhante. Outra boa lição! Por curiosidade, abri-o e lá, os carimbos de alguns dos países que visitei em 1973. E algo mais: a tradição de viajar na pindaíba... tendo levado somente $ 100.00 em traveller-checks e $ 100.00 em notas. Ainda bem que recebíamos um pocket-money semanal e que os colegas do curso fizeram uma "vaquinha" de presente de casamento!!
Visita ao antigo prédio da sede internacional do Exército de Salvação (seta), na Queen Victoria Street, a um quarteirão da Saint Paul's Cathedral.
Passeio obrigatório é visitar a Torre de Londres e a Ponte da Torre (The London Tower e a Tower Bridge). A câmara dos horrores mostra que de fato a guilhotina de tão popular não se enferrujava...
Visita até certo ponto "familiar" foi à Catedral de Cantuária (Canterbury), para mim que "nasci" na Igreja Episcopal Anglicana. Com meu uniforme na foto à esquerda, estou com o pároco e o bispo da Igreja, hoje Catedral, em Pelotas-RS, quando vivíamos na cidade de Rio Grande-RS. À direita, com o Arcebispo de Cantuária, legenda mais tarde na postagem.
Quando em visita à famosa Abadia de Westminster, vimos o trono onde, com excecão de dois somente, todos os reis da Inglaterra foram coroados, inclusive a Rainha Elizabeth, em 2 de junho de 1952. Eu tinha 10 anos e lembro-me vagamente de ver fotos na revista O Cruzeiro, inclusive do colar com pedras brasileiras que o presidente Getúlio Vargas ofereceu à nova soberana. A pedra sob o assento foi trazida da Escócia em 1296 pelo rei Edward I.
A segunda vez em que visitei Londres foi quando vivíamos em Portugal, desta vez com a Anneli para assistir a um grande congresso internacional do centenário do nome Exército de Salvação, em 1978. Foi realizado no complexo Wembley e a grande apoteóse do congresso foi no famoso estádio de futebol. Na foto a Anneli nem entre os representantes do Brasil nem da sua terra, a Finlândia... ainda.
Um grupo de salvacionistas brasileiros e ingleses, que trabalhavam no Brasil, posando diante das estátuas de William Booth e de Catherine Booth, à entrada do Colégio Internacional de Cadetes, em Denmark Hill. Ali cantamos o Hino do Fundador em português, "Perdão infinito, oceano de amor!" (O boundless salvation)
Um festival do congresso foi realizado no famoso Royal Albert Hall, palco das comemorações do centenário da obra, isso em julho de 1965, ocasião quando compareceu a rainha Elizabeth.
Nesse congresso de 1978 - não o evento da foto, também salvacionista, que publico somente para mostrar o interior do Royal Albert Hall - ouvimos concertos por quatro Staff Bands de diversos países.
Discos, adquiridos em um bazar recentemente, que guardo como recordação do centenário, em 1965, do começo da obra . Um coral de 1000 vozes cantou no Royal Albert Hall para louvar a Deus pelos 100 anos da obra que se espalhou pelo mundo. Dois bons colegas, Sidney e Adonias, representaram o Brasil, e ao voltarem eu queria saber detalhes do que acontecera.
O grupo ritmo Joy Strings, que revolucionou a música evangélica dando-lhe um ritmo moderno, apresentou-se diversas vezes no congresso de 1965; aqui, cantando nas escadarias da Catedral de São Paulo.
"Guarda o forte, em breve eu venho", diz o Salvador! Respondamos: "Venceremos só por Teu amor!"... um antigo hino inglês.
Com o líder da igreja que me hospedava, visitei o Castelo de Windsor que se havia incendiado naqueles dias. Uma chuva fraca e fria caía, também inexplicavelmente nas relações com ele... Depois de conversarmos, em inglês, ficou evidente que "não falávamos a mesma língua" em termos de entendimento.
No auditório onde era realizado o seminário há a coleção de bandeiras de cada turma, com seus respectivos nomes. Surpreendi-me ao ver a bandeira da turma do diretor do meu Colégio de Cadetes em São Paulo, Carl Eliasen, "Embaixadores"(1950-51) um tanto perto da bandeira da minha turma no Brasil, "Pregoeiros da Fé" (1964-65). Abaixo da bandeira do meu diretor, líder espiritual e amigo, que ali foi treinado embora não fosse inglês, uma coluna, exatamente o que ele tem sido todos esses anos. Sua saudosa esposa também estudou no tradicional colégio, onde se conheceram.
Em 1882, em caminho para a Austrália, fotografei o famoso transatlântico inglês Queen Mary, na época e ainda hoje um hotel de luxo ancorado no porto de Long Beach-CA.
Fotos de minha filha Martta - também oficial com seu esposo - ao visitar o lugar onde foi realizada a primeira reunião do The Salvation Army, em 3 de setembro de 1865.
De todos os generais -líderes mundias da obra- desde o seu início, 10 têm sido ingleses. Hoje o Exército de Salvação, sob o comando do General Shaw Clifton, opera em 117 países. Conheci os quatro últimos generais.
Atualizando: hoje - 2012 - trabalha em 124 países e a General, Linda Bond, é canadense.
Visita recente à Finlândia de uma consagrada banda de metais de Londres.
Com colegas que assistiram ao culto na Igreja Anglicana de São Paulo quando da visita, em 1999, do Arcebispo de Cantuária, Primaz da Igreja Anglicana, Dom George Carey. Ao lado do visitante, o inglês Coronel John Jones, chefe nacional na ocasião e que nos deu "carta branca" para virmos para a Finlândia, naquele mesmo ano, há 10 anos, portanto. E viemos pela British Airways...
A belíssima catedral anglicana em Pelotas-RS, onde fui batizado e frequentei com meus pais até os meus 18 anos, quando ingressei no Exército de Salvação.
O mais famoso cômico de todos os tempos, Charles Chaplin, era inglês e em criança teve contato com o Exército de Salvação em Londres. Na foto, com sua família que morava em Vevey, na Suíça, e que viajou até Londres para uma ocasião especial.
A inglesa Deborah Kerr fez o seu debut no cinema no papel de uma salvacionista no filme "Major Barbara", de Bernard Shaw. Vivian Leigh ("E o vento levou" e "A Ponte de Waterloo", ponte que atravessei para lembrar o filme) e Julie Andrews ("Noviça Rebelde") também nasceram na Inglaterra.
Straberry Field era um orfanato do Exército de Salvação. John Lennon tinha uma tia que morava ao lado do prédio que o cantor visitava inúmeras vezes quando criança e adolescente em Liverpool.
Gostou tanto que na vez seguinte em que lá esteve levou minha netinha que é vista na foto diante do novo prédio do Quartel Internacional do The Salvation Army.
Há uma música gospel que cantávamos no coral que dizia: "Sim, no campo de batalha ainda estou, sim, no campo de batalha do Senhor". E isso é bem realidade com relação à minha vida também, prova disso é que ainda no dia de hoje usei esse uniforme! Aleluia!
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1978 - Participação no Congresso Intl. dos 100 anos do nome The Salvation Army
1992 - Visita à sede inglesa da igreja americana Wesleyan Methodist Church
2003 - Participação no Seminário Transcultural em Denmark Hill
- Esta postagem, no entanto, tratará inclusive de outros lugares visitados na Inglaterra.
Considero que gostar da Inglaterra, terra do fish-and-chips, é como comer peixe: come-se a carne do peixe e deixa-se as espinhas de lado, isto é, aprecia-se a sua rica cultura e sua belíssima paisagem e deixa-se de lado as espinhas historicamente falando. E com respeito às atuais ameaças ao cristianismo, antes forte no país, creio que devemos acionar em nossas igrejas o dispositivo da intercessão, pois muitos cristãos temos de certo modo nossas raízes espirituais naquela nação, berço de importantes denominações fortes inclusive no Brasil.
Para mim pessoalmente é impossível desassociar o país do Exército de Salvação (The Salvation Army), onde ingressei no longínquo 1962. O leitor verá , então, muitas fotos e legendas de ambos, do país em si, que visitei por quatro vezes, e de nossa organização-igreja que foi fundada em Londres, em 1865, por William e Catherine Booth.
Esta postagem, portanto, às vezes séria, às vezes humorística, não é somente "pra inglês ver" ou somente para salvacionista ver, mas é para todos (for all, de onde se deriva a palavra "forró", sabia?)
E falar em forró, tomei em um hotel este chá-de-côco inglês, uma delícia que me fez guardar de lembrança o envelope!
E nada mais apropriado do que começar a escrever sobre a Inglaterra mencionando o chá (tea).
Ela é dona também do chá, é isso?
Os chás acima rolam em nossas xícaras e mugs aqui na Finlândia também. Gaúcho que sou - que não toma chimarrão... - tomo "chá da Índia", como o chamávamos no sul; e lembrando exatamente o RS, somente quando está muito frio ou então quando percebo que uma gripe está chegando. Minha esposa, por outro lado, não toma café mas chá, hábito formado desde que viveu na Inglaterra quando bem jovem.
Meu pai, que não escondia sua grande admiração pela Inglaterra, comprou um Austin A-40, made in England, e vivia elogiando a lataria européia, muito superior segundo ele à dos carros nacionais que começavam a ser fabricados. Parentes iam trocando seus carros europeus por modelos nacionais modernos, mas meu pai, conservador, continuava com o seu Austin. Até hoje me pergunto como cinco filhos cabiam no banco de trás do pequeno veículo? Um dia em Londres, de repente veio forte a lembrança da infância... A explicação é que bem ao meu lado no trânsito parado um Austin-taxi tinha o mesmo barulho do motor do nosso!
O pai de meu melhor amigo era um reverendo anglicano que tinha um Morris, também inglês e pequeno. Quando vivemos na ilha de Åland, província da Finlândia, no início dos anos 90, comprei outro modelo do Morris, que passamos a chamar de "boa índole", pois nunca nos deixou na mão no rigoroso inverno da ilha (só uma vez quando a temperatura caiu a 22 negativos, também pudera!). Foi o primeiro carro que tive. Quando ficou por demais velho e acabado, o troquei por um carro japonês, o segundo e último carro que tive até hoje. O velho carro tinha um pequeno problema que não chegava a causar risco na pacata ilha: a chave de ignição não saía do lugar e as portas não fechavam... Ainda que jamais alguém se atreveria a roubá-lo, coisa desconhecida por aqui, resolvi o problema com a criatividade brasileira e o toque de classe inglês: coloquei uma luva sobre a chave!
A admiracão de meu pai pela Inglaterra tinha também muito a ver com a vitória, juntamente com os seus aliados, contra a Alemanha nazista, assunto que ouvíamos de contínuo no final dos anos 40 e início dos anos 50, captando pouco por sermos crianças ainda. Costumo dizer que, tendo nascido em 1943, enquanto Hitler berrava seus discursos demoníacos e tantas crianças eram mortas ou tornavam-se órfãs de guerra, eu dormia tranquilamente no meu berço.
Em foto já publicada neste blog, a Catedral Anglicana de Saint Paul , que escapou, embora com severos prejuízos, do bombardeio de 1940 que destruiu parte do centro de Londres (City of London).
Cinco antes de eu visitar a terra dela, ela visitou a minha! Eu vivia na cidade de Campos-RJ e um dia meu chefe ligou-me para uma missão especial pelo fato de eu falar inglês: servir de cicerone a dois músicos da banda do iate Britânia, que eram salvacionistas. Desloquei-me rapidamente de Campos e logo estava no cais do Botafogo à espera dos dois para mostrar-lhes a Cidade Maravilhosa.
Aqui estou eu, magrela, no meio dos possantes David e Edward. Nossa tarde estendeu-se à casa de uma idosa missionária inglesa que morava em Niterói, mãe de minha boa amiga Ivete. Na minha última visita ao país, soube que David ainda é fiel músico em uma banda do Corpo que frequenta.
Não tive a oportunidade de conhecer a rainha, mas como era bonito ver ancorado no Batafogo, com suas luzes acesas à noite, o H.M.Yacht Britannia! Guardo este cartão com o brasão real em relevo enviado pelos salvacionistas no Natal seguinte. Em anos recentes, não deixei de lembrar-me daquele episódio ao ouvir que o iate foi vendido.
Primeira vez...
Não mais tão magro, mas mais cabeludo (!!) fui escolhido para participar do curso a que me refiro no início. Corria o ano de 1973, ano em que nos casamos. Anneli veio de Nova York trabalhar no Brasil e depois de três meses de sua chegada era a minha vez de viajar. O curso durou quase três meses e em menos de um mês de minha volta nos casamos. A foto mostra a turma da 70. sessão do ICO, com delegados de diversos países dos cinco continentes, culturas diferentes mas algo abençoado em comum: servíamos a Deus como oficiais do Exército de Salvação! Ao lado do General (sueco) Erik Wickberg, a australiana vice-diretora do ICO, Coronel Eva Burrows, que um dia tornou-se também General, isto é, a líder máxima do ES mundial (aposentada, foi a palestrante do congresso a que assisti na Noruega no último verão, matéria publicada também neste blog, tópico "De trem pela Europa - Oslo).
No tempo livre do curso, explorei Londres pela primeira vez. Aqui, antes da troca da guarda no Buckingham Palace. No bairro de Buckingham Gate, visitei o restaurante salvacionista onde trabalhou, anos antes, minha noivinha "lá no Brasil"! Em um dia de seus dias livres, viu a rainha Elizabeth desfilar em carruagem no dia em que comemorava com pompa o seu aniversário. Na Trafalgar Square eu escrevia para a noiva distante, mas não do coração.
De vez em quando tínhamos atividades out-doors no curso, e na foto canto em uma reunião ao ar livre na praia de Margate, enquanto a colega da Alemanha segura a letra para mim. Renate é a única colega do curso com quem ainda me correspondo de tempos em tempos.
Já naquele tempo o que conhecera criança me atraía. Assim fui ao Kensington Garden ver a estátua de Peter Pan, meu herói infantil, criação de Sir James Barrie. A estátua é obra de Sir George Frampton e foi erigida em 1912 (um ano mais tarde nasceria meu pai).
Em um de meus passeios, encontrei um tipo pub-museu de Sherlock Holmes, personagem do escritor Conan Doyle cujos livros eu pedia que me dessem de presente por ocasião de meus aniversários no início da adolescência.
A propósito de Sherlock Holmes, acima uma das fotos de Londres de que mais gosto!
Como parte do curso, visitamos o interior das Casas do Parlamento. A torre do Big-Ben, à beira do rio Tâmisa, é marca registrada da cidade como o Pão de Açúcar para o Rio de Janeiro.
Visitamos Coventry, a cidade de Lady Godiva (há uma estátua sua na praça central). Impressionante a catedral moderna ao lado da que ficou preservada em ruínas após a guerra. No altar destruído, uma cruz tosca e as palavras de Jesus: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Abaixo, Hampton Court Palace, um dos palácios de Henrique VIII que visitei com a colega May Tribe, que fora missionária no Brasil.
Em Nottingham, no centro de país, visitamos a casa onde nasceu o fundador William Booth, hoje um museu que tem ao lado um prédio moderno que abriga muitas obras assistenciais. O slogan salvacionista é lembrado e largamente praticado também na sua terra natal: "Sopa, sabão e salvação". O grupo cercou a estátua do Fundador, diante da casa, e tirou a tradicional foto que infelizmente só tenho em slide.
Em Saint Albans, ruínas do teatro do tempo dos romanos.
Há alguns anos o Exército de Salvação vendeu sua impressora The Campfield Press, que visitamos e onde fizemos uma reunião para os funcionários.Ao visitar a impressora, de repente vi uma pilha de passaportes... brasileiros!! Acionei a minha câmera e tirei uma fotografia. O flash chamou a atenção do gerente que me pediu o favor de destruir o filme ao revelar, o que fiz mais tarde. Então, os passaportes brasileiros eram impressos no Exército de Salvação, pensei! Significativo, a nós que espiritualmente procuramos, em nome de Jesus e pelos Seus méritos, fornecer passaportes para as pessoas chegarem ao céu!
Interessante que com o manuseio meus passaportes posteriores, de capa maleável, já perderam o dourado, mas o de capa grossa lá fabricado e que eu carregava comigo na ocasião da visita continua brilhante. Outra boa lição! Por curiosidade, abri-o e lá, os carimbos de alguns dos países que visitei em 1973. E algo mais: a tradição de viajar na pindaíba... tendo levado somente $ 100.00 em traveller-checks e $ 100.00 em notas. Ainda bem que recebíamos um pocket-money semanal e que os colegas do curso fizeram uma "vaquinha" de presente de casamento!!
Visita ao antigo prédio da sede internacional do Exército de Salvação (seta), na Queen Victoria Street, a um quarteirão da Saint Paul's Cathedral.
Passeio obrigatório é visitar a Torre de Londres e a Ponte da Torre (The London Tower e a Tower Bridge). A câmara dos horrores mostra que de fato a guilhotina de tão popular não se enferrujava...
Visita até certo ponto "familiar" foi à Catedral de Cantuária (Canterbury), para mim que "nasci" na Igreja Episcopal Anglicana. Com meu uniforme na foto à esquerda, estou com o pároco e o bispo da Igreja, hoje Catedral, em Pelotas-RS, quando vivíamos na cidade de Rio Grande-RS. À direita, com o Arcebispo de Cantuária, legenda mais tarde na postagem.
Quando em visita à famosa Abadia de Westminster, vimos o trono onde, com excecão de dois somente, todos os reis da Inglaterra foram coroados, inclusive a Rainha Elizabeth, em 2 de junho de 1952. Eu tinha 10 anos e lembro-me vagamente de ver fotos na revista O Cruzeiro, inclusive do colar com pedras brasileiras que o presidente Getúlio Vargas ofereceu à nova soberana. A pedra sob o assento foi trazida da Escócia em 1296 pelo rei Edward I.
A segunda vez em que visitei Londres foi quando vivíamos em Portugal, desta vez com a Anneli para assistir a um grande congresso internacional do centenário do nome Exército de Salvação, em 1978. Foi realizado no complexo Wembley e a grande apoteóse do congresso foi no famoso estádio de futebol. Na foto a Anneli nem entre os representantes do Brasil nem da sua terra, a Finlândia... ainda.
Um grupo de salvacionistas brasileiros e ingleses, que trabalhavam no Brasil, posando diante das estátuas de William Booth e de Catherine Booth, à entrada do Colégio Internacional de Cadetes, em Denmark Hill. Ali cantamos o Hino do Fundador em português, "Perdão infinito, oceano de amor!" (O boundless salvation)
Um festival do congresso foi realizado no famoso Royal Albert Hall, palco das comemorações do centenário da obra, isso em julho de 1965, ocasião quando compareceu a rainha Elizabeth.
Nesse congresso de 1978 - não o evento da foto, também salvacionista, que publico somente para mostrar o interior do Royal Albert Hall - ouvimos concertos por quatro Staff Bands de diversos países.
Discos, adquiridos em um bazar recentemente, que guardo como recordação do centenário, em 1965, do começo da obra . Um coral de 1000 vozes cantou no Royal Albert Hall para louvar a Deus pelos 100 anos da obra que se espalhou pelo mundo. Dois bons colegas, Sidney e Adonias, representaram o Brasil, e ao voltarem eu queria saber detalhes do que acontecera.
O grupo ritmo Joy Strings, que revolucionou a música evangélica dando-lhe um ritmo moderno, apresentou-se diversas vezes no congresso de 1965; aqui, cantando nas escadarias da Catedral de São Paulo.
Na terceira vez em que visitei Londres, em 1993, não o fiz como oficial. Vivíamos na ilha de Åland, entre a Suécia e a Finlândia, província de língua sueca, onde aprendemos o idioma, toda a família. Recebendo um convite para visitar a sede internacional de uma igreja americana visando sua implantação na Rússia, fui hospedado por ela. Certo dia, encontrei em uma livraria um colega oficial americano com quem havia ido a Israel em excursão e ao México por ocasião do terremoto. Quando lhe contei que não estávamos mais no Exército de Salvacão, disse que começaria a orar por nós a partir daquele momento... Respondi-lhe que agradecia, mas que talvez fosse tarde demais... mas não foi.
"Guarda o forte, em breve eu venho", diz o Salvador! Respondamos: "Venceremos só por Teu amor!"... um antigo hino inglês.
Com o líder da igreja que me hospedava, visitei o Castelo de Windsor que se havia incendiado naqueles dias. Uma chuva fraca e fria caía, também inexplicavelmente nas relações com ele... Depois de conversarmos, em inglês, ficou evidente que "não falávamos a mesma língua" em termos de entendimento.
Restava-me preencher os poucos dias que me restavam em Londres revendo lugares por onde andei na primeira vez. Depois tomaria o avião de volta para a ilha. Decidi entrar na Abadia de Westminster, lembrando-me de que lá estava enterrado o corpo de David Livingstone, sendo que o seu coração estava enterrado na África, onde trabalhou para Deus. Meu corpo estava também ali, mas onde estaria o meu coração, pensei um tanto triste... Sentado, admirando a bela capela, de repente ao olhar para cima dei com o busto de William Booth, o fundador do Exército de Salvação, que eu esquecera que ali estava entre outros de homens de Deus! O irmão de fato começara a orar por mim, pois ali mesmo fui tocado. Voltei para a ilha e um tempo depois para o Brasil, onde iniciamos um centro de pregação no centro da cidade de Pelotas. Então, depois de 9 meses na minha terra natal, voltamos para o oficialato do Exército de Salvação no Brasil. Eu reencontrara o meu destino.
Na quarta vez em que visitei Londres, no ano de 2003, foi para assistir a um seminário transcultural, sendo que era o secretário nacional do trabalho multicultural na Finlândia. Considerei um privilégio muito grande o ser hospedado no Colégio Internacional de Cadetes, William Booth Memorial. Conhecia só a fachada do prédio, onde cantamos o hino do fundador, mas agora ocupava um quarto como milhares de cadetes haviam ocupado ao longo de quase 100 anos. Muitos deles continuaram na Grã-Bretanha, outros foram para além-mar, muitos oficiais ingleses que ali foram treinados foram servir a Deus no Brasil!
No auditório onde era realizado o seminário há a coleção de bandeiras de cada turma, com seus respectivos nomes. Surpreendi-me ao ver a bandeira da turma do diretor do meu Colégio de Cadetes em São Paulo, Carl Eliasen, "Embaixadores"(1950-51) um tanto perto da bandeira da minha turma no Brasil, "Pregoeiros da Fé" (1964-65). Abaixo da bandeira do meu diretor, líder espiritual e amigo, que ali foi treinado embora não fosse inglês, uma coluna, exatamente o que ele tem sido todos esses anos. Sua saudosa esposa também estudou no tradicional colégio, onde se conheceram.
Esta antiga foto é da ala masculina de uma das sessões de treinamento do colégio. Publico-a porque entre os cadetes estão o colega Ernst Hofer, hoje aposentado na Suíça, meu concunhado Samuel Eliasen, "promovido à glória", termo que usamos para quem parte para estar com o Senhor, John Larsson, o compositor dos famosos musicais salvacionistas, John Jones, colega do Brasil que chegou a se tornar nosso Chefe Nacional, e John Fisk, o homem que Deus usou para vender um jornal em um bar da cidade de Pelotas-RS a um jovem sem ideal... eu.
John e Catherine (Mason) Fisk com sua família em foto do ano de 1977. Sabendo-nos em Miami, John pagou nossa passagem para visitá-los nas ilhas Bahamas naquele mesmo ano.
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Para finalizar esta extensa postagem, que prova que também tenho raízes espirituais fortes na Inglaterra, publico fotos avulsas com seu devido significado dentro deste contexto.
Em 1882, em caminho para a Austrália, fotografei o famoso transatlântico inglês Queen Mary, na época e ainda hoje um hotel de luxo ancorado no porto de Long Beach-CA.
Quando em 1997 morreu tragicamente a Princesa Diana, abalando o mundo, eu era redator do nosso jornal em São Paulo. Fui ao arquivo fotográfico e fiz a montagem de fotos da princesa em visita a obras assistenciais do Exército de Salvação no mundo, inclusive conversando com nossos líderes quando em visita ao Brasil.
Em uma de nossas lojas de segunda-mão, encontrei uma lata de biscoitos comemorativa aos 100 anos da Rainha Elizabeth, chamada de "Rainha-Mãe", que muito encorajou o povo inglês durante os dias difíceis da Segunda Guerra Mundial.
Fotos de minha filha Martta - também oficial com seu esposo - ao visitar o lugar onde foi realizada a primeira reunião do The Salvation Army, em 3 de setembro de 1865.
Sepultura dos fundadores, um lugar muito visitado sem ser adorado.
De todos os generais -líderes mundias da obra- desde o seu início, 10 têm sido ingleses. Hoje o Exército de Salvação, sob o comando do General Shaw Clifton, opera em 117 países. Conheci os quatro últimos generais.
Atualizando: hoje - 2012 - trabalha em 124 países e a General, Linda Bond, é canadense.
Visita recente à Finlândia de uma consagrada banda de metais de Londres.
Com colegas que assistiram ao culto na Igreja Anglicana de São Paulo quando da visita, em 1999, do Arcebispo de Cantuária, Primaz da Igreja Anglicana, Dom George Carey. Ao lado do visitante, o inglês Coronel John Jones, chefe nacional na ocasião e que nos deu "carta branca" para virmos para a Finlândia, naquele mesmo ano, há 10 anos, portanto. E viemos pela British Airways...
A belíssima catedral anglicana em Pelotas-RS, onde fui batizado e frequentei com meus pais até os meus 18 anos, quando ingressei no Exército de Salvação.
O mais famoso cômico de todos os tempos, Charles Chaplin, era inglês e em criança teve contato com o Exército de Salvação em Londres. Na foto, com sua família que morava em Vevey, na Suíça, e que viajou até Londres para uma ocasião especial.
A inglesa Deborah Kerr fez o seu debut no cinema no papel de uma salvacionista no filme "Major Barbara", de Bernard Shaw. Vivian Leigh ("E o vento levou" e "A Ponte de Waterloo", ponte que atravessei para lembrar o filme) e Julie Andrews ("Noviça Rebelde") também nasceram na Inglaterra.
Straberry Field era um orfanato do Exército de Salvação. John Lennon tinha uma tia que morava ao lado do prédio que o cantor visitava inúmeras vezes quando criança e adolescente em Liverpool.
Souvenirs simples de um país famoso que enfeitam minha estante.
A primeira vez em que a filha Martta visitou Londres para fazer um curso, no tempo livre pelo jeito gostou da visita ao Museu de Cera Madame Tusseau, que também visitei em 1973.
Gostou tanto que na vez seguinte em que lá esteve levou minha netinha que é vista na foto diante do novo prédio do Quartel Internacional do The Salvation Army.
A filha Deborah, também oficial juntamente com o seu esposo - e agora nomeada para dirigir o Templet, de língua sueca, que Anneli e eu dirigimos por 6 anos -, posa com nosso netinho tendo ao fundo a Torre de Londres.
Há uma música gospel que cantávamos no coral que dizia: "Sim, no campo de batalha ainda estou, sim, no campo de batalha do Senhor". E isso é bem realidade com relação à minha vida também, prova disso é que ainda no dia de hoje usei esse uniforme! Aleluia!
Para não nos esquecermos de que foram os ingleses quem inventaram o futebol, preferência nacional dos brasileiros!
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L i n k s
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Obrigado pela visita e pela paciência em ler o longo texto acima!