E assim os caminhos do Senhor, dois anos e meio antes de aposentar-me, trouxeram-me para a belíssima cidade de Hämeenlinna, há dois meses e meio.
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(Esta postagem sobre a nossa nova cidade terá continuidade de acordo com a estação do ano, bem definidas nesta parte do mundo e cada uma com a sua beleza.)
A bandeira da Finlândia, diferindo dos outros países escandinavos somente na cor.
Onde se situa Hämeenlinna (em sueco, Tavastehus), a 105km da capital Helsinki.
Situada em um lugar privilegiado, a cidade tem 66 mil habitantes e foi fundada em 1639.
Linna em finlandês significa castelo. Marca característica da cidade é o medieval Castelo de Häme, que também lhe dá o nome.
Os brasões da cidade em cimento.
Conforme se pode ver no mapa, a linha verde...
... divide a cidade pela principal rodovia que corta o país de sul ao norte.
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As janelas do nosso apartamento, situado em um bairro não longe da rodovia.
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O tronco da mais típica árvore finlandesa, bétula (koivu em finlandês e björk em sueco), que pode ser vista diante do nosso apartamento. Enquanto usava o meu laptop, foi olhar através da janela e ver o topo da bela árvore, ocasião para uma foto.
Bem poucos dias depois, olhando novamente pela janela, surpreendi-me ao ver que as folhas já estavam crescendo e a cada dia mais.
Como a primavera tem tanto dias ensolarados quanto chuvosos, decidi na primeira oportunidade que o sol brilhasse sair a fotografar a cidade. O grande caminhão à frente do nosso apartamento, mostra que floricultura é um negócio sério - e rentável - para os europeus.
E saindo de casa, fotografei as tulipas no nosso prédio.
Não tão profusamente quanto na Holanda...
... tulipas de todas as cores também são comuns por aqui.
Sol e flores, pedidas da primavera após o longo e frio inverno que congela o chão.
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UM CONVITE:
VAMOS, ENTÃO, CONHECER A CIDADE?
Saindo da nossa vizinhança, sempre a pé - por não termos veículo pessoal ou mesmo do nosso trabalho - atravessemos o viaduto em direção ao centro da cidade.
Em 10min. entramos no Calçadão que nos saúda com canteiros de amores-perfeitos, que para mim parecem gatinhos de mau-humor. Em finlandês orvokki, é a minha flor preferida.
Escolhi sair bem cedo pela manhã para fotografar a nossa nova cidade, e explorar lugares ainda desconhecidos, no caso de chover ou mesmo para evitar fotografar pessoas, o que não pega bem por aqui. Acima, o shopping-center do Calçadão.
A mini praça da alimentação que dá saudade das brasileiras e de sua farta e variada comida, o que não é o caso por aqui.
Lojas a maioria ainda fechadas.
Bem planejado, sai a tirar minhas primeiras fotos antes de o verão chegar, quando a cidade se torna literalmente uma floresta, cheia de árvores frondosas sem possibilidade de se enxergar muitos prédios, o que mais gosto de fotografar.
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Impacientes pelo sol que aparece durante os fugidios meses de primavera e verão, os donos de restaurantes colocam suas cadeiras e mesas do lado de fora a partir do dia 1 de maio, feriado muito importante e celebrado.
Este restaurante ao ar livre no Calçadão por certo merece uma foto!
Os cobertores servem para os fregueses se cobrirem, pois a temperatura ainda está nos 10-15 graus centígrados, com os ventos da primavera dando a impressão de muito menos.
O agasalhado rumeno com seu acordeón toca uma música tropical, quem sabe para "chamar" o calor:
"Tico-tico no fubá"!! Por ser música brasileira e por tocar o instrumento que meu pai tocava tão bem, fiz cair uma moeda na sua caixinha. (Atrás, a palavra Sokos que não significa um clube de box, mas uma rede de lojas e hotéis de luxo...)
O teatro da cidade desde já anuncia para o outono a peça "O Violinista no Telhado", com o violinista finlandês que a meu ver não convence no papel, pois ninguém substitui o ator judeu Topol, do filme.
Saindo do Calçadão, palavra brasileira, pois em finlandês é
Kävelykatu (rua de caminhar).
Toda a cidade finlandesa tem um
tori ou lugar do mercado ao ar livre
, um extenso local vazio onde em cada estação do ano, exceto no inverno, acontecem todo o tipo de atividade, bancas de venda de antiguidades, flores, pães, doces, frutos do mar, sorvete e tudo o que se possa imaginar, dependendo da época. Muitos
torit no inverno viram rinques de patinação.
No
tori, um tipo de praça sem árvores, quando o tempo aquece um palco para shows é armado e principalmente no verão acontecem concertos de música clássica, popular, folclórica ou grupos de rock.
Sorvete é
"jäätelö" (algo como "iételê", as letras com trema pronunciadas perto dos lábios). A palavra soa estranhíssima, mas quando os lábios tocam o sorvete, é um dos mais deliciosos do mundo! Embora bancas ao ar livre só apareçam na primavera e fechem no início do outono, consome-se sorvete o ano inteiro, mesmo em pleno rigoroso inverno, o que me faz lembrar o RS onde sorvete no inverno nem se encontra à venda, ou pelo menos não se encontrava. Obtive de meu neto mais velho a informacão, através de um livro escolar, de que a Finlândia, depois dos Estados Unidos, é o país que mais consome sorvete no mundo.
Mas o forte do momento é o comércio de flores....
... para serem plantadas em jardins ou colocar nas sacadas e varandas de casas e apartamentos.
Flores de todas as espécies e cores enfeitam também as ruas. Pelo aquecimento interno, muitas plantas que crescem no Brasil são encontradas por aqui, dentro das casas, durante o ano inteiro.
Em um canto do
tori, geralmente do tamanho de um quarteirão, fica a igreja da religião oficial da nação, a Luterana.
Perto da igreja, um café. O finlandês bebe mais café do que o brasileiro. Achegado ao café, para todos os momentos, não o é à religião, infelizmente, permanecendo grande fatia da população somente no rol dos nominais ou não-praticantes.
Mas a igreja tem igualmente muitos membros fiéis e consagrados, gente de todas as idades que, a propósito do chafariz à sua entrada, nela busca a água da vida que Jesus oferece aos sedentos.
Bem típico finlandês - e russo - este prédio pertence ao exército militar, bem forte na região.
Imponente, fica em frente ao
tori, geralmente um lugar de honra no coração da cidade.
O leão que ainda vou descobrir a razão de estar no emblema da cidade.
De belo estilo, um café-confeitaria aconchegante e bem conhecido.
Gosto deste prédio antigo dos bombeiros...
... e posso imaginar no passado, ao toque de alarme, carros a cavalo ou mais tarde antigos automóveis saindo apressadamente desses portões, como nos tempos do cinema mudo.
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Atrás da rodoviária, vejam só: curso de capoeira que já ouvi é dirigido por brasileiros (fechado naquela hora...)!
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Do centro, é uma curta distância para se chegar a um dos lagos da cidade, Vanajavesi.
Ancorados permanentemente, dois barcos-restaurantes.
Dá para imaginar que no verão ficarão cheios.
Um deles mostra em suas mesas a criatividade finlandesa em madeira.
Uma das centenas ou milhares de lanchas que povoam alguns lagos e mares do país.
Uma lancha da polícia?? Posso imaginar que seja bem ocupada quando a marina está cheia de barcos e lanchas, orientando o tráfego do lago ou então vigiando nautas altos pelo consumo de cerveja, que ao lado do café é a bebida mais popular, infelizmente. Uma das diferencas entre o finlandês e o brasileiro é que o finlandês acha que a alegria só acontece através do álcool enquanto que o brasileiro se alegra mais facilmente.
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Ao fundo o castelo, e um cais no momento quase vazio.
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Toda a volta do lindo lago é um tipo Parque do Ibirapuera onde muitas pessoas passeiam ou fazem cooper. Clubes com piscinas aquecidas são acessíveis à toda a populacão.
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Aproximando-me pela primeira vez do castelo, dei conta de sua beleza, passeio obrigatório para o verão com a minha fru/frau!
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Bem perto dali, voltando ao centro da cidade, passo pelo prédio da biblioteca àquela hora já com o seu estacionamento de bicicletas repleto. O finlandês é um dos povos que lê mais, havendo uma estatística elevada de quantos livros per-capita são lidos anualmente.
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Não sei definir estilos arquitetônicos...
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...mas por certo neste país se encontram os mais diversos.
Um outro de tijolo-à-vista, com as comuns águas-furtadas geralmente nos telhados pretos, do que gosto muito.
Embora haja casas modernas - a arquitetura finlandesa é famosa no mundo - certamente ficam em outros bairros mais afastados do centro, ainda a ser explorado. no verão.
Olhem este casarão!
Um estranho monumento à Guerra de Inverno, contra a Rússia, em conexão com a Segunda Guerra Mundial..
Um homem jovem de cabelo e barba longos levando seu filhinho para a créche e acompanhado de seu cachorro pela coleira... nada de surpreender para quem vive neste país há 10 anos! Homens por aqui participam nas pequenas ou grandes tarefas do dia-dia, o que é justo sendo que a grande maioria das mulheres, mesmo mães, trabalham.
Jean Sibelius (1865-1957) é o compositor finlandês por excelência, nascido em Hämeenlinna e filho que orgulha a cidade.
Bem perto da séde do Exército de Salvação, no centro, fica a casa onde nasceu Sibelius.
Como o castelo, passeio obrigatório para o verão.
Abaixo na postagem, links de YouTubes da música mais conhecida, no mundo inteiro, de Jean Sibelius, Finlândia. Nas próximas postagens outras de seu belíssimo repertório serão acrescentadas.
Casas de madeira muito antigas e tombadas, portanto bem-conservadas, pode-se ver em toda a parte.
Talhados na madeira, os detalhes são de causar admiracão por sua beleza!
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As fotos abaixo mostram o Exército de Salvação de Hämeenlinna, que nós dirigimos. É igualmente um prédio de madeira muito antigo e conservado, situado quase no centro da cidade. Foi fundado em 1890 e é considerado histórico pelo fato de ter sido o primeiro lugar além da capital Helsinki para onde o Pelastusarmeija (Pelastus=Salvação e Armeija= Exército ou Armada, j pronuncia-se como i) - em língua finlandesa se expandiu. Em 1889, a obra na Finlândia foi iniciada em sueco, a segunda língua do país, portanto o Pelastusarmeija/Frälsningsarmén completa 120 anos este ano.
Uma igreja que ama Israel.
A escada para a galeria.
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Quem passeou comigo pela cidade certamente está cansado... Vamos, então, a uma pausa?
(Brincadeira!!) Ao folhear o jornal, chamou-me a atenção uma palavra parecida com o meu nome. Nada a ver comigo, mas com certeza a tantos finlandeses cheios da grana que optam por ter um barco ou um trailer para viajar pela Europa no verão. Inventei até uma rima:
"Uns, trocando seus trailers por mais novos no verão...
... outros, na fila para receber mantimentos no Exército de Salvação!!"
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Jornais locais com certa frequência nos visitam para noticiar sobre o trabalho social que fazemos, paralelamente ao trabalho espiritual (cultos e outras atividades). Cerca de 50 famílias vêm a cada quinta-feira buscar em nossa séde uma pesada sacola contendo invariavelmente leite, pão e queijo, e às vezes iogurte ou outro produto. Salvacionistas locais e outros voluntários buscam e distribuem fielmente aos chamados pobres, muitas vezes por consequência do álcool que afeta não só o alcoolista mas também a sua família. Durante o Natal o número dos que batém à nossa porta aumenta consideravelmente. Nas fotos abaixo, o voluntário Markus, por muitos anos o respónsável por esta atividade social da obra juntamente com outros voluntários. Fotografei-o pelo fato de ter sido esta a ultima vez em que participou, por motivo de mudança para outra cidade. Que Deus continue a abençoá-lo!
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L i n k s:
Música Finlândia, do compositor Jean Sibelius, escrita em 1899.
(Para finalizar o passeio, ouça-a completa durante os 7 minutos, para quem sabe você captar o pulsar do espírito do país, que foi dominado pela Suécia e Rússia e que alcançou a sua tão almejada independência em 1917)
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Parte da música Finlândia, orquestra e paisagens:
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Finlândia, por coral masculino (para você ouvir o idioma finlandês).
.http://www.youtube.com/watch?v=yJWNLIQhYH0&feature=related
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Quer saber mais acerca da Finlândia?
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"O país nórdico onde vivemos"
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http://paulofranke.blogspot.com/2008/04/finlndia-o-pas-nrdico-onde-vivemos_19.html
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K i i t o s! = O b r i g a d o! = Tack!