Hoje eles novamente fazem parte da vida da gente, quando vamos à capital Helsinki, aqui na Finlândia. São verdinhos e amarelos, aquecidos no inverno, uma frota bem moderna, outra mais antiga mas em excelente estado, e as pessoas os utilizam no seu ir-e-vir diário. No verão também os turistas, que os utilizam para sightseeing.
Hoje em dia, os "bondes modernos" são elétricos. Já foram puxados por animais, mas faz tempo que eles se engancham à rede elétrica através de uns chifres que saem do teto.
Curioso, mas "coisa daqui"... o SpåraKOFF (abaixo) em Helsinki é o único pub tram (bonde-bar) do mundo que oferece, desde 1995, durante o verão, a possibilidade de, ao mesmo tempo, encher os olhos ao ver as belezas da cidade e "encher a cara" de bebida alcoólica (infelizmente!).
Já vi bondes serem transformados em barzinhos, em parques infantis ou simplesmente em lugares de descanso, como o abaixo, em uma praia do Rio de Janeiro.
O bondinho de Santa Tereza, no Rio, assustou-me quando nele andei, o que conto mais adiante...
foto Wikipedia
Deu-me um "branco" se andei ou não no famoso bonde de São Francisco-CA... mas como "não deixei meu coracão em São Francisco", é coisa sem importância. A turnê à Ilha ex-prisão de Alcatraz, ao fundo, sim, mereceu uma postagem no meu blog (ver último link).
M a s...
ao preparar esta postagem quero mencionar principalmente "os bondes de antigamente", dos quais me lembro muito bem.
E você?
É Fernando Maia de Marsillac quem conta, em maio de 2002: "Apesar de toda a veneração que temos pelos trens, confesso que no fundo sinto mais saudade é dos bondes. O bonde era mais próximo, mais íntimo. O trem andava no campo em velocidade alta, o bonde andava na cidade, em velocidade baixa, de modo que do trem você via paisagens à distância, enquanto que do bonde você via quem estava na calçada, dava até para cumprimentar algum conhecido (extraído de um dos links abaixo).
Em Pelotas-RS, minha terra natal, o tráfego de bondes teve início em 20 de outubro de 1915, quando meu pai tinha 2 anos e minha mãe 1 ano. Posso imaginar meus avós tomando-os para chegarem ao centro da cidade, depois meus pais, jovens e então adultos fazendo o mesmo. (Fotos do Projeto Pelotas Memória no Facebook)
Este, puxado a cavalos, certamente é do tempo dos meus bisavós.
(Projeto Pelotas Memória no Facebook)
Foram úteis aos meus conterrâneos durante 40 anos, quando, em 1955, foram desativados. Ôpa, quando eu tinha 12 anos! Mas não me recordo, pelo menos dos que passavam diante de nossa casa, de terem chegado ao estado lastimável do da foto. Certamente que me lembro de, como guri, andar de bonde, que passava entre as árvores da Avenida Bento Goncalves, onde morávamos.
Lembro-me do motorneiro, dos bancos de madeira lustrosos e, incrível, até do cheiro do bonde!
Tenho um amigo que conta que, enquanto sua mãe se preparava para ir ao centro da cidade, pedia que ele "escutasse no poste" se o bonde estava chegando! Achei o máximo o que me contou o Sergio - colega do primário e do serviço militar - que colocava seu ouvido no poste de ferro e, pelo som, podia saber se o trem estava perto ou não! Posso imaginá-lo, então, gritando: "Mãe, o bonde está chegando!"
E falar em postes, quando fui pela primeira vez ao Rio de Janeiro, em janeiro de 1962, andei no bondinho de Santa Tereza. Lembro-me de que era aberto dos lados e os homens davam lugar para as mulheres nos bancos, ficando pendurados do lado de fora. E o cobrador estranhamente gritava a todo o momento: "à direita!" ou "à esquerda!"... Felizmente, mesmo desacostumado, atinei bem rápido que ele avisava que havia um poste à direita, depois outro à esquerda, momento quando todos os homens pendurados do lado de fora empurravam-se ao máximo para dentro do bonde. Uuff... será que ainda é assim hoje em dia, uma vez que parece que o bondinho ainda trafega por lá?
No início do ano de 1964 mudei-me para São Paulo e "ainda peguei o bonde andando", mas por pouco tempo. Minha memória me leva ao tempo quando circulava pela então estreita Avenida Paulista e também descendo a Liberdade, o que uma colega confirmou. Naturalmente, a foto de LIFE não é daquele tempo, onde homem usando chapéu já era coisa do "tempo do êpa", gíria da época.
Ah! os bondes de antigamente!
Tenho-os aqui na Finlândia, e de vez em quando os utilizo em algumas capitais européias, mas nenhum se compara aos nostálgicos bondes da infância e adolescência no Brasil, em memórias que nos chegam
"do tamanho de um bonde"!
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L i n k s
A historia dos bondes em São Paulo (a quem quiser "andar um longo trecho" - sem pagar! - na história dos bondes)
Aos 27 de março de 1968 na estação de bondes da Vila Mariana, o bonde camarão número 1543 recebe todas as atenções: era anunciada a "Cerimônia do Adeus". À tardinha é conduzido até a parada Instituto Biológico, onde já havia intensa movimentação de pessoas vindas de todos os cantos da cidade. A linha Biológico - Santo Amaro (antiga Praça da Sé - Santo Amaro) era a última linha de bondes em operação na cidade de São Paulo.
http://www.wernervana.com/Hbd3.html
E já que mencionei a visita à Ilha de Alcatraz...
http://paulofranke.blogspot.fi/2009/09/ilha-de-alcatraz-ilha-do-diabo.html
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