Gilbert Abadie foi o chefe nacional de nossa obra
dos anos de 1957 a 1965, período em que nossa
trabalho conheceu um grande avanço. Tendo
ingressado no Exército em 1962, cheguei a
conhecê-lo pessoalmente, inclusive visitando o
casal em sua aposentoria na Inglaterra.
Abadie, sentado, aparece com sua esposa, à
direita Bruno Behrendt e sua esposa, que o
sucedeu na liderança da obra no Brasil, e também
Carl Eliasen, o diretor do Colégio de Cadetes, que
preparava oficiais; na sessão de 1964-1965 entre
esses cadetes eu.
Tendo sido militar no exército francês durante a
Segunda Guerra Mundial, Abadie foi feito
prisioneiro dos alemães. Ele aproveitou esse
tempo para testemunhar de sua fé cristã, meditar,
celebrar cultos para os seus companheiros de
infortúnio, estudar a Bíblia e aprender noções
básicas do grego. Um dos seus escritos resumido
sobre experiências como prisioneiro pode ser lido
abaixo:
"Havia no campo um grupo de prisioneiros
evangélicos, cerca de 150 homens. Deus havia
colocado nos seus corações o desejo de ganhar
seus companheiros de cativeiro para Cristo. O
Natal era uma oportunidade de aumentar o círculo
dessa congregação peculiar, onde não havia
mulheres nem crianças.
Naquele Natal de 1944, esses desventurados
cristãos tomaram uma decisão que parecia sem
sentido: cada um deles convidaria um camarada
não-pertencente à fé evangélica e ofereceria
minúsculos sanduíches e um copo de leite com
chocolate. Jamais esquecerei esse encontro onde
foi demonstrado
o amor cristão pelos demais com o triunfo sobre
o egoísmo. Quando os convidados saíram, uma
estranha alegria, doce e agradável, reinou
entre eles. Foi uma celebração
natalina em que o próprio Cristo esteve presente."
Bruno Behrendt, que já trabalhava como
missionário no Brasil durante a guerra, contava-
nos que sua mãe, salvacionista na Alemanha, em
meio às privações inimagináveis, procurava
cascas de batata para fazer
sopa para os miseráveis. Na gestão de Behrendt,
fui nomeado, em 1966, certamente pelo meu
sobrenome alemão, para a cidade de Joinville-SC.
Gerben Stelstra, um oficial salvacionista
holandês, recorda-se do Natal de 1945, em
Lubeck, Alemanha, poucos meses após o fim da
guerra.
"Comprimidos dentro de seus barracos, os
refugiados não conseguiam aquecer-se e nada
lembrava o Natal de outros tempos. No ar, o
cheiro da iluminaçãoa gas e de desinfetante.
Amontoados, poloneses, iugoslávos, húngaros,
russos; os escandinavos e os holandeses
procuravam qualquer enfeite para decorar o
ambiente.
Os luteranos descobriram um pequeno arbusto
que escapara do fogo e o enfeitaram.
O lugar onde festejaríamos o Natal seria em um
pequeno Corpo salvacionista em Lubeck,
milagrosamente ainda em pé, outrora um salão
relevante, agora com as portas e janelas em
pedaços ou faltando totalmente,
pelas quais passava o frio intenso. Na plataforma,
uma espécie de fanfarra composta por homens
usando uniformes esquisitos da Wehrmacht, cujas
insígnias
haviam sido descosturadas,
juntavam-se a salvacionistas britânicos e
canadenses. No salão, prisioneiros de guerra,
soldados das forças de ocupação e refugiados
esfarrapados cantavam "Noite de paz, noite de
amor", enquanto uma luz tênue de pobres velas
iluminava de forma estranha os rostos sofridos
daqueles homens e mulheres.
Enquanto cantávamos o hino,
trouxeram uma dezena de homens em cadeiras de
para o lugar reservado na frente do salão. A
reuniãoprosseguia. Eu me exercitava
constantemente na mensagem bíblica, pois
serviria de intérprete simultâneo.
O momento crucial foi o fim da reunião, na hora
em que se deu a oportunidade para pessoas virem
à frente orar.
Ali, miraculosamente, meu ódio foi eliminado. Um
piloto da Luftwaffe, com as duas pernas
amputadas, fez-me sinal para que alguém fosse
orar à frente junto com ele.
Ajoelhar-se, como é o costume, seria impossível
para ele, pois não tinha mais seus joelhos. Dirigi-
me até sua cadeira
de rodas e orei com ele. Assim, o Senhor derreteu
o meu rancor como o sol a neve. Foi um momento
santo e inesquecível no Natal de 1945 e sempre
que dele me recordo a emoção me abala.
1983. Trabalhávamos Anneli e eu no
departamento editorial do quartel nacional em
Paulo, quando o Exército
de Salvação do Brasil recebeu a visita de um
oficial de nacionalidade alemã e de sua esposa,
que é vista na foto sendo interpretada, do inglês
para o português, por minha esposa.
Meu sogro, à esquerda, era o segundo em chefe e
Carl Eliasen, à direita, na época o lider nacional de
nossa obra, proveu-me de uma interessante
história contada pelo visitante:
"Tte. Coronel Flade e Sra. Dona Ursula, excelentes
visitaantes que contaram histórias maravilhosas.
Os visitantes internacionais que passaram pela
guerra estavam do lado dos aliados, assim foi
muito bom ouvir também algo 'do outro lado'.
O Coronel Flade contou-nos que como jovem
oficial salvacionista teve que servir no exército militar alemão.
Devido às suas convicções, foi destacado ao
corpo de enfermeiros. Certa vez, quando
trabalhava em uma enfermaria, escutou um
que vinha de uma cama onde um soldado
feerido, das forças aliadas, estava
deitado. Tratava-s da melodia de
um coro cantado no Exército de Salvação no
mundo inteiro,
digamos: “Sou feliz, sou soldado nas fileiras
de Cristo”...
Flade respondeu, assobiando a continuação do
coro:
“Aleluia! Sou feliz ...” – Logo veio do leito o eco
final: “Sou soldado de Jesus!”. Estabeleceu-se
assim um contato, quando ambos identificaram-
se como salvacionistas,
e surgiu uma maravilhosa comunhão, embora, por
estaremem campos contrários, tivessem que
tomar cuidado, pois
eram vigiados, particularmente pelo médico-
chefe da equipe nazista.”
.
Em 1973, com um grupo de colegas de 25 países o Colégio Internacional para Oficiais (ICO) em Londres,
visitamos certo dia a cidade de Coventry, a famosa cidade
de Lady Godiva. Momento tocante foi a visita à catedral
de Coventry, cujas ruínas dos bombardeios ñazistas
foram preservadas e situam-se ao lado da nova e moderna
catedral. No altar, atrás de uma cruz tosca, as palavras de Jesus: "Pai, perdoa..."
Na foto, tomada no final do curso, apareço com o chefe mundial do The Salvation Army, na época o sueco Erik Wickberg. Anos mais tarde na revista "O Oficial", publiquei uma história ligada a ele e intitulada "O Serviço 'Secreto' do General Wickberg":
"Foi em 1933 e o capitão Wickberg, de 29 anos,
trabalhava na Áustria. Naquela época, o trabalho
salvacionista na Áustria era supervisionado pela Alemanha,
com o quartel-general em Berlim. Devido à tensão existente
antes do Anschluss, quando Hitler invadiu a Áustria, não
era fácil para os alemães obterem vistos de saída.
Sendo que Wickberg possuía o passaporte sueco, de
um país neutro, foi-lhe pedido por seu superior realizar
uma tarefa delicada que exigia coragem.
"Certos rumores precisavam ser investigados e decisões
importantes deveriam ser tomadas. Como o contato com
Berlim não seria possível, Wickberg foi a Viena no lugar de
seu líder, com a autoridade da sede da obra em Londres para
apoiá-lo. E assim os temores foram confirmados. Descobriu-se
que um tenente salvacionista era membro do
partido nazista e usava o uniforme das tropas de storm.
Wickberg imediatamente desfez a nomeação do tenente
e o enviou para casa, na Alemanha, no primeiro trem disponível."
Em 1933, Adolf Hitler chega ao poder na Alemanha. Einstein, judeu, encontra-se agora em perigo. É avisado por amigos
de que há planos para o seu assassinato e é aconselhado a fugir. Einstein renuncia mais uma vez à cidadania alemã.
A 7 de outubro de 1933, Einstein parte do porto de Southampton em um navio para os Estados Unidos, o seu novo lar.
Nesta rara foto ele posa junto a uma banda do Exército de Salvação de Los Angeles na Rose Parade, em Pasadena-CA. Albert Einstein (1879-1955) declarou: "Sem a convição de uma harmonia íntima do universo, não poderia haver ciência".
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2a. parte
A foto é a oficial do cinquentenário do Curtume Julio Hadler S/A, onde trabalhou meu pai, Darcy Franke, desde os primeiros anos de sua juventude, até chegar à diretoria. Nela ele aparece diante da corbeille do meio, enquanto meu avô, Germano Luiz Franke, e outro tio-avô, Carlos Franke, também são vistos na primeira fila. Entre os operários, muitos descendentes de alemães. No início da guerra, decretado pelo presidente Getúlio Vargas, houve o dia do quebra-quebra a tudo o que fosse de origem alemã, sendo o curtume atingido com grandes perdas materiais, o que meu pai nos contava. Em 1959, o curtume foi também meu primeiro trabalho, como office-boy, até 1964, quando, como auxiliar de contabilidade, parti para o Colégio de Cadetes do Exército de Salvação em São Paulo.
Nasci em 1943, durante a guerra, e nesta foto, uma das únicas que tenho daquele tempo, apareço com minha prima Liana Treptow e minha irmã Neiva, sentada. Costumo comentar que enquanto Hitler berrava seus discursos do outro lado do mundo, eu berrava meu choro infantil no meu berço, certamente à luz de vela, pois no sul do Brasil havia blackouts frequentes durante alguns anos da guerra, diante do temor de bombardeios nazistas.
A "Folha do Brasil", jornal do Rio de Janeiro, edição do dia 21 de agosto de 1938, dos recortes que meu pai nos deixou, há a notícia de que o chanceler Adolf Hitler estava tendo um romance com Winifred Wagner, filha do compositor alemão. Em um ano a guerra começava. Em 2001, em busca de minhas raízes na Alemanha (ver postagem a respeito), visitei em Berlim as ruínas da Gestapo. Aqui, poso ao lado do poster do teólogo-mártir Dietrich Bonhoeffer, que passou por ali antes de ser morto por enforcamento por sua oposição ao nazismo.
De alguma forma, Dietrich foi influenciado pelo Exército de Salvação em sua juventude. Na biografia do grande homem de Deus, Edwin Robertson cita que ele foi muito tocado pela alegria e comprometimento a Jesus Cristo dos salvacionistas durante um congresso em Berlim dirigido pelo general Bramwell Booth, filho do fundador William Booth.Um DVD imperdível, que ganhou o prêmio de melhor filme no festival de Monte Carlo. Uma história verídica de amor, coragem e sacrifício. ____________________________________
L i n k
Minhas visitas aos campos de concentração de Auschwitz-Birkenau, Treblinka e Sobibor, na Polônia, Bergen Belsen, na Alemanha, e Therezin, na República Tcheca:
Paulo Franke: ReveR - Campos de concentracão nazistas visitados
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ReveR de amanhã:
2 meditacões de meu livro "Edificacão Diária"
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