Paulo Franke

29 setembro, 2011

Carmem Silva, minha cantora Gospel preferida.

Sua conversão em canção:

http://www.youtube.com/watch?v=KTb2Y6owTck





Não é a primeira vez em que ela aparece no meu blog.


Inesquecível foi a vez em que a conheci pessoalmente!


Inumeráveis as vezes em que sou abençoado ao escutá-la!


Sua vez, leitor, de ouvir tais bênçãos, na voz de Carmem Silva!




Ela nasceu Carmem Sebastiana de Jesus, mas a fama a tornou conhecida como Carmem Silva. Da pequena Veríssimo (MG), onde nasceu, Carmem mudou-se para a cidade grande com o intuito de “tentar a sorte”, como ela mesma disse.


Desde pequena, gostava de cantarolar os sucessos da época e, sempre que podia, freqüentava os programas de calouros. Num desses programas, sua voz encantou o apresentador, que foi peça fundamental para o início de sua carreira: Silvio Santos.


A cantora estourou em 1969, com o hit ‘Adeus, solidão!’ e se tornou um fenômeno de vendas. Mas as luzes, o sucesso, o dinheiro e o reconhecimento nacional, e até internacional, não a faziam feliz, como as pessoas pensavam. Com problemas emocionais e familiares, envolvida com religiões, sem achar o caminho para a felicidade, Carmem não via saída para sua vida tão atribulada, até que uma viagem para os Estados Unidos mudou a sua história.


Aproveitando a passagem por aquele país, Carmen decidiu visitar a filha, Karla, que mora nos EUA. Vendo a aflição da mãe, Karla a convidou para assistir a um culto na igreja que freqüentava. Naquele dia, Carmem aceitou a Cristo e iniciou uma nova vida.


Sua carreira gospel começou em 2001, quando foi convidada pelo Missionário R.R. Soares para fazer parte do cast da gravadora Graça Music. O primeiro CD vendeu mais de 100 mil cópias, garantindo à cantora Disco de Ouro pelo trabalho. Em 2004, Carmem gravou seu segundo álbum, com músicas de sua autoria e em parceria com uma grande amiga, a irmã Meirecler. Em 2008, Carmen Silva voltou a gravar um CD com músicas inéditas, matando as saudades daqueles que admiram seu talento e ministério.




Em "Minhas canções" na voz de Carmen Silva, cujas músicas são de autoria do Missionário, a cantora mostra todo seu potencial vocal e bela interpretação nas 12 faixas que compõem o disco. Destaque para Deus "Vai cuidar de mim" e "Contrato fechado", música de trabalho do CD.



Transcrito do link:

http://www.gracamusic.com.br/portal/artistas/70-site-carmem-silva.html




A conversão de Carmem em sua canção é de uma honestidade e beleza imperdíveis!



_________________




"Então Eu A vi, Nos Açores, A Cores"


- não deixe de ler o relato, na postagem deste blog, do encontro inusitado que tive com Carmem em um shopping-center em São Miguel, na Ilha dos Açores:



Ao fim da postagem, link para o youTube onde poderá ouvir a brasileiríssima Carmem Silva!

____________________________



Adquira os seus CDs, com canções que falam diretamente ao coração e, não só, na voz belíssima de Carmem, que apontam a solução para os seus problemas e ansiedades. Inspiração sem medida!

19 setembro, 2011

Segunda parte: Paisagens Privilegiadas X Dramas Infantis

Continuação

Nem tudo eram flores...



"Eram 03h00 da madrugada naquela segunda-feira quando ouvimos a batida forte na nossa porta. No orfanato, grande e pequenos dormíamos profundamente, descansando das atividades do domingo de Páscoa, dia longo, alegre e abençoado que se iniciara com uma alvorada festiva ao nascer do sol quando todos nós fizemos como que uma serenata de cima da colina à cidade que ainda dormia. O 'amigo importuno' não vinha pedir pão, conforme a parábola, mas sim que acolhêssemos duas meninas filhas de um homem que, na noite anterior, assassinara a golpes de facão sua esposa e dois cunhados, ferindo gravemente sua sogra. A chacina - caso inédito na cidade - abalara a todos. Poucos dias antes, eram recebidas no orfanato duas outras meninas, um dia após o falecimento de sua mãe alcoolista." (parte de uma reportagem que fiz a uma revista)




Nossa experiência, portanto, nada tinha a ver com um "faz-de-conta-de-que-éramos-fazendeiros". Mesmo sentindo que não éramos aptos para administrar o lugar, pois nunca nos enquadramos de fato na obra social do ES, tínhamos de arregaçar as mangas e atuar. E quando as crianças nos incomodavam ou, naturalmente, nos enervavam, bastava olhar as pastas com seus históricos deprimentes ao lado de sua fotografia 3x4 para voltar o amor por elas e nossa oração pelo futuro de cada uma.



Recebemos muito apoio de meu saudoso sogro, na foto com minha esposa, que nos visitava com certa frequência desde São Paulo. Aquele lugar era também familiar para ele, conforme o que conto ao fim desta postagem.



.Em outra ocasião, trouxe para visitar-nos, no seu Fusquinha, sua filha mais velha, à direita, que vivia em Nova York, e sua sobrinha que vivia na Finlândia. A última via deslumbrada, pela primeira vez na vida, um pé de limoeiro e árvores de manga e de abacate, carregadas das frutas que em seu país são pequenas e importadas (nas árvores do orfanato parecendo gigantes se comparadas).


Uma cerca danificada pelos anos e falha em vários pontos fez com que fosse urgente o orfanato ser cercado convenientemente. O saudoso Jaulino Humberto, um mineiro que começara sua carreira salvacionista em Jacutinga, e que agora era o chefe de propriedades no quartel nacional em São Paulo, empenhou-se nesse projeto e em poucos meses uma boa cerca estava em volta da grande propriedade do orfanato, como se vê na foto.




De outra feita, visitou-nos um amigo português, que logo foi vestindo o ponche gaúcho. Com ele tive bons momentos de oração, o que fortaleceu ainda mais minha vida espiritual.



Vem cantar, cauboizinho, vem cantar/ Lá no vale, na montanha a cavalgar,/O rebanho a recolher, pois já vai anoitecer;/Vem cantar, cauboizinho, vem cantar! /Nada tens o que temer, pois DEUS vai-te proteger, / Ao teu lado sempre está, pra ouvir-te e abençoar. /Vem cantar, cauboizinho, vem cantar,/ Conta a todos que Jesus pode salvar;/ Vai a nova transmitir, pois a lua vai surgir,/ Vem cantar cauboizinho, vem cantar!

E o nosso cauboizinho enfrentava o desafio de, nos dois anos anteriores ter estudado em inglês, agora, por dois anos em português, e na próxima etapa de vida ter de estudar, durante quatro anos... em sueco. Mas, hábil, domou esse "boi bravo" que de fato lhe serviu de boa bagagem cultural para o seu futuro!



Certo dia, vi um carro estacionar e fui cumprimentar as pessoas. Para surpresa minha, vinha visitar o orfanato um amigo que não via há muitos anos, a ponto quase de não reconhecê-lo. Sua mãe dirigira o orfanato no final dos anos 50. Ele e sua esposa gaúcha vivem na Flórida, mas rever os lugares de sua infância demonstrava claramente ser uma experiência preciosa para ele.



Aqui, juntos diante da fachada do orfanato, enquanto ao fundo as meninas brincavam.



A visita se estendeu a este lugar próximo que lhe era também familiar. Nesta bela cachoeira muitas vezes trazíamos as meninas para nadar. Certa vez, sentado e vigiando-as, vi um menino desconhecido boiando de forma estranha na outra margem, lugar de mais profundidade. Alguns casais bebiam e riam, despreocupados, perto de mim. Com um grito, chamei-lhes a atencão: "De quem é aquela criança?". O pai atirou-se na água e recolheu seu filho, fez respiração boca-a-boca e levou-o com vida ao hospital. Como não sei nadar, sempre me lembro desse meu socorro "no grito" como também de outra ocasião quando, em Guarujá, salvei duas pessoas que se afogavam ao meu lado, pelo simples fato que considero milagroso de meu pé ter alcançado uma pequena elevação segura.



Minhas experiências atípicas em Jacutinga incluíram batizar nas águas da cachoeira meu concunhado, seu filho e sua sobrinha que os visitava da Austrália. E nunca me esqueco do que aconteceu exato naqueles momentos: animais vieram olhar-nos de um barranco, como que entendendo o que acontecia. A cena da manjedoura foi lembrada.




Foi a única vez em que batizei. Entrei na água com o meu "certificado de batismo", uma T-shirt que comprara com os dizeres "Eu fui batizado no rio Jordão", por ocasião de minha primeira viagem a Israel. O líder da excursão, William Francis, batizou três dos participantes, sendo eu um deles.




E assim vivemos na bela Jacutinga de 1987 a 1989. O lugar da foto, ao lado de nossa casa de madeira, tornou-se histórico, pois precisamente nele, enquanto regava o gramado, ouvi a voz do Senhor falar ao meu coração uma palavra que também falara à minha esposa: Finlândia. Consideramos, surpresos ambos, um chamado para trabalharmos na terra onde nascera a Anneli. Lutamos para que o chamado fosse concretizado, mas a liderança nacional opôs-se veementemente, fazendo-nos com que deixássemos as fileiras do Exército de Salvação para cumpri-lo. Deus nos abria, por outro lado, portas as mais incríveis e imperdíveis. Veja no link abaixo, o nosso "próximo passo".

________________________


FOTOS * DO * PASSADO



Meu sogro e sua família, missionários da Finlândia, chegaram ao Brasil em 1953 e tiveram como primeira nomeação ser auxiliares no Lar Américode Oliveira Prado, em Jacutinga-MG, onde passaram quase um ano. Muitos anos depois, passando dois anos no lugar, nós sentimos o chamado para a Finlândia, exatamente o reverso da história (no Brasil nasceram-lhes ainda duas meninas).



De 1954 a 1957 trabalharam no orfanato de Jacutinga, uma parte junto com uma missionária sueca, os pais de Sidney Barros Campos, o oficial que foi meu primeiro pastor no Exército de Salvação. Na postagem "Como, quando e por que ingressei no Exército de Salvação" (ver Índice de todos os meus tópicos) conto a respeito dos passos que Deus me fez dar e, em questão de poucos meses, ingressar nesta organização à qual pertenço há 40 anos.



Naquele tempo o orfanato possuía uma banda constituída pelos filhos dos oficiais e crianças internas.



Sidney, que veio a falecer com apenas 38 anos, contava-me sobre suas aventuras na sua sempre lembrada Jacutinga. Muitos hinos aprendi com ele, os quais aprendera na Assembléia de Deus local. Tocava violão muito bem e com ele também aprendi a tocar, nunca chegando aos seus pés nesse sentido. Nestas últimas férias no Brasil foi emocionante visitar sua família (ver recente postagem Férias no Brasil - Montanhas).



De 1957 a 1960, a alemã Hedwig Heinzle Silva dirigiu o orfanato. No mesmo estado de Minas Gerais, anos antes, enquanto distribuía literatura salvacionista em bares e restaurantes em Belo Horizonte, recebeu de um senhor a doação de uma grande propriedade que o Exército de Salvação transformou em um orfanato, que ela dirigiu e que existe até hoje. Então viúva, com quatro filhos - e muitos órfãos - dirigiu sozinha a entidade congênere em Jacutinga.



Na foto, junto aos internos, o amigo que veio da Flórida rever o orfanato, um tanto emocionado (é o terceiro menino em pé, da direita para a esquerda)

_____________________


Conclusão

Pessoas da cidade ajudaram na época a manter o orfanato, familiares do doador, a FEBEM de Minas Gerais, o Projeto Irmãozinho da Prefeitura local, muitas malharias que duas vezes por ano começaram a doar malhar para vendermos nos bazares do ES em São Paulo etc. Um bom impulso financeiro, no entanto, veio-nos através dos apadrinhamentos do ES do exterior, liderados pela Sra. Deuel, uma missionária americana à frente do departamento no Quartel Nacional, que nos livrou de muitos apertos financeiros.

Agradeço a Deus pelo tempo, distante agora, em que passamos naquele lugar. No último dia, com nossa bagagem sobre um caminhão, pronta para eu viajar antes do amanhecer do dia seguinte, não pude conciliar o sono. Uma incerteza quanto ao passo que daria dominou-me, estranhamente. Indo sozinho com o motorista e seu ajudante para o Rio de Janeiro, onde seríamos hospedados por uma igreja amiga antes de viajarmos à Finlândia, pedi a Deus urgente "um sinal de que meus caminhos eram de fato os dEle para mim". No meio da viagem, de repente vimos um acidente de carro e um jovem ensanguentado com as mãos levantadas para que parássemos e o ajudássemos. Seus amigos jaziam mortos ao lado do carro destroçado. Fazendo uma manobra arriscadíssima - que poderia ter causado outro acidente - falei ao motorista que voltasse e entregasse o rapaz, que chorava na cabine do caminhão ao nosso lado, ao posto rodoviário que ficara para trás. Assim o fizemos, avisamos do acidente e retomamos o nosso caminho. Sim, eu continuaria salvando pessoas, pensei... e esse foi o sinal que eu pedira a Deus.

_________________


FOTOS * DO * PRESENTE



Exatamente como meu amigo da Flórida, meu filho - que chamei de "cauboizinho"- em 2009 foi rever Jacutinga e o local em que se situara o orfanato, que encerrara, por motivos que me são desconhecidos, as suas atividades.



Acompanhou-o sua esposa, cuja mãe oficial também dirigira o orfanato alguns anos depois de nós.



Os ciprestes que eu amarrara haviam-se desprendido, mas continuavam lá.



Agora calçado com paralelepípedos, o lugar parece ser ocupado por departamentos da Prefeitura local. Mas podemos ainda pela foto reconhecer a casa e os lugares onde eram a cozinha, a despensa, os quartos dos internos...



Os fundamentos da casa dos administradores ainda estão lá, e posso "ver a sala, os quartos dos filhos e o nosso, a cozinha, os banheiros..." Tudo passa, as recordações e as montanhas permanecem.



Nosso filho ao lado do que restou de nossa casa... (emoção minha...). Não posso garantir, mas o banco cuja pontinha aparece na ponta esquerda dá a impressão de que ainda está pintado por mim, que não só adquiri dois bancos de cimento mas pintei neles versículos bíblicos. Deus seja louvado pelo trabalho que, ao longo das décadas, foi realizado para Ele por tantos oficiais salvacionistas em prol da infância carente naquele belo lugar!


ååååååååååååååååååå


L i n k s

Quer saber a continuação desta postagem ou o nosso "próximo passo"? Leia:




Em anos recentes, lembrei-me de Jacutinga ao visitar aqui na Finlândia um pitoresco "Museu do Campo":

Primeira parte: de Nova York ao sul de Minas Gerais

Mudança mais drástica não poderia ter acontecido. Mas, como outras naqueles anos da década de 80, aconteceu.



E eu, que me considero um homem-do-asfalto, um gaúcho que gosta de cidade grande, fui transferido com minha família dos EUA para o sul de Minas Gerais, precisamente para a cidade de Jacutinga, estância hidromineral e cidade das malhas, a 80km de Campinas. Foi como que trocar a visão de arranha-céus a perderem-se de vista para as montanhas da Serra da Mantiqueira, igualmente a perderem-se de vista.



Ali, sobre uma colina, o Exército de Salvação mantinha um orfanato há muitas décadas. Chegando um tanto fora-de-lugar, a primeira observação foi das lindas montanhas, um cenário para onde se olhasse perfeito, ao longe... à nossa volta, tudo feio e malcuidado, quase caótico, um contraste gritante que acionou em mim algo do tipo "Operação limpeza e embelezamento, JÁ!"



Uma das primeiras fotos tiradas por familiares que nos visitaram. Meu macacão mostra que eu estava aceitando o desafio, igualmente terapêutico. Anneli não precisava de grandes sentimentos: logo começou a trabalhar de forma prática, estivesse gostando ou não, pois não havia funcionários no orfanato. À tardinha naquele dia quando chegamos, as meninas internas vieram espiar nossa casa não só curiosas com os novos diretores e filhos, mas também com uma pergunta: "O que vamos comer na janta?"



Em todo o caso, tínhamos uma bela casa préfabricada para morar, a primeira e última vez em que vivemos em uma casa de madeira!



E assim iniciei, com um batalhãozinho de meninas, a "operação limpeza e embelezamento já"! Enquanto Anneli limpava quartos, cozinha e a despensa quase vazia (mas não de ratos) com algumas, eu, com outras, munido de enxadas, limpávamos o mato. E muita tinta e pincel... Tudo não aconteceu de repente, mas gradualmente o aspecto do orfanato foi sendo transformado. No portão da frente uma inscrição agora dava boas-vindas à comunidade.



Como havia energia suficiente mas não finanças para pintar o prédio, deu-se um jeito de embelezá-lo, como aconteceu com a pintura de floreiras nas diversas janelas e imitação de vitrais em outras...



Uma carrocinha em um lugar estratégico na frente do prédio, um poço com flores feito de uma tubulação de esgoto, tocos de madeira que servissem de bancos, tudo foi-se modificando para melhor, graças a muito trabalho braçal...



Cidade de cafezais, recebíamos às vezes doações em sacas como também leite, diariamente, que eu ia buscar na velha Kombi (que mais tarde foi trocada por uma seminova). Os balanços quebrados, a maioria, agora estavam consertados e a comunidade podia ver algo que há muito não via: as meninas divertindo-se, ruidosas, lá no alto da colina.



E as minhas meninas? Aos poucos foram adaptando-se e não tardou muito a notícia daquela família vinda dos EUA foi-se espalhando. Muitos jovens, principalmente rapazinhos, vieram visitar o orfanato e aprender a jogar beisebol com as filhas do diretor. Diante de nossa casa o espaço era suficiente para isso, e nos finais de semana rolavam jogos, também de vôlei, que incluiam sempre as meninas internas maiores.



Não demorou muito, principalmente pelos novos amigos, nossas filhas foram-se alegrando e gostando da experiência de morar em um "sítio", em uma cidade pequena. Mudando do inglês para o português, retomaram seus estudos em escolas estaduais. Aulas de piano, exigência da mãe. Ao fundo na foto, a Igreja Presbiteriana, onde pertencia a família Prado, que cedera a propriedade por tempo indeterminado para o Exército de Salvação.



Nosso filho não demorou a demonstrar muita satisfação com a mudança... vivia como que no paraíso para um menino, andando de pônei, subindo em árvores, descobrindo esconderijos, que às vezes me lembrava o Pedrinho do Sítio do Picapau Amarelo, dos contos de Monteiro Lobato, no meio das "Narizinhos", "Emílias" etc.



Era imperativo olhar para algo bonito de qualquer janela; assim até barrancos receberam o seu toque: uma porteira velha pintada com a palavra Maranata, uma roda de carroça, um carrinho de mão furado agora com flores...



A enorme caixa de madeira, que viera com a nossa bagagem desde os EUA, foi transformada em uma casa de bonecas com possibilidade de as meninas brincarem dentro. Mais uma extensão com algumas tábuas, uma escadinha e o terraço estava pronto. E a casinha, que servia também para encobrir os diversos banheiros ao fundo do grande vão, foi inaugurada na Páscoa.



A vista da janela de nossa casa, de uma cadeia de montanhas, era uma inspiração para o meu espírito artístico, contemplação que igualmente me servia muitas vezes de alavanca - e como eu precisava! - baseada no "Elevo os olhos para os montes, de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra" (Salmo 121:1-2).



Nossa sala, onde nos reunimos em bons momentos familiares depois de dias tomados de atividades as mais diversas.



O congelador branco à entrada da sala precisou de uma cobertura de madeira para combinar com o restante, acrescida de "fatias de madeira", dando a impressão de um estoque de lenha. Virei carpinteiro também, além de jardineiro, faxineiro, pintor, administrador e muitos etceteras... E aos poucos a necessidade - de A a Z - do orfanato foi sendo modificada para melhor, graças a Deus e aos colaboradores, que mencionarei na próxima postagem.



O céu, à noite o mais estrelado e claro que já contempláramos, dava-nos constantes espetáculos...



... também o belíssimo por-do-sol que se via olhando para a porteira dos fundos.



E o que falar das tempestades tropicais seguidas de arco-íris imperdíveis? Era impossível ser alheio às belezas do sul de Minas, daí ter sempre acionada a minha câmera fotográfica.



Sim, foi uma experiência única na minha vida, difícil mas válida... E a atividade extenuante merecia constantes momentos de descanso para o "dono do sítio"...



Não só as crianças tinham momentos de diversão... a diretora às vezes também!



Estudantes do Instituto Peniel, localizado na cidade e que preparava missionários para enviar ao índios, vinham fielmente fazer a escola dominical às crianças, uma ajuda inestimável.



O desafio espiritual sempre se mostrava grande. Fazíamos cultos no refeitório a cada dia depois do jantar, onde cantávamos e líamos a Bíblia. Anneli ensinava que as meninas deveriam orar pelo futuro, o que se tornou uma constante. "Senhor, abençoa o meu futuro!" era ouvido em cada culto. Onde estarão neste momento, já adultas, e o que lhes reservou o futuro, são perguntas que às vezes me vêm. O que plantamos espiritualmente naqueles corações infantis por certo frutificou, o que nunca saberemos nesta vida, mas porque a palavra de Deus nunca volta vazia fica a esperança.

Continua.

___________________________________


Próxima postagem:

Segunda parte - Lindas Paisagens x Dramas Infantis