Paulo Franke

25 fevereiro, 2015

"Bota a calça e calça a bota!" - CoturnoS e ExperiênciaS...


"O português é uma língua muito difícil. Tanto que calça é uma coisa que se bota, e bota é uma coisa que se calça." (Barão de Itararé)


Quem já não riu desta "filosofia de botequim", como um cronista a chamou?

Pensando no filme "Da Infância à Juventude", com cinco indicações e que só levou um Oscar, ele me transportou ao tempo da primeira calça comprida, substituindo as calças curtas com suspensórios que usávamos na infância do fim dos anos 40 e início dos anos 50 em terras gaúchas.  No verão, era a roupa do dia-a-dia, no inverno a indumentária infantil masculina era acrescida de meias até o joelho, que nos fazia parecer meninos ingleses, que sentiam frio só nos joelhos.



Os homens usavam o seu pijama novo até na calçada, talvez símbolo de status, como mostra esta foto diante de nossa casa, em que apareço, agachado, com um tio, irmãos e primos (os guris com calças curtas, suspensórios e... pés descalços).


Por outro lado, não entendo o meu pai, jovem e bonitão, usando bota de cano alto na praia do Laranjal, na Laguna dos Patos. Agora entendi, pelo comentário de minha irmã: a nossa praia era cercada de florestas, portanto havia cobras das quais os banhistas precisavam proteger-se.


No último dia do serviço militar que prestei no ano de 1962, no Nono Regimento de Infantaria de Pelotas-RS (foto atual), precisamos fazer fila para entregar nossas fardas. Pelo menos para mim, embora nas fotos sorrindo, pairava um ar de tristeza, principalmente porque sabíamos que alguns dos colegas soldados nunca mais veríamos, o que de fato aconteceu; também porque dois anos depois mudei-me para São Paulo para cursar o Colégio de Cadetes/seminário do Exército de Salvação (1962 foi o ano de ingressar em dois exércitos, o militar e o de salvação). 




Eu, à direita e abaixo, em uma pausa para relaxar na marcha de 25km, exibindo os certificados militares e entregando nossas fardas e coturnos


Dando um zoom na foto, um dos soldados levantando um coturno e eu com um soldado, sentado de camisa branca, que fez o grupo escolar comigo e depois o servico militar... hoje amigo no Facebook.

Felizmente podíamos comprar no quartel algo que nos servisse de recordação... um par de coturnos!  Nunca mais os usei, acostumado a  tê-lo calçado durante quase um ano, diariamente. Mas entre os poucos pertences que levei para o seminário do Exército de Salvação em São Paulo, lá estavam os pesados coturnos.
(Leia no link abaixo uma experiência do serviço militar que narro no livro que escrevi)

Muitos anos se passaram e chegou o dia quando, casado com uma finlandesa, viemos morar neste lindo - e frio - país. E tive de aprender os "sistemas" daqui, isto é, tirar os sapatos no verão e as botas no inverno ao adentrar a casa, a própria ou a de outra pessoa. A explicação é que não é de "bom tom" trazer poeira ou neve para sujar os tapetes com os quais casas finlandesas são praticamente cobertas. E outra instrução... no inverno, retirar a luva da mão direita ao cumprimentar uma pessoa.


Quando comecei a postar no meu blog minhas muitas viagens, meu concunhado e amigo Daniel me mandou a "Bota do Ditinho", devidamente guardada no meu armário de souvenirs. De fato, agradeço a Deus porque, mesmo sem gostar de caminhar, muito menos de correr - meu filho, um maratonista, certamente não teve influência de seu pai quanto a caminhar ou correr - surpreeendentemente,  
quando viajo caminho muito.... e gosto e geralmente não me canso! Caminhar e olhar novos e belos cenários, que maravilha!


Um dos lugares que visitei e que exigiu dar muitas caminhadas foi à bela
Ilha da Madeira tantas que nunca me esqueci.


Mais ágil do que eu, minha filha que me acompanhou ouviu mais do que uma vez: "Espera, que o pai precisa descansar um pouco antes de continuar!"



Em Amsterdam chamou-me a atenção algo que dificilmente se vê na Europa:
uma sapataria! Se tivesse sido na Dinamarca, associaria imediatamente ao sapateiro Hans Christian Andersen, herói do país!

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Dando um fecho na "bota", narro uma experiência da qual nunca me esqueço. Desde o início no Exército de Salvação fomos introduzidos a uma atividade, parte do currículo semanal, que era a de bater de porta em porta nas proximidados do Corpo que visitávamos. Fizemos como cadetes, mas confesso que no meu longo ministério fui "insubordinado" e não a pratiquei, pensando: "fiz no tempo de cadetes e não mais! Bota dureza nisso!".
Então, em 1993, depois de passarmos alguns anos na Finlândia, senti o direcionamento de Deus de voltar à minha cidade natal. Em Pelotas passamos exatamente 9 meses. Alugamos uma casa no centro, na Rua General Osório, e ali desenvolvemos um trabalho evangelístico que a princípio atraiu muitas pessoas.
Sem saber exatamente o que Deus queria de nós para o futuro, minha esposa e eu  arregaçamos as mangas, calçamos sapatos confortáveis, e - imagine! - elaboramos um programa de visitação... de porta em porta. 
Cumprimos a dura tarefa fielmente, rua por rua da zona urbana, oferecendo, após apresentarmo-nos, orações pela família que nos atendia. Surpreendia-me com o fato de que era uma minoria que recusava a nossa entrada. E não raro nos conduziam a um quarto onde uma pessoa querida estava acamada, na maioria dos casos com grave enfermidade ou então já demente. Orávamos e saíamos, abençoando a família.
Isso aconteceu durante aqueles longos meses, quando lá vivemos pela fé, sem sustento financeiro, mas simplesmente confiando que o Senhor no sustentaria, o que de fato aconteceu. Um dia, senti que o meu ministério-em-terra-natal chegava ao fim.
Lembro-me do dia em que sublinhei em vermelho a última rua visitada, o que fazia a cada fim de dia, fizesse chuva ou sol, calor ou frio (e como faz frio em Pelotas, e como o vento Minuano sopra e "entra nos ossos"!). Quando sublinhei a última rua percebi que o mapa da cidade, nas ruas que visitamos, desenhou exatamente... uma BOTA (na foto que tirei sobre o mapa do Google, de cabeça para baixo, como dizemos nós os gaúchos).
De fato, a bota, sem que o soubéssemos enquanto visitávamos, simbolizava trabalho árduo, sim, compromisso, sim, amor pelas almas, sim (que Deus colocava no nosso coração), mas também "missão cumprida" naquela querida cidade, torrão natal.



E durante meu longo ministério no Brasil e ultimamente na Finlândia, graças a Deus, posso testemunhar, conforme Deuteronômio 29:5, palavras de Moisés ao povo:

E quarenta anos vos fiz andar pelo deserto; não se
envelheceram sobre vós as vossas vestes, e nem se 
envelheceu o vosso sapato no vosso pé.

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L i n k s:




Meditação escrita pela Anneli no mesmo livro:



23 fevereiro, 2015

1965-2015 - 50 anos de "A Noviça Rebelde" /The Sound of Music

Um dos grandes momentos da entrega do Oscar deste ano foi quando Julie Andrews pisa o palco e é apludida de pé por toda a seleta audiência.
E falar em "pisar", as duas fotos abaixo são oportunas.
 

 
 
Diante dos 50 anos de "A Noviça Rebelde " (The Sound of Music), convido o leitor a ver ou rever minha visita às locações do filme em Salzburgo, certamente uma postagem de honra no meu blog:
 
 
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22 fevereiro, 2015

OSCAR: "Da Infância à Juventude" de um MeninO ... e de uma MeninA...

                                                 O Oscar para o filme do meninO ? E o Oscar doado para o museu da meninA

"Da Infância à Juventude" (Boyhood)

Hoje é noite do OSCAR! Nos últimos anos tenho assistido a esta noite de gala, ainda que na Finlândia se estenda da  madrugada até a manhã. Agora, aposentado, é mais fácil, pois no outro dia não tenho hora para acordar
.
No tempo de infância e juventude (até os 18 anos) posso dizer que eu era um cinéfilo-mirim, pois era um grande passatempo daquela fase de minha vida.

Mas gosto de assistir a algumas partes da entrega do Prêmio da Academia de Cinema - principalmente a que mostra os artistas que morreram no ano anterior (a maioria "do meu tempo"...) - e este ano não será exceção. 
Exceção que considero é que, como pouco vou ao cinema atualmente, quase nunca assisto aos filmes candidatos ao Oscar, mas este ano assisti ao "Boyhood" com minha filha e genro no início desta semana.

Curioso a como se chamaria "Boyhood", que praticamente é intraduzível para o português, o Google me informou:
 "Da Infância à Juventude".

Certamente é a vez do meu leitor ficar curioso pensando que, sem saber qual o  vencedor, estou fazendo a postagem de um filme que é somente forte candidato... A resposta é que o tema do filme faz o meu gênero saudosista, que muitos conhecem, seja o vencedor ou não, o que faz muito sentido para mim e, como já mencionei, é o ÚNICO FILME CANDIDATO AO OSCAR DESTE ANO  A QUE ASSISTI.















Meus filhos não podem queixar-se de que não documentei a vida deles em fotos, pois vivia com a câmera a tiracolo fotografando-os nas diferentes cidades onde vivemos. Não chego a comparar-me ao meu saudoso pai, que como cinegrafista amador filmava diversas fases de nossa infância (foto abaixo, eu atrás).



Meu filho, nas fotos a cores acima, tem fotos de cada aniversário, desde o primeiro até seus 19 anos na foto. Então, quando viemos para a Finlândia em 1999 - sendo os pais que "saíram de casa" e não os filhos, o que é mais normal - não mais o fotografei e senti esse fato.

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Gostei da sinopse do filme que encontrei no Google e, com agradecimentos antecipados ao autor, transcrevo-a aqui: 

Crítica de Boyhood - Da Infância à Juventude por VITOR BRUNO A.

   5 - Excelente

BOYHOOD “Uma obra prima” Conta a história de um garoto e sua família, e a evolução da sua infância até a vida adulta. Se fosse só isso seria apenas mais um filme comum, mais o impressionante é que o filme levou 12 anos para ficar pronto, ou seja, os atores envelhecem de verdade. É realmente fantástico ver os atores envelhecendo cena a cena e assistir a vida de uma família comum com problemas diversos como qualquer outra, ao longo de 12 anos. A história é voltada mais para vida de Mason (Ellar Coltrane) que tinha 6 anos no início do filme e 18 anos no fim. Vemos ele passar por todas as fases da vida, e por todos os problemas que ela nos proporciona, quando criança, pré-adolescência, adolescência e juventude. 

Mostra os primeiros valores que aprendemos com a vida. Com certeza em alguma ocasião do filme você irá sorrir e lembrar de algum fato que aconteceu com vocêIrá se identificar com alguns diálogos, modo de pensar, maneira de agir, lembrar da sua vida, de uma viagem em família, um passeio inesquecível, festas, primeiro namoro, primeiro porre...etc. Atuações muito boas do elenco. Ethan Hawke (Sr.Mason) como o pai de Mason foi autêntico, Patricia Arquette (Olivia) como mãe de Manson foi ótima, e Lorelei Linklater (Samantha) sua irmã, não conseguiu acompanhar o mesmo desempenho de quando criança. A atuação de Ellar Coltrane (Mason) foi incrível, pelo simples fato de pegarem uma criança de 6 anos para atuar no filme, sem saber como atuaria depois de mais velho, e ele só foi melhorando cena a cena, demonstrando ser um excelente ator. Foi uma idéia genial fazer um filme assim, e gostoso assisti-lo. Diria que o andamento do longa foi impecável, não muito corrido e nem devagar, na medida certa, por mais que tenha sido longo, com 2h 45 minutos, você nem percebe a hora passar. As imagens mostram exatamente cada época em que está se passando. Uma bela trilha e de muito bom gosto para cada cena, só de começar com ColdPlay, já sabia que vinha coisa boa pela frente. Sem dúvida eu nunca tinha visto nada do tipo, não só o fato de ter durado 12 anos impressiona, mais todo o conteúdo fantástico, e irá ficar como uma raridade eterna do cinema.

(Também eu tomei um porre na pré-adolescência, acreditem ou não! A mãe de nossa empregada havia falecido e a tristeza dela foi motivo suficiente para que um amigo e eu enchêssemos a cara em nossa casa, enquanto meus pais estavam ausentes. Outros poucos aconteceram, infelizmente, mas, ingressando no Exército de Salvação, disse um adeus definitivo ao álcool.)


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E falando em Oscar, quando fui à Disneylândia, na Califórnia, em 1982, vi uma das tantas estatuetas que Walt Disney ganhou da Academia de Cinema, não necessariamente estas em que ele aparece com Shirley Temple e o Oscar e os "7 Oscarzinhos" que ganhou pelo filme "Branca de Neve e os 7 Anões.

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E o Oscar da menina?

Qual menina?



Passando certa vez por Frankfurt-am Main, em viagem para o Brasil, procurei a casa onde ela havia nascido, e a achei. Aí ela nasceu, por assim dizer, em berco esplêndido, rodeada de amor. Rodeada de temor, anos mais tarde, ela foi esconder-se com sua família na casa da foto abaixo, que visitei duas vezes.



Diante do Anexo Secreto, em Amsterdam, onde a menina ANNE FRANK passou sua pré-adolescência escondida e escreveu o seu famoso diário, que certamente teria recebido um Prêmio Nobel de Literatura. Nele ela registrou os acontecimentos à volta e as mudanças ocorridas na sua própria vida de menina.



O Oscar exposto no Museu Anne Frank, o segundo que vi.



E no poster a história. Na primavera de 1958, Otto Frank, pai de Anne, o único da família  que sobreviveu ao Holocausto, visitou o set do filme "O Diário de Anne Frank" em Hollywood. Na sua autobiografia, a atriz judia Shelley Winters (Sra.Van Daan, à direita na foto abaixo) mencionou a promessa que fez ao pai de Anne na ocasião: "Mr. Frank, se eu ganhar o Oscar pelo meu desempenho no filme, eu doarei a estatueta ao Museu Anne Frank em Amsterdam." E ganhou, e doou - grande e honrosa atitude!



Millie Perkins foi escolhida entre centenas de jovens para interpretar Anne Frank no filme noir da década de 50, que considero o melhor filme sobre a famosa menina judia que morreu no campo de concentração de Bergen Belsen com sua irmã. Anne nasceu e morreu na Alemanha. (veja o link abaixo, de minha visita a esse campo na Alemanha e veja a sepultura simbólica das duas).

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Se "Da Infância à Juventude" (Boyhood) irá ganhar algum prêmio hoje à noite, não sei, mas sei que foram momentos felizes os meus - enquanto vejo a neve cair daqui do meu cantinho da Internet na nossa sala - oportunidade que uso para agradecer aos caros leitores a atenção a mais esta postagem do meu blog.

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L i n k s

Segunda visita ao Museu Anne Frank, em Amsterdam:
Visita ao Campo de Concentração Bergen-Belsen, onde morreu Anne Frank:
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21 fevereiro, 2015

É forte...é a realidade, afinal! (ALERTA)

http://awebic.com/cultura/como-os-filhos-enxergam-os-pais-que-bebem-demais-campanha-antialcoolismo-mais-forte-que-eu-ja-vi/

19 fevereiro, 2015

Niagara e Iguaçu, a lição das águas

Diante do inverno rigoroso que enfrenta a costa leste dos Estado Unidos e Canadá, a CNN noticiou o feito fantástico de um homem, chamado Will Gadd, ao escalar a catarata de Niágara praticamente congelada.



Sua aventura me relembrou a postagem "Niágara e Iguaçu, a lição das águas, e a trago de volta para que meus leitores a releiam ou o façam pela primeira vez. Quem sabe, entre esses leitores, alguns até que nestas férias visitaram ou uma ou outra catarata.







Assisti certa vez a uma palestra de um missionário entre os índios. Esqueci-me de muitas coisas que falou, mas nunca do seguinte: "Somos criticados e até perseguidos por levarmos a Palavra de Deus aos indígenas, acusando-nos de querermos introduzir os males da civilização a eles." E deu-nos exemplos dos benefícios de entre eles proclamarem o Cristianismo, uma forma de libertarem os índios das crenças que tanto os aprisionam. Um desses exemplos: os índios consideram que os espíritos dos mortos rondam as cachoeiras, portanto são lugares temidos e proibidos. Uma vez libertos desses temores por conhecerem a Verdade, crianças e adultos banham-se e deliciam-se nas quedas de águas, comuns nos rios que permeiam as selvas.

Essa palestra ouvi na cidade de Jacutinga, sul de Minas Gerais, onde no Instituto Peniel obreiros são preparados para levarem o Evangelho às tribos. Nessa mesma cidade, no final da década de 80, dirigimos um Lar de Crianças e recordo-me de que um dos divertimentos que as crianças mais apreciavam era quando as levávamos à linda cachoeira de um rio para se divertirem. Talvez por esse motivo gravei o que disse o missionário.

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Fiquei feliz quando, acompanhando meu cunhado em uma missão evangelística no Canadá no início da década de 80, contou-nos que passaríamos bem perto da famosa catarata de Niagara.

Até então eu a conhecia apenas através do filme "Niagara, torrentes de paixões", da década de 50, mas agora crescia a curiosidade de vê-la com os meus próprios olhos. Infelizmente, era inverno e não a contemplamos como mostra o postal abaixo...




Uma visão apocalíptica? A encenação do "purgatório"? O que lhe sugerem as fotos?


Em um sentido, foi assim que vimos Niagara. Os que a visitam contam que atualmente as capas de proteção que todos os visitantes precisam usar são de todas as cores. Na época em que lá estivemos recebíamos uma capa preta e longa que contrastava com a brancura das águas.



Foi estranho ver nossa famíla "fantasiada" dessa forma. E vestidos assim adentramos os túneis diversos que nos levaram a paisagens impressionantes. Na foto abaixo, meu filho, "um pinguinho de gente", contemplando os gigantescos "pingos" da catarata.



Apesar da sombria aparência dos turistas, a beleza descortina-se aos olhos, e o barulho ensurdecedor da queda das águas pode apavorar a princípio para logo fascinar profundamente.~

As águas têm inspirado poetas, escritores e pregadores. O simples murmúrio do riacho ou as torrentes de águas são temas conhecidos de todos nós.

A "religião" de muitas pessoas consiste - além de outros estranhos rituais - do oferecimento de dádivas a deuses do mar, rios e cachoeiras. Suas esperanças, entretanto, como suas dádivas, ou afundam-se ou distanciam-se mais e mais. E pensar que tantas pessoas se apoiam em tão falsas bases de fé...

Familiarizados com as palavras de Jesus - o Senhor da terra, mar e céus - a verdadeira lição das águas é uma fonte inesgotável de poder espiritual. Um dos símbolos do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, é a água. A água dessedenta, purifica, fertiliza, gera energia - assim o Espírito Santo em sua ação sobre as pessoas. Outros símbolos do Espírito são o orvalho, que cai sobre os ramos, a chuva, que prepara a terra para a colheita, e o rio, que irriga a terra, correndo sempre para o mar.



Quantas pessoas estão desesperadas no mar revolto da vida! A essas, recomendo a leitura de Mateus 8:24, trecho de Jesus atendendo ao clamor dos discípulos no barco quando a tempestade repentina irrompeu no Mar da Galiléia. E não acontecem nas nossas vidas tempestades repentinas também? Ele não estava ou está indiferente, alheio às nossas lutas, mas a um pedido de ajuda cheio de fé Jesus se levanta em meio ao mar e o acalma.

Nossa família com a saudosa tia Marja e suas filhinhas diante de Niagara.
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Antes de considerarmos a lição das águas extraídas de Iguaçu, uma lição a mais de Niagara. Quantas pessoas querem ser cristãs autênticas sem tirar a capa de "proteção" contra os desafios ou mesmo riscos inerentes do cristão ou, em outras palavras, "sem se molharem" (ver lições de Iguaçu). Quantas pessoas estão nas proximidades da Fonte da luz, mas vivem em trevas, sob capas diversas que não escondem a sua carência profunda de Deus! Quantas vivem uma vida cristã de fachada, sem penetrar nos mistérios da fé e sem sentir a efervescência do real viver cristão que o Espírito Santo nos pode - e quer - dar. Quantas igrejas navegam em um rio estreito e sem peixes, enquanto que poderiam experimentar no seu curso cachoeiras que podem ser também símbolos do avivamento!

As palavras do hino de William Booth, o fundador do Exército de Salvação, podem ser o trampolim de que necessitam:

No som returmbante das ondas do mar/ que atinge o meu ser e o faz exultar/escuto o chamado do grande Eu Sou/e mergulho nas águas e salvo estou!

Retire a sua "capa de prote
ção" e ouse, pela fé, tal mergulho!

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Cataratas do Iguaçu, na fronteira Brasil-Argentina.

Lendo e meditando sobre o Criador diante de uma fantástica obra da criação!

Quando viemos pela primeira vez morar na Finlândia, país de minha esposa, levei minha família para conhecer as cataratas do Iguaçu, com a intenção de que os filhos adolescentes levassem consigo a recordação de um lugar belo, forte e imponente do nosso amado Brasil, terra onde nasceram. Devido aos poucos recursos financeiros, hospedamo-nos em um hoteleco na cidade de Foz do Iguaçu que, pela umidade, vertia água pelas paredes. Brincamos que "as cachoeiras começavam ali"! Por força das circunstâncias não fizemos turismo caro, como andar de barco próximo às quedas ou mesmo de helicóptero para vê-las do ar.


Quando visitou Iguaçu, ao contemplar a queda das águas, Eleanor Roosevelt exclamou maravilhada: “Pobre Niagara!”, atribuindo superioridade às cataratas que contemplava. Outras personalidades também têm visitado este espetáculo da natureza.~

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Escolher entre o lado mais belo, se o "lado brasileiro” ou o "lado argentino”, é uma decisão da qual nenhum visitante pode fugir. Naturalmente, as cataratas formam um todo de beleza que o rio Iguaçu proporciona, mas aproveito-me do tradicional comentário para extrair a lição espiritual que as águas me trouxeram.


O "lado brasileiro" é o lado da CONTEMPLACÃO. Podemos ficar horas admirando a beleza que a natureza formou ou meditando na grandeza do Criador. Ali abrimos a Bíblia para ler um salmo que fala dessas grandezas. As fotos mais conhecidas das cataratas do Iguaçu são tiradas no “lado brasileiro” ou a partir dele.


O “lado argentino” é o lado da PARTICIPACÃO. Ao andar por passarelas, pontes, matas e até debaixo das cachoeiras, o visitante ouve o barulho ensurdecedor das quedas, toca nas águas e seguramente não escapará de ficar ensopado em meio às tantas belezas aquáticas.


A família ensopada no lado argentino.

Penso que o mesmo acontece com relação ao reino de Deus. A pessoa pode ficar do lado de fora do mesmo, contemplando-o, tornando-se eterna simpatizante de tudo o que diga respeito a ele e teoricamente até bem entrosada; no coração, porém, sempre distante e reticente quanto a um envolvimento que possa levá-la a um comprometimento sincero e total. Outra coisa é lançarmo-nos à prática de tudo o que se relacione com o reino de Deus, adentrarmos obedientes ao chamado divino, aventurarmo-nos nas pontes balouçantes da fé, beirarmos ilesos os abismos das trevas ou então nos ensoparmos no amor de Deus em um envolvimento total e maravilhoso, “tomados de toda a plenitude de Deus”. 
Leia Efésios 3:14-21.


O hino escrito por William Booth, citado anteriormente, é um crescendo da contemplação do mar da graça ao mergulhar em suas benditas águas. De que lado você está? É, sem dúvida, uma questão de decisão pessoal.

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Senhor, eu vim me arrastando pelo chão árido, buscando a Ti,
sem nenhuma confiança, com meu copo vazio,
para suplicar uma gotazinha de refrigério.

Mas se eu tivesse sabido melhor o que Tu és,
teria vindo, a correr, com um cântaro!

N.Spiebelberger

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