Uma palavra oportuna (sobre PROSPERIDADE)
"Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono."
Por certo foi um motorista cristão quem escreveu o pensamento no pára-choque do seu caminhão. Penso às vezes naquele caminhoneiro, conduzindo o seu pesado veículo pelas perigosas rodovias do nosso país. Na carroceria, uma carga valiosa que não lhe pertence; ao longo das estradas que percorre, terras e plantacões, casas ou mansões, fazendas ou fábricas... de outrem. Cansado talvez de nada possuir - será seu o caminhão? - escreveu o pensamento que lhe conforta e motiva a prosseguir.
O apóstolo Paulo - nome que significa pequeno, diminuto - considerava-se não o maior, porém o menor de todos os santos, reconhecendo o privilégio que lhe havia sido dado "de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo" (Efésios 3: 8).
Para muitos, ser abencoado por Deus significa possuir riquezas materiais. É um "outro evangelho" que está sendo pregado em muitas igrejas, infelizmente, que pouco tem a ver com o puro Evangelho. Se no passado tudo convergia ao céu, lugar das recompensas, hoje o céu tem sido abolido das pregacões e mesmo dos coros (louvor), que enfatizam o receber a vitória e a recompensa neste mundo, "de preferência com uma conta bancária volumosa"...
Diante disso, como explicar o sermão do monte, onde para Jesus os bem-aventurados são os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justica, os misericordiosos, os limpos de coracão, os pacificadores, os perseguidos por causa da justica (Mateus 5), e mesmo os nomes na galeria dos heróis da fé do livro de Hebreus e os mártires do cristianismo? "Então disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus... é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha..." (Mateus 19:23,24), advertindo contra a riqueza mal administrada que se esquece dos pobres.
Li certa vez que David Young Cho lamentava o fato de que seus livros sobre prosperidade haviam sido tão mal-interpretados no Ocidente, uma vez que no idioma coreano na palavra prosperidade estão embutidos saúde, paz, união familiar, ser bem-sucedido material e espiritualmente etc. Sendo traduzidos para o inglês, seus livros tomaram outra direcão para alimentar mais e mais o então ameacado "American dream". E o Brasil, que infelizmente importa como "coisa boa" tudo que é made in USA, o fez também com relacão à prosperidade, e hoje pregam que a "bêncão de Deus caminha junto com as riquezas materiais", gerando heresias, problemas e escândalos, para vergonha do Evangelho. E nos lembramos do que falou Jesus, "... é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo" (Mateus 18:7).
É só procurarmos a palavra "riqueza" em uma chave-bíblica para concluirmos a sua conotacão no Novo Testamento: nos evangelhos é invariavelmente motivo de censura por parte do Senhor Jesus; nos demais livros e epístolas, riqueza tem um sentido puramente espiritual. A riqueza da glória, da graca, do conhecimento de Deus, essa, sim, é a riqueza que devemos almejar. Consegui-la está ao nosso alcance se formos verdadeiramente os filhos do Dono.
"Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus!" (Romanos 11:33)