Pr. Martin Luther King: "Batida à Meia-Noite".
Diante dos recentes tumultos raciais nos Estados Unidos, lembrei-me do Pastor Martin Luther King, assassinado no ano de 1968, e de seu sermão aqui publicado.
Sejam abençoados ao lê-lo e a divulgarem-no!
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Batida à Meia-Noite
Qual dentre vós, tendo um amigo e este for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me e eu nada tenho que lhe oferecer?
Lucas 11:5-6
Apesar de tratar-se nesta parábola do poder da oração perseverante, ela pode servir de base para refletir sobre os muitos problemas do mundo atual e a parte que toca à Igreja na aclaração deles. É meia-noite na parábola; é também no mundo, e a escuridão é tão profunda que quase não enxergamos a direção que devemos tomar.
É meia-noite em relação à sociedade
Num plano internacional vemos os povos empenhados em luta gigantesca e exasperada pela supremacia do poder. Duas guerras mundiais tiveram lugar numa geração e as nuvens de uma terceira pairam ameaçadoramente baixas. O homem possui agora armas atômicas e nucleares que, em poucos segundos, podem arrasar totalmente as maiores cidades do mundo. No entanto, a rivalidade nos preparativos bélicos continuam, e a experiência com bombas atômicas ainda são realizadas na atmosfera, com a perspectiva sombria de ser envenenado o ar que respiramos, pela radioatividade. Será que essas condições e essas armas poderão causar a destruição da raça humana?
A meia-noite exterior da vida do homem em sociedade tem relação com a meia-noite em sua vida interior pessoal.
É a meia-noite com respeito à psicologia. Durante o dia e a noite, em todo o lugar, os homens são perseguidos por um medo paralizante. Grandes nuvens de pavor e desânimo obscurecem o nosso céu espiritual. Atualmente mais pessoas têm perdido seu equilíbrio espiritual do que em qualquer outra época da história humana. As salas psiquiátricas dos nossos hospitais estão superlotadas e os psicólogos mais procurados são os psicanalistas.
É meia-noite também em relação à moral.
À meia-noite as cores perdem sua distinção e tornam-se cinzentas. Os princípios morais perderam sua característica. O homem moderno considera absolutamente certo e absolutamente errado o que a maioria faz. O certo e o errado depende das inclinações e hábitos das comunidades em particular. Sem o saber estamos impregnando, no campo moral e ético, a teoria da relatividade de Einstein que descreve claramente o universo físico.
A meia-noite é a hora na qual o homem procura desesperadamente observar o décimo-primeiro mandamento: "Não te deixes apanhar". Segundo a moral da meia noite, o pecado capital é ser apanhado e a virtude capital escapar. Julga-se perfeitamente lícito mentir, contanto que seja com "classe". É perfeitamente normal roubar contanto que seja feito de maneira tal que a acusação, caso for apanhado na falsificação, não seja classificada como sendo roubo. Até é admissível odiar, contanto que o ódio seja cercado com o manto do amor, fazendo crer que o ódio é amor. A doutrina de Darwin, da sobrevivência dos mais fortes, foi melhorada com a filosofia dos astutos. Esta maneira de pensar foi a causa do desmoronamento trágico dos valores morais, e a meia-noite do fim da moral está sempre perto.
Como na parábola, assim a densa escuridão da meia-noite em nosso mundo é interrompida pelo ruído de uma batida.
Milhões de pessoas batem na porta das igrejas. Sentem elas que a Igreja ainda tem a resposta à confusão que as cerca na vida. Ela continua sendo o lugar para o qual o viajante cansado alcança à meia-noite. Ela é a casa, edificada no lugar onde sempre esteve, a casa à qual o viajante vem, ou se abstém de vir, à meia-noite. Alguns resolvem não vir. Mas as multidões que chegam e batem procuram desesperadamente uma pequena chance para se manterem flutuando por cima da água.
Quando o homem da parábola bateu à porta de seu amigo, pedindo três pães, recebeu a resposta impaciente: "Não me importunes; a porta já está fechada e os meus filhos comigo também já estão dormindo, não posso levantar-me para tos dar." Quantas vezes os homens têm tido desapontamentos semelhantes ao baterem na porta da Igreja à meia-noite!
Na parábola vemos que o homem, apesar do desapontamento inicial, não parou de bater na porta de seu amigo. Pela sua insistência e obstinação ele conseguiu que seu amigo finalmente lhe abrisse a porta. Muita gente continua batendo na porta da Igreja, à meia-noite, por saber que lá encontra o Pão da Vida. A Igreja tem o dever de anunciar o Filho de Deus, Jesus Cristo, como a esperança dos homens em todas as suas múltiplas necessidades pessoais e sociais. Muitos virão para obter uma resposta aos seus problemas da vida.
Muitos jovens batem à porta à meia-noite por estarem desorientados pelas incertezas da vida.
Muitos estão confusos pelas decepções diárias e indiferentes pelas várias interpretações da História. Alguns dos que chegam foram afastados dos seus estudos ou empregos para servirem à pátria. Devemos equipá-los com o pão fresquinho da esperança e enchê-los com a convicção de que Deus tem o poder de tornar o mal em bem. Outros que vêm estão possuídos de um senso de culpa que tem origem nas suas andanças pela meia-noite do relativismo ético e na doutrina da auto-realização. É nosso dever conduzi-los a Quem lhes oferece o pão do perdão. Ainda outros que chegam, são atormentados pelo medo da morte, ao se aproximarem do ocaso da vida. Devemos oferecer-lhes o pão da fé na imortalidade, a fim de que reconheçam que a vida terrena é apenas uma introdução imperfeita para um novo despertar.
Muitos jovens batem à porta à meia-noite por estarem desorientados pelas incertezas da vida.
Muitos estão confusos pelas decepções diárias e indiferentes pelas várias interpretações da História. Alguns dos que chegam foram afastados dos seus estudos ou empregos para servirem à pátria. Devemos equipá-los com o pão fresquinho da esperança e enchê-los com a convicção de que Deus tem o poder de tornar o mal em bem. Outros que vêm estão possuídos de um senso de culpa que tem origem nas suas andanças pela meia-noite do relativismo ético e na doutrina da auto-realização. É nosso dever conduzi-los a Quem lhes oferece o pão do perdão. Ainda outros que chegam, são atormentados pelo medo da morte, ao se aproximarem do ocaso da vida. Devemos oferecer-lhes o pão da fé na imortalidade, a fim de que reconheçam que a vida terrena é apenas uma introdução imperfeita para um novo despertar.
À meia-noite é uma hora inquietante na qual se torna muito difícil ser cristão genuíno.
A palavra melhor que a Igreja pode pronunciar é que a meia-noite não durará para sempre. O viajante cansado que à meia-noite vem pedir pão, anseia realmente pelo amanhecer do dia. Nossa mensagem eterna de esperança é que o dia amanhecerá por certo. A fé do amanhecer vem da crença de que Deus é bom e justo. Quem assim crê sabe que as contradições da vida não são nem determinantes nem finais. Ele pode atravessar a escuridão da noite com a certeza de que todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus.
Até mesmo uma meia-noite sem estrelas pode prenunciar o amanhecer de uma grande realização.
Até mesmo uma meia-noite sem estrelas pode prenunciar o amanhecer de uma grande realização.
Amém.
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